São Paulo. Apenas duas semanas após o acidente que
vitimou o presidenciável Eduardo Campos, a ex-vice que foi alçada à
cabeça de chapa, Marina Silva, está mudando totalmente as perspectivas
das eleições presidenciais de outubro. O novo quadro pode fazer Marina
tornar-se vitrine e ser alvo dos ataques das campanhas dos principais
opositores: Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB).
O resultado da última pesquisa Datafolha mostra a ex-ministra do Meio
Ambiente com índice de intenção de votos dez pontos percentuais acima do
de Aécio (19%) no primeiro turno e, em um eventual segundo turno, com
nove pontos percentuais acima de Dilma.
Se as eleições fossem hoje, segundo o Ibope, Marina teria 45% das
intenções de voto contra 36% da petista. Brancos e nulos são 9% e
indecisos, 11%.
Caso o segundo turno fosse contra Aécio, a presidente teria 41% das
intenções de voto contra 35% do tucano. Brancos e nulos são 12% e
indecisos, 12%. O Ibope informou não ter feito a sondagem da hipótese de
passarem para uma segunda etapa do pleito Marina e Aécio.
A candidata do PSB atraiu principalmente eleitores indecisos ou que
planejavam votar em branco e anular o voto. Outro dado positivo para a
candidata é que ela tem a menor rejeição entre os três principais
candidatos, 10% , contra 36% da presidente que busca a reeleição e 18%
de Aécio.
Analistas
A situação mostrada pelo Ibope indica um aumento da probabilidade de
Dilma, Pastor Everaldo e, principalmente, Aécio subirem o tom da
campanha e iniciarem os ataques contra a ascendente candidata, segundo o
cientista político e especialista em pesquisa eleitoral Sidney Kuntz.
Para ele, a tática do ataque é mais urgente para o tucano, que, caso
mantenha-se onde está nas pesquisas, ficará fora do segundo turno. "Hoje
(ontem)ainda não vai ter bombardeio porque as campanhas vão esperar o
resultado do debate e a evolução dos candidatos na próxima pesquisa
eleitoral. Mas se ela (Marina) crescer de novo, com certeza os
adversários irão minar a Marina de todas as formas", afirmou.
A pesquisa mostra, segundo o especialista, que a candidatura de Marina
está se consolidando - a última sondagem do Datafolha já havia mostrado
que ela obteve votos dos eleitores que estavam indecisos ou que
pretendiam anular ou votar em branco.
"Os números levantam uma preocupação extrema para Aécio e, no segundo turno, para Dilma", disse o analista.
Apesar da propensão para o ataque contra a candidata do PSB ser maior
com sua ascensão, Kuntz questiona a tática. "O que a história vem
mostrando é que bater não tem dado resultado em campanhas políticas",
disse.
Ele justifica a afirmação ao lembrar a campanha de 2006, quando,
segundo Kuntz, o candidato do PSDB Geraldo Alckmin caiu nas intenções de
voto assim que começou a intensificar os ataques contra o então
candidato à reeleição Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "Escândalos,
manifestações e debates vingam, mas bater por bater não", resumiu.
Onda
Os números reforçam a "onda Marina", disse Ricardo Ribeiro, analista
político da MCM Consultores. Ribeiro ponderou que o mercado já esperava
dados próximos aos publicados. "Com os números confirmando os rumores,
pode ser que o mercado ainda tenha algum fôlego para subir, mas é
difícil prever", disse. Ele avaliou que agora os demais presidenciáveis
tentarão desconstruir a imagem da candidata do PSB e, por isso, é
preciso esperar próximos eventos da campanha.
A pesquisa Ibope foi realizada entre 23 e 25 de agosto, por encomenda
da Rede Globo e do jornal O Estado de S. Paulo. Foram feitas 2506
entrevistas em todo o País. A margem de erro máxima é de dois pontos
percentuais para mais ou para menos, em um nível de confiança estimado
de 95%. A pesquisa foi registrada na Justiça eleitoral com o número
BR-428/2014.
Avaliação
A boa notícia para Dilma na nova pesquisa foi a oscilação para cima na
avaliação do governo. A ótima/boa passou para 34%, ante 32% em sondagem
anterior, e a ruim/péssima foi a 29%, ante 31%. Ambas as variações
estão, entretanto, no limite da margem de erro do Ibope. A nota
atribuída ao governo também subiu para 5,6, ante 5 da mostra mais
recente. Ainda assim, 48% acreditam que o País está no rumo errado, 43%
consideram que o rumo está certo e 10% não sabem ou não responderam.
Para Guimarães, candidatura está em 'onda midiática'
Brasília. O vice-presidente do PT, deputado federal
José Guimarães (PT-CE), creditou o bom desempenho de Marina Silva (PSB)
na pesquisa Ibope, divulgada no início da noite de ontem a uma "onda
midiática" que, segundo ele, impulsionou a candidatura da ex-ministra
após a morte de Eduardo Campos em um acidente aéreo.
"Depois de todo o massacre midiático e promocional, estamos bem
posicionados", disse Guimarães. "O Brasil não vive dessas ondas",
acrescentou.
Guimarães disse ainda que a vantagem de Marina sobre a presidente no
segundo turno é "reversível" e que o partido vai trabalhar nos próximos
40 dias para reassumir a liderança. Para o parlamentar, a campanha da
petista precisa partir agora para o confronto de ideias com a candidata
do PSB.
"O PSB vai ter que explicar as opiniões (da Marina). Por que ela não
consegue dialogar com o agronegócio e o setor produtivo?", provocou. "É
preciso estabelecer o confronto com as ideias dos candidatos e mostrar
as contradições de cada um".
O vice-presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), adotou um tom
menos otimista e disse que é preciso aguardar para ver se Marina
conseguirá se estabilizar em um patamar elevado. "Não dá para
comemorar", comentou o petista, ao referir-se à distância aberta entre
Marina e Dilma no segundo turno.
Para o petista, o cenário apresentado tira Aécio do segundo turno
porque dificilmente Marina cairá abaixo do patamar alcançado atualmente.
"A primeira vítima é a candidatura do Aécio", declarou.
Para ele, Marina precisará explicar como pretende perseguir um meta de inflação de 3% ao ano a partir de 2019.
Campanha tucana
O coordenador-geral da campanha presidencial do PSDB, senador Agripino
Maia (DEM-RN), admitiu ontem que a vantagem imposta no segundo lugar da
disputa por Marina "inquieta" o ninho tucano.
De pronto, o dirigente afirma, entretanto, que a indicação de vitória
de Marina num segundo turno sobre a presidente Dilma também deverá gerar
reações entre os aliados da petista.
"Não deixa de inquietar a campanha de Aécio Neves mas vai provocar uma
inquietação muito mais profunda nas hostes do PT e no próprio PT. Estão
percebendo a derrota de Dilma", ressaltou Agripino Maia.
Para o coordenador, a pesquisa ainda revela um cenário de comoção dos
eleitores com a morte de Campos. "Os próximos 15 a 20 dias vão ser de
decantação de opiniões", avaliou.
Aliados falam em mudança que eleitores buscavam
Brasília. Aliados da candidata do PSB à Presidência da
República, Marina Silva, avaliam que seu crescimento nas pesquisas
mostra que a ex-senadora representa a mudança que o eleitorado
brasileiro vem buscando.
"Marina se conectou a esse desejo de mudança da população", comentou
Maria Alice Setúbal, uma das coordenadoras do programa de governo da
candidata do PSB. A coordenadora acredita que, em 2010, quando disputou a
Presidência pelo PV, Marina só ganhou ampla divulgação quando
conquistou quase 20 milhões de votos e que agora o eleitor não abrirá
mão de votar na ex-senadora. "Essa subida da Marina não é espuma, como
dizem os que querem desqualificar. Ela já tinha 27% em abril (quando seu
nome ainda aparecia nas pesquisas)", disse a herdeira do banco Itaú.
Os marineiros concordam que a morte de Eduardo Campos em um acidente
aéreo em 13 de agosto trouxe mais atenção dos brasileiros para a
disputa, uma vez que a população ainda estava desconectada do processo.
"A população ao despertar para o processo eleitoral, fez com que Marina
adquirisse sua relevância", concluiu João Paulo Capobianco,
ambientalista que é apoiador de Marina.
Presidenciáveis se enfrentam na TV
São Paulo. A primeira vez que os presidenciáveis se encontraram foi marcada pelo forte embate na televisão. Sete candidatos à Presidência da República participaram, na noite de ontem, do debate na Rede Bandeirantes, em São Paulo. Além da presidente Dilma Rousseff (PT), o confronto contou também com a presença de Marina Silva (PSB), Aécio Neves (PSDB) Pastor Everaldo (PSC), Luciana Genro (PSOL), Eduardo Jorge (PV) e Levy Fidelix (PRTB).
Marina abriu as perguntas e escolheu Dilma Rousseff, perguntando o que deu errado no governo dela, com relação às promessas que fez em campanha. A presidente reagiu, dizendo que tudo deu certo, e falou do pacto pela educação, citando a lei que destina os royalties do petróleo para o setor. “Além disso, fizemos o Mais Médicos”, disse, falando que a cobertura do programa atinge 50 milhões de pessoas em todo o Brasil. “Tivemos o compromisso da estabilidade econômica, a inflação está sendo sistematicamente reduzida”, afirmou, defendendo-se das críticas dos adversários.
Ainda na resposta a Marina, falou do pacto pela reforma política e as ações na área de transportes. Na réplica, a ex-ministra disse que, para resolver os problemas, é preciso reconhecer que eles existem. “Este Brasil que Dilma acaba de mostrar, colorido, quase cinematográfico, não existe na vida das pessoas”, frisou, criticando a penúria na saúde e na educação. Na tréplica, a presidente insistiu no plebiscito para a reforma política.
Dilma, por sua vez, questionou Aécio sobre o governo Fernando Henrique Cardoso e sobre as medidas que o tucano tomaria, conforme vem dizendo. Aécio disse que quem olha pra trás não quer governar para o futuro, destacando que é preciso fazer o Brasil crescer, algo que não ocorre na gestão petista. “Teremos o pior crescimento dentre os nossos vizinhos e o governo que a senhora comanda, infelizmente, deixou de ter credibilidade”, rebateu o tucano.
São Paulo. A primeira vez que os presidenciáveis se encontraram foi marcada pelo forte embate na televisão. Sete candidatos à Presidência da República participaram, na noite de ontem, do debate na Rede Bandeirantes, em São Paulo. Além da presidente Dilma Rousseff (PT), o confronto contou também com a presença de Marina Silva (PSB), Aécio Neves (PSDB) Pastor Everaldo (PSC), Luciana Genro (PSOL), Eduardo Jorge (PV) e Levy Fidelix (PRTB).
Marina abriu as perguntas e escolheu Dilma Rousseff, perguntando o que deu errado no governo dela, com relação às promessas que fez em campanha. A presidente reagiu, dizendo que tudo deu certo, e falou do pacto pela educação, citando a lei que destina os royalties do petróleo para o setor. “Além disso, fizemos o Mais Médicos”, disse, falando que a cobertura do programa atinge 50 milhões de pessoas em todo o Brasil. “Tivemos o compromisso da estabilidade econômica, a inflação está sendo sistematicamente reduzida”, afirmou, defendendo-se das críticas dos adversários.
Ainda na resposta a Marina, falou do pacto pela reforma política e as ações na área de transportes. Na réplica, a ex-ministra disse que, para resolver os problemas, é preciso reconhecer que eles existem. “Este Brasil que Dilma acaba de mostrar, colorido, quase cinematográfico, não existe na vida das pessoas”, frisou, criticando a penúria na saúde e na educação. Na tréplica, a presidente insistiu no plebiscito para a reforma política.
Dilma, por sua vez, questionou Aécio sobre o governo Fernando Henrique Cardoso e sobre as medidas que o tucano tomaria, conforme vem dizendo. Aécio disse que quem olha pra trás não quer governar para o futuro, destacando que é preciso fazer o Brasil crescer, algo que não ocorre na gestão petista. “Teremos o pior crescimento dentre os nossos vizinhos e o governo que a senhora comanda, infelizmente, deixou de ter credibilidade”, rebateu o tucano.
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