sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Cresce mortalidade por câncer no CE

Conforme o Atlas de Mortalidade por Câncer do Brasil, em dez anos, as neoplasias de brônquios e pulmões no Ceará vêm registrando taxas de mortalidade crescentes a cada ano, já se consolidando na segunda posição entre os tumores mais fatais
Conforme o Atlas de Mortalidade por Câncer do Brasil, em dez anos, as neoplasias de brônquios e pulmões no Ceará vêm registrando taxas de mortalidade crescentes a cada ano, já se consolidando na segunda posição entre os tumores mais fatais
Ontem foi a data em que os esforços de órgãos de saúde em todo o Brasil concentram-se na tarefa de ampliar o conhecimento e a conscientização da sociedade a respeito do câncer. O calendário marcava 27 de novembro, o Dia Nacional de Combate ao Câncer. Nos últimos anos, os avanços no tratamento da doença foram notáveis, mas em termos de prevenção e diagnóstico, ainda há muito a progredir. E esses dois fatores foram determinantes no aumento das taxas de mortalidade ocasionado por alguns tipos de tumor no Ceará, em especial os de brônquios e pulmões.
A informação foi revelada no Atlas de Mortalidade por Câncer do Brasil, levantamento divulgado nesta semana pelo Ministério da Saúde e pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca). Segundo o documento, em um período de 10 anos, de 2002 a 2012, quase todos os cânceres de maior incidência entre os cearenses, como o de mama, próstata e estômago, tiveram alta no risco de morte, apresentando leves variações anuais, mas mantendo a média.

No entanto, no mesmo intervalo de tempo, as neoplasias de brônquios e pulmões vêm registrando taxas de mortalidade crescentes a cada ano, já se consolidando na segunda posição entre os tumores mais fatais tanto em homens quanto em mulheres. Em 2002, a taxa de óbito relacionada aos tumores entre a população masculina era de 8,86 para cada 100 mil homens. Dez anos depois, em 2012, este número chegou a 12,22.
Preocupante
Entre a população feminina, a elevação foi ainda mais preocupante. Passou de 5,06 mortes para cada 100 mil mulheres em 2002, para 9,20 em 2012. O motivo do aumento não é surpresa, segundo Reginaldo Costa, superintendente clínico do Instituto do Câncer do Ceará (ICC). De acordo com o médico, o tabagismo está por trás da grande maioria dos casos de carcinomas brônquicos e pulmonares.
Ele explica que, ao mesmo tempo em que novos remédios e terapias foram criados para conter a doença, muito pouco se fez para tentar preveni-la. "Ao contrário do câncer de próstata, por exemplo, vemos poucas campanhas para parar de fumar", diz.
O aumento considerável da mortalidade feminina pode ser atribuída, conforme o superintendente, à disseminação do fumo entre as mulheres, consequência indireta de sua ascensão e emancipação social e financeira na sociedade. De acordo com informações do Inca, as mulheres fumantes de dois ou mais maços de cigarro por dia têm 20 vezes mais chances de morrer de câncer de pulmão do que as que não fumam.
O Atlas da Mortalidade por Câncer foi atualizado nos meses de julho e agosto deste ano. No documento, estão catalogados dados desde 1979 até 2012. O levantamento aponta que, no Ceará, os cinco cânceres mais comuns no sexo feminino em 2012 foram de mama, brônquios e pulmões, estômago, cólon de útero, e fígado e vias biliares intra-hepáticas. Já entre os homens, a neoplasia de próstata é mais frequente, seguida por brônquios e pulmões, estômago, esôfago e laringe.
Destes, conforme o Atlas, apenas os tumores de estômago nos homens e do cólon do útero nas mulheres tiveram redução na taxa de mortalidade em uma década. Todos os outros tipos de câncer ficaram mais fatais. O desafio, segundo Reginaldo Costa, ainda é prevenção, acesso à rede de saúde e diagnóstico precoce.
O superintendente do ICC destaca, contudo, que é importante observar as tendências dos últimos anos. De 2009 em diante, alguns cânceres apresentaram variações para menos, sugerindo que o risco de morte de tumores como o de próstata, por exemplo, pode estar diminuindo. "Hoje, fazer um exames é muito mais fácil do que antigamente e, junto com isso, existe melhora das terapias cirúrgicas e, principalmente, de quimio", frisa.
Vanessa Madeira
Repórter

Nenhum comentário:

Postar um comentário