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A esposa de Eduardo, Renata Campos, permaneceu abraçada aos
quatro dos cinco filhos do casal, Maria Eduarda (22), João Henrique
(20), Pedro (18) e José (9), durante o sepultamento
FOTO: FERNANDO FRAZÃO/ AGÊNCIA BRASIL
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Recife. Sob 25 minutos de queima de fogos, aplausos e
gritos de "viva Eduardo, viva Arraes", Eduardo Campos foi sepultado na
noite de ontem no cemitério de Santo Amaro, em Recife. João Henrique
(20), o segundo filho de Campos, tratou de puxar os gritos de saudação
ao pai. O candidato do PSB à Presidência da República morreu na última
quarta-feira, 13, em um acidente aéreo na cidade de Santos, no litoral
paulista.
O cemitério estava cheio de simpatizantes e militantes do PSB, que
lotaram as alamedas do local. Assim que o caixão chegou, um princípio de
tumulto se formou no portão principal. A administração determinou o
fechamento do portão, mas foi necessário reabri-lo, diante da
possibilidade de invasão do local.
Por todos os lados eram vistas bandeiras do PSB. Muitos dos presentes
vestiam camisetas em homenagem ao presidenciável. Outros portavam fotos
do candidato, assim como bandeiras do Brasil e de Pernambuco. Em alguns
momentos, entoaram a frase "Eduardo guerreiro, do povo brasileiro".
Os integrantes da família de Campos estiveram todo o tempo juntos.
Quando o caixão começou a ser baixado ao jazigo, a viúva Renata Campos e
quatro dos cincos filhos do casal se abraçaram. Também esteve no
sepultamento a mãe do candidato, Ana Arraes, que é ministra do Tribunal
de Contas da União (TCU); e o irmão, o advogado Antonio Campos. A vice
da chapa de Campos à Presidência da República, a ex-ministra do meio
ambiente e ex-senadora Marina Silva, ficou ao lado da família durante
todo o tempo.
Memória
O corpo do ex-governador de Pernambuco foi enterrado ao lado do avô,
Miguel Arraes, que também faleceu em um 13 de agosto, de 2005. Arraes
foi um dos ícones da esquerda na resistência à ditadura militar no
Brasil e também foi governador de Pernambuco.
Morto aos 49 anos, Campos jaz em uma sepultura simples, sem luxo,
rodeada apenas de flores e placas de mármore com identificação.
O corpo do político foi velado desde a madrugada de domingo no Palácio
Campo das Princesas, sede do governo pernambucano, de onde saiu o
cortejo com o caixão acompanhado por milhares de pessoas.
O carro do Corpo de Bombeiros, no qual o corpo foi transportado, seguiu
com a viúva e os filhos de Campos, a mãe, o irmão e Marina Silva, que
vai encabeçar a chapa do PSB no lugar dele. O veículo trazia a faixa com
a frase dita por ele um dia antes do trágico acidente e que também
estampava a camiseta de parte das milhares de pessoas que foram prestar
sua homenagem a Campos: "Não vamos desistir do Brasil".
Após governar Pernambuco por dois mandatos, ele posicionava-se como um
socialista pró-empresários e tinha cerca de 10% das intenções de voto
nas últimas pesquisas para a corrida presidencial, atrás da presidente
Dilma Rousseff (PT) e de Aécio Neves, candidato pelo PSDB.
Nas ruas, nos bancos, nas calçadas em cima dos jazigos - alguns
seculares de mármore -, cada metro do Cemitério Santo Amaro foi
disputado por admiradores do ex-governador na chegada do caixão com os
restos mortais do político. As vias próximas ao cemitério estavam cheias
de ônibus com caravanas de várias cidades do estado.
"Viemos prestar nossa solidariedade e agradecer tudo de bom que ele fez
pela gente" , disse Mikaela Kalina, de 26 anos, que saiu da cidade de
Ribeirão, a aproximadamente 100 quilômetros do Recife. Com ela, mais 300
pessoas foram ao Recife na caravana de oito ônibus.
Investigação
Próximo à cova, apenas a família e amigos. Houve chuva de flores. O
último adeus a Campos foi observado atentamente pela multidão, que
gritava pedindo justiça e que as causas do acidente sejam esclarecidas. A
esposa, Renata Campos, quatro dos cinco filhos do casal, Maria Eduarda
(22), João Henrique, Pedro (18) e José (9), a mãe, Ana Arraes, que
estiveram ao lado do caixão desde a madrugada, e o irmão, Antônio
Campos, estavam entre os mais emocionados. O quinto filho de Eduardo,
Miguel, tem apenas sete meses.
O auxiliar de serviços gerais José Fernando de Souza, que há mais de 40
anos trabalha no cemitério, disse que nunca tinha presenciado
movimentação tão intensa em um sepultamento.
Desde a última quarta-feira, o cemitério passou por reparos para
abrigar o ex-governador. Ao longo do percurso feito pelo cortejo
fúnebre, centenas de coroas de flores enfeitaram as calçadas e ajudavam a
confortar a dor da família pela perda inesperada.
Com o sepultamento do maior nome do partido, o PSB agora busca unidade
em torno do nome de Marina Silva para prosseguir a disputa pela
Presidência da República.
150 mil pessoas nas ruas do Recife
Recife. Milhares de pessoas fizeram fila ontem para se
despedir do candidato do Partido Socialista Brasileiro (PSB) à
Presidência da República, Eduardo Campos, e participaram de uma missa
campal em homenagem ao político, em Recife (PE).
Em missa de corpo presente na praça da República, celebrada pelo
arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido, os filhos de Campos
também prestaram homenagem ao pai. Antonio Campos, irmão do candidato,
lamentou a morte e pediu união após participar da missa realizada em
Recife.
"Ganhar ou perder a eleição faz parte da vida, mas perder Eduardo, a
figura humana de Eduardo e o líder que era Eduardo, neste momento, não
estava no nosso roteiro. É uma perda muito grande. É um momento em que a
gente tem que se unir. Eduardo deixou cinco filhos", disse Antonio a
jornalistas.
Homenagem
Além de familiares e da população, diversos políticos e autoridades
foram se despedir de Campos. A presidente Dilma Rousseff, que participou
das homenagens acompanhada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
foi brevemente vaiada. Depois, houve aplausos para ambos.
Segundo estimativa da Polícia Militar, 100 mil pessoas participaram
missa. Alguns vestiam camiseta com a foto de Campos estampada e a frase:
"Não vamos desistir do Brasil".
Os corpos do assessor de imprensa de Eduardo Campos, Carlos Percol, e o
fotógrafo da campanha, Alexandre Severo, também foram velados e
enterrados em Recife.
Os corpos do piloto Marcos Martins e do copiloto Geraldo Cunha foram
sepultados ontem. Martins foi sepultado no Cemitério Municipal de
Maringá (PR), por volta das 12h30. Ele deixou dois filhos, de 2 anos e 7
anos. O corpo de Cunha foi enterrado no Cemitério Santa Rita, em
Governador Valadares (MG).
O ex-deputado Pedro Almeida Valadares Neto, assessor de Campos, foi
enterrado no Cemitério Colina de Saudade, em Aracaju, Sergipe.

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