O governador eleito do Ceará, Camilo Santana, recebeu ontem
gestores da Secretaria de Segurança para passar informações sobre a área
FOTO: Bruno Gomes
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O próximo governador do Ceará, Camilo Santana, defendeu a integração de
políticas das principais áreas do governo como mecanismo para tentar
reduzir a violência no Estado. De acordo com o futuro gestor, não é o
numero de policiais que define a eficiência de ações para combater a
insegurança. A entrevista foi concedida ontem, no Palácio da Abolição,
enquanto ocorria reunião da equipe de transição do governo com o
secretário de Segurança Pública, Servilho Paiva, e demais gestores da
pasta.
Mais cedo, Camilo também se reuniu com representantes da Controladoria
Geral de Disciplina, vinculada à Secretaria de Segurança. Com o encontro
de ontem, a equipe de transição já ouviu integrantes de sete
secretarias somente nesta semana.
Ao contrário dos dois primeiros dias, em que as equipes de mais de uma
pasta foram ouvidas, ontem, o debate se deu apenas em torno do problema
da violência no Estado, com a apresentação de dados mais recentes das
ações implantadas pela Secretaria e a divulgação de informações
importantes para o planejamento do novo governo. No entanto, Camilo
Santana não detalhou o teor dos dados que chegaram ao Palácio da
Abolição.
Questionado se a contratação de efetivo policial está entre as
prioridades da próxima gestão, Camilo Santana insistiu ser mais
relevante integrar as ações de governo. "Onde é que está dizendo que tem
que ter x policiais para resolver o problema da criminalidade?",
questionou. "Às vezes investir em tecnologia de inteligência dá muito
mais resultados", completou.
Ostensivas
Na avaliação do governador eleito, concomitantemente a ações ostensivas
para combater a violência, devem ser executadas estratégicas
complementares e de integração, como reforçar a iluminação das ruas,
ampliar as escolas em tempo integral, garantir o monitoramento de
câmeras de segurança 24 horas, além de contar com a parceria de órgãos
como o Ministério Público e Tribunal de Justiça.
"Se tem uma área que não vou medir esforços para que a população se
sinta mais segura é a da segurança, é preciso integrar mais as áreas do
governo. Grande parte do problema se deve ao tráfico de drogas", destaca
Camilo, informando que pretende ampliar o combate ao tráfico, embora
não detalhe que mudanças quer implementar.
Camilo Santana diz que é cedo para comentar o diagnóstico da segurança
pública e ressalta que deverá ser criado um grupo de trabalho para
discutir projetos que devem ter continuidade, além de traçar as
prioridades da próxima gestão. "Algumas áreas precisam ser mantidas. A
ideia é que se crie um grupo de trabalho, essa é uma área delicada,
precisamos analisar todas as políticas públicas, as ações para o próximo
ano", comenta.
Embora os membros da equipes de transição já tenham anunciado, em
entrevistas anteriores, que o primeiro ano de governo deve ser de
controle de gastos, Camilo afirma que vai incluir no seu planejamento as
principais propostas feitas na campanha eleitoral, cortando "gorduras"
da atual gestão, sem informar, porém, quais seriam esses excessos nem o
que se poderia cortar.
"Já são oito anos de governo e se criam gorduras em determinadas áreas.
No final, vamos nos aprofundar nos estudos e tomar medidas necessárias
para o próximo ano", responde. "As medidas que vamos tomar são com base
nos compromissos que fiz na campanha. Triplicar as equipes do Ronda,
levar UPA para todos os municípios com mais de 50 mil habitantes, vou
cumprir as metas para estabelecidas".
Investimentos
Conforme o portal da transparência do Governo do Estado, só neste ano
já foram gastos mais de R$ 1,5 bilhão com a segurança pública de quase
R$ 2 bilhões programados. Sobre a falta de resultados dos investimentos
na área nos últimos anos, Camilo Santana transfere a problemática da
insegurança para o âmbito nacional. "Esse não é problema só do Ceará,
mas de outras capitais (...) Eu fico imaginando se não houvesse esses
investimentos, como estaria o Estado do Ceará hoje", declara.
Durante a entrevista, Camilo salientou por duas vezes os resultados do
programa Em Defesa da Vida, iniciativa do atual secretário de Segurança,
Servilho Paiva. "Enquanto não combatermos a causa da violência, dando
oportunidade aos jovens, vamos continuar nessa", alega.
A equipe de transição não tem reunião prevista para hoje, mas retorna
com as atividades já na próxima segunda-feira. O cronograma de quais
pastas serão ouvidas na próxima semana não foi totalmente definido, pois
está sujeito a alterações, mas o planejamento preliminar é debater com
representantes das secretarias da Educação, Recursos Hídricos, Saúde,
Infraestrutura, Desenvolvimento Agrário e Pesca.
A intenção do grupo de transição é reunir, neste período,
representantes das 27 secretarias estaduais. A expectativa é que os
encontros sejam concluídos até 5 de dezembro. Nesta semana, já foram
ouvidos os titulares das secretarias das Cidades, do Turismo, do
Esportes, da Fazenda, de Planejamento e Gestão, além da Controladoria
Geral do Estado.
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