Integrantes do Comitê dizem que o Ceará enfrenta pior seca em 50 anos
FOTO: WALESKA SANTIAGO
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Fortaleza. Em meio à crise de abastecimento hídrico
provocada pelo terceiro ano consecutivo de seca no Estado, novas
tecnologias de obtenção de água limpa surgem como alternativas para
amenizar os efeitos da falta de chuva. As novidades foram apresentadas
ontem, durante a reunião semanal do Comitê Integrado de Convivência com a
Seca, pelo pesquisador Luewton Agostinho Lemos, da Universidade
Holandesa NHL Hogeschool.
Entre os sistemas apresentados como opção para o enfrento à falta
d'água estão desumidificadores (que retiram a umidade relativa do ar e a
convertem em água) e dessalinizadores. "Temos a intenção de mostrar
todas as possibilidades que desenvolvemos, tentando chamar a atenção
para qual dessas soluções é mais indicada à realidade do Estado",
observa Lemos.
De acordo com o pesquisador, os produtos são desenvolvidos seguindo o
"modelo de pesquisa holandês", que alia poder público, universidade e
iniciativa privada, em prol da elaboração de novas tecnologias visando
às demandas da sociedade.
"Todas as pesquisas estão em fase madura, já tendo eficácia comprovada,
havendo superado a etapa de experiência. Nós já temos bons resultados
com sistemas implantados em países como Haiti, Moçambique e Quênia",
argumenta.
Segundo Lemos, que nasceu no Ceará e hoje é radicado na Holanda, país
no qual concluiu doutorado em Tecnologias da Água, é necessário trazer a
discussão para o Comitê para que haja uma avaliação conjunta de todas
as opções e, no caso de alguma delas ser escolhida, montar um plano de
ação.
Os principais desafios, para o pesquisador, são conseguir operadores
capacitados para lidar com a tecnologia, além de conseguir verba para
adquirir a as inovações. "Se o Comitê decidir que as tecnologias
apresentadas são interessantes, a implementação é rápida, porque todas
já estão desenvolvidas", complementa.
Aceitação
O titular da Secretaria do Desenvolvimento Agrário do Estado do Ceará
(SDA), Nelson Martins, reconduzido desde o início desta semana à gestão
da pasta, acena como possível a parceria com o projeto holandês. "Quanto
mais novas tecnologias nós pudermos adotar, melhor. Aqui no Ceará já
existe a dessalinização, mas temos que procurar todas as alternativas
possíveis", ressalta o secretário.
Segundo a avaliação de Martins, o Estado enfrenta uma das piores secas
dos últimos 50 anos. "As perdas têm sido grandes. Nossa expectativa é
muito forte em relação à estação chuvosa do próximo ano, mas, é claro
que temos que trabalhar prevendo a pior situação, e para isso precisamos
nos precaver", diz.
Entre as ações prometidas pelo secretário para amenizar a situação de
falta de chuvas, estão a perfuração de mais poços e a construção de
outras adutoras nas regiões mais afetadas. "Já estamos acertando com o
futuro governador a compra de mais perfuratrizes, para viabilizar mais
poços nas cidades. Temos muitas cisternas já instaladas no Ceará, que
estão sem água. Precisamos nos esforçar para encher essas cisternas, o
que já melhoraria muito o problema", finaliza o titular da SDA.
Segundo o presidente da Funceme, Eduardo Sávio Martins, ainda não é
possível estabelecer previsão meteorológica para o ano de 2015. "A gente
tem que esperar até dezembro ou janeiro, porque o Oceano Atlântico é
muito dinâmico, muda muito rapidamente", analisa. De acordo com a
temperatura das águas do oceano nesta época do ano é que se pode traçar a
expectativa de chuvas para a quadra invernosa seguinte no Estado do
Ceará. Eduardo recomenda precaução no uso dos recursos hídricos.
Bruno Mota
Repórter
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