Relator do projeto, o senador Valdir Raupp (PMDB-RO) disse que o
Planalto havia se
comprometido com a sanção da proposta sem vetos
Foto: Agência Senado
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Brasília. Num afago aos prefeitos a pouco mais de um
mês das eleições, a presidente Dilma Rousseff (PT) barrou a intenção do
Congresso de viabilizar a criação de novos municípios no país.
A presidente vetou integralmente ontem o projeto de lei que estabelecia
regras para a criação, incorporação, fusão e desmembramento de
municípios - o que abriria caminho para que pelo menos 200 novas cidades
fossem criadas. O governo havia negociado a elaboração do projeto com o
Congresso, uma vez que Dilma já havia vetado versão anterior da
proposta.
Para evitar que o veto fosse derrubado, o Palácio do Planalto elaborou
um novo texto, com algumas mudanças, em conjunto com os líderes
partidários - mas Dilma optou pelo novo veto sem consultar o
Legislativo.
Segundo o governo, a proposta contraria o interesse público ao
representar gastos que colocam em risco o equilíbrio da responsabilidade
fiscal. A mensagem de veto e sua justificativa foram publicadas no
"Diário Oficial" da União ainda ontem.
Congressistas afirmam que Dilma optou por agradar aos atuais prefeitos
que, com a criação de novos municípios, perdem arrecadação do Fundo de
Participação dos Municípios (FPM). Com a ameaça da candidata Marina
Silva (PSB) de vitória sobre Dilma em um eventual segundo turno, como
apontam as pesquisas recentes de intenções de votos, senadores afirmam
que a presidente preferiu atender a uma demanda dos prefeitos - que
podem atuar como "cabos eleitorais" do governo nos municípios que
comandam.
Cobrança
Relator do projeto, o senador Valdir Raupp (PMDB-RO) disse que o
Planalto havia se comprometido a sancionar a proposta sem vetos. "Falei
ontem (anteontem) com a ministra Ideli Salvatti (Direitos Humanos) e ela
me disse que estava tudo certo para a sanção. Foi uma pressão dos
municípios que não concordam em perder percentuais do FPM", afirmou o
peemedebista.
Com a decisão de Dilma, congressistas já se articulam para derrubar o
primeiro veto de Dilma. Se o veto for derrubado, entra em vigor proposta
mais radical que a negociada com o Legislativo, ao contrário do que
defendia o Planalto. "Agora, a tendência é que se derrube o primeiro
veto. Esse segundo projeto foi feito em acordo com os líderes, faz 19
anos que não se cria um município no país", disse.
Como o Congresso está em "recesso branco" até as eleições, a
expectativa é que o veto seja analisado somente após outubro. Há
votações previstas para a semana que vem, mas não deve haver quórum na
Câmara e no Senado para análise do veto.
A decisão sobre vetar a proposta foi do Ministério da Fazenda, segundo a
mensagem publicada no Diário Oficial da União. "Embora se reconheça o
esforço de construção de um texto mais criterioso, a proposta não afasta
o problema da responsabilidade fiscal na federação. Depreende-se que
haverá aumento de despesas com as novas estruturas", diz a mensagem do
ministério.
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