![]() |
| Petista, sobre possível disputa à Presidência da Câmara: "Alguns companheiros falam o meu nome" |
Vice-presidente nacional do PT, o deputado federal José Guimarães
afirma que o partido ganhou este ano sua “última chance” no comando do
Governo Federal brasileiro. Segundo ele, é hora de petistas “ouvirem
recado das urnas” e promoverem mudanças necessárias ao País. Caso
contrário, avalia o deputado, partido não terá êxito na sucessão
nacional de 2018.
“Temos
que fazer mudanças profundas, senão não teremos chance nem se o Lula
voltar. A sociedade vai exigir muito mais do nosso governo agora do que
exigiu”, disse o petista, em entrevista exclusiva durante visita, na
manhã de ontem, à sede do O POVO.
Segundo
Guimarães, cobrança maior em cima do partido é “natural”. “Doze anos
não são doze dias. É uma geração, nunca na República tivemos um partido
governando por tanto tempo. Então temos que ouvir esse recado e promover
reformas”, disse.
Cid ministro
Durante
a conversa, José Guimarães também destacou que a presidente precisa
“incorporar novas forças políticas” em seu governo. Segundo o petista,
essa mudança estaria representada sobretudo em Cid Gomes (Pros), que
poderia ser indicado ou para o ministério das Cidades ou da Educação.
“Ele
deveria ser ministro, até pela fidelidade ao PT. Temos hoje duas
grandes fidelidades no Ceará. A do Cid com a Dilma, e a do PT do Estado
com Cid (...) e ele tem que ter presença nos ministérios. Acho que em
qualquer uma das pastas, ou Educação ou Cidades”, reforça.
Falando
sobre o Ceará, Guimarães reforçou que Camilo Santana (PT) será
“governador do PT” e que o partido será estratégico na gestão do Estado.
“Há uma fofoca de que o partido não terá espaço no governo, o que não é
verdade. Seremos prioritários, e isso não tem a ver com cargos ou
secretários, é o projeto”.
Confira, a seguir, os melhores trechos da entrevista com o deputado federal.
O POVO - Como o PT sai da disputa eleitoral deste ano?
José Guimarães
- O Brasil deu a última chance ao PT, do ponto de vista do governo
central. Temos que fazer mudanças profundas, senão não teremos chance
nem se o Lula voltar. A sociedade vai exigir muito mais do nosso governo
agora do que exigiu no passado. Temos que fazer pactos para
governabilidade. Mas com a população, não pode ser só com o Congresso.
OP - Por que ocorreria essa exigência maior?
Guimarães
- É natural, doze anos não são doze dias. É uma geração, nunca na
República tivemos um partido governando por tanto tempo. Então temos que
ouvir esse recado e promover reformas. Estamos quase no que foi o ciclo
do Tasso no Ceará, que foram 20 anos, ou do PSDB em São Paulo, onde
eles estão há mais de vinte anos. Não acho que o projeto do PT esteja em
jogo, mas a questão do governo central, sim.
OP - Essa mudança passaria por uma alteração na relação com o Congresso Nacional?
Guimarães
- Querendo ou não o PMDB, eu defendo que se repense esse
presidencialismo de coalizão, essa relação muitas vezes delicada, muitas
vezes não levando em conta o ponto de vista da sociedade, da pressão
desmedida, descabida, do tipo de conduta tipo quando, muitas vezes, a
base aliada vota contra o governo. Temos que refazer isso. Prefiro uma
base menor, mas com mais consistência programática.
OP - Como o PT enxerga candidatura de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), crítico de Dilma, à presidência da Câmara?
Guimarães
- O partido tem que fazer “concertação” na Câmara, retomar o diálogo e
apresentar um nome, que pode ser ou não do PT. Tem que chamar a oposição
para conversar e construir um entendimento. Temos que fugir desse
ringue que a candidatura do Cunha quer nos colocar, essa coisa do “eles
contra nós”. Nós queremos outra visão do parlamento, de plano.
OP - Mas Cunha é líder do PMDB, partido com mais votos...
Guimarães
- Essa base do PMDB não é maior da Casa, isso não é verdade, é coisa
que a imprensa fica divulgando. O líder que vai para reuniões, no caso o
Cunha, nem sempre comanda a bancada toda. Nós do PT temos ampla
presença, por exemplo, no PR, no PTB, em outros partidos. Aprendi uma
coisa na política, que é que quem anda rápido, come cru. Essa disputa
está muito longe.
OP - O PT pode lançar candidato para disputar contra Cunha?
Guimarães
- Acho que temos que fugir dessa polarização. Melhor dialogar com o
parlamento, ver o que pode ser feito de consenso. A palavra é diálogo.
OP - O senhor se coloca como candidato à Presidência da Câmara dos Deputados?
Guimarães
- Alguns companheiros falam o meu nome. Mas não estou em campanha.
Minha função é desobstruir o caminho, vou seguir o que a Dilma e o meu
partido disser.
OP - O PMDB pode ficar no comando da Câmara e Senado?
Guimarães
- Isso não é bom para o parlamento. O parlamento é plural, não pode ser
hegemonizado por um partido. E hoje acho que não acontece nada no
Senado que não seja comandado pelo Renan Calheiros (PMDB-AL).
OP - E como será participação do PT no governo de Camilo?
Guimarães
- Nem o Pros, nem PT, nem demais partidos vão ter menos peso. Nossa
preocupação não é ter peso no secretariado, mesmo não tendo nada
definido, mas vamos ter papel decisivo na formulação de estratégias.
Todo o resto é só fofoca, não é verdade.
Carlos Mazza
carlosmazza@opovo.com.br

Nenhum comentário:
Postar um comentário