segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Ceará vive a pior seca dos últimos 60 anos, e 2015 não deve dar trégua

Durante reunião, titular do Ministério da Integração Nacional ressaltou que o governo vem atuando em três frentes para minimizar os problemas ocasionados pela estiagem
Durante reunião, titular do Ministério da Integração Nacional ressaltou que o governo vem atuando em três frentes para minimizar os problemas ocasionados pela estiagem
Bruno Gomes
 
A 100ª Reunião do Comitê Integrado de Combate à Estiagem, realizada na manhã desta segunda-feira (24) no auditório do Corpo de Bombeiros, em Fortaleza, não trouxe boas notícias para o sertajeno. Enquanto o ministro na Integração Nacional, Francisco Teixeira, admitiu que vivemos a pior seca dos últimos 60 anos, o secretário de Desenvolvimento Agrário e presidente do Comitê, Nelson Martins, se disse cético em relação a uma boa quadra chuvosa, embora tenha ressaltado que a previsão oficial só será divulgada em dezembro.
“Somente em dezembro teremos uma posição mais concreta sobre o assunto, mas as previsões, infelizmente, não são boas. Estamos nos preparando para enfrentar o pior cenário”, afirma Nelson.
Sobre a estiagem que afeta a região Sudeste, o ministro Francisco Teixeira se disse preocupado. “Se as chuvas não forem capazes de recarregar o sistema de abastecimento do Sudeste, poderemos ter a maior tragédia de água no Brasil na região”.

Apesar do quadro que se desenha, o ministro Francisco Teixeira garante que a situação é bem mais confortável do que em épocas passadas. “Todos nós nos lembramos da época em que o sertanejo faminto invadia e saqueava o comércio das cidades. Apesar de três anos de estiagem e praticamente entrando no quarto, isso não acontece hoje em dia graças a essa integração entre os governos federal e estaduais que permite a convivência com a seca”.
Transposição
O titular do Ministério da Integração Nacional ressalta que o governo vem atuando em três frentes para minimizar os problemas ocasionados pela estiagem: em ações emergenciais, como a utilização dos carros-pipas; no atendimento à população, através de vários programas sociais, e com obras estruturantes, sendo a maior delas a transposição do Rio São Francisco.
“A transposição está caminhando. Temos 67,5% dos eixos norte e leste concluídos. A previsão é de que até o fim de dezembro cheguemos a 70% . O objetivo é finalizar até o fim de 2015. Emergencialmente, estamos atendendo à população rural com 6.500 carros-pipa”. Questionado em relação à qualidade da água que está sendo ofertada por esse serviço, Teixeira explicou que, “com a seca mais severa a cada ano, os pequenos e médios reservatórios vão ficando sem água. Quanto menos água, mais baixa a qualidade dela”.
Apesar disso, Teixeira garantiu que a operação dos carros-pipas busca prioritariamente água nos grandes reservatórios e realiza a aplicação de cloro ou faz outro tipo de tratamento”. Teixeira contou ainda que, no âmbito das discussões que acontecerão ainda essa semana, está a possibilidade de se implantar estações de tratamento portáteis nos carros-pipa.
O ministro Francisco Teixeira frisou que o Nordeste já tem experiência em lidar com a seca, por isso hoje não sofre tanto. “O Sudeste e o Sul não têm essa cultura e, em apenas um ano de inverno irregular, foram pegos de surpresa com a atual escassez hídrica. É preciso saber conviver com ela, pois as mudanças climáticas já estão tornando os eventos mais extremos. Com a subida da temperatura, as secas se tornarão mais severas. O mesmo acontecerá com as chuvas. Temos que estar preparados para esse período a fim de armazenarmos o máximo de água”.

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