Francisco abençoa criança durante visita ao sul da Itália, no
sábado. Ontem, na Praça de São Pedro, ele falou sobre as crianças das
áreas em conflito "que têm arrebatada a esperança de uma vida digna"
FOTO: REUTERS
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Roma. O papa Francisco fez um apelo emocionado pela
paz ontem durante seu discurso semanal de Angelus na Praça de São Pedro.
Quando o pontífice argentino encerrava o seu discurso habitual para os
fieis, falou sobre o centenário do início da Primeira Guerra Mundial e
disse que seus pensamentos estavam no Oriente Médio, no Iraque e,
especialmente, na Ucrânia.
"Amanhã (hoje) marca o centésimo aniversário da eclosão da Primeira
Guerra, que causou milhões de mortes e imensa destruição. Esse conflito,
que o papa Bento XV (pontífice na época) chamou de "massacre inútil",
resultou, após quatro longos anos, em uma paz mais frágil", disse.
Em fala improvisada após a tradicional bênção dominical do Ângelus, no
Vaticano, ele relacionou a Primeira Guerra aos conflitos atuais.
"Enquanto nos lembramos desse trágico acontecimento, espero que não se
repitam os erros do passado, mas que tenhamos em conta as lições da
história, fazendo sempre prevalecer as razões da paz através do diálogo
paciente e corajoso".
Francisco pediu que as autoridades e pessoas do Oriente Médio, do Iraque e da Ucrânia avancem no caminho da paz.
"Que no centro de cada decisão não se coloquem interesses particulares,
mas o bem comum e o respeito por cada pessoa. Lembrem-se que tudo está
perdido com a guerra e nada se perde com a paz", disse.
Aos presentes na praça São Pedro, Francisco fez uma menção especial às
crianças que vivem em áreas de conflito "que têm arrebatada a esperança
de uma vida digna, de um futuro, que têm como brinquedos resíduos
bélicos".
Com a voz aparentemente emocionada e fugindo do protocolo, ele fez um
apelo pelo fim dos confrontos: "Parem, por favor, peço com todo o
coração, é hora de parar". Embora o Papa Francisco não tenha feito
nenhuma referência direta à situação na Faixa de Gaza, os comentários
vieram depois que uma trégua humanitária foi quebrada. "Irmãos e irmãs,
nunca a guerra, nunca a guerra", reforçou.
Cessar-fogo
Sobre a retomada dos conflitos na Faixa de Gaza, o primeiro-ministro
israelense, Benjamin Netanyahu, disse ontem que a facção palestina Hamas
violou sua própria oferta de trégua humanitária de 24 horas em Gaza.
Questionado se Israel aceitaria a oferta de trégua, Netanyahu disse à
CNN: "O Hamas não aceita o seu próprio cessar-fogo, continua disparando
contra nós, enquanto nós falamos".
"Sob estas circunstâncias, Israel vai fazer o que for necessário para defender seu povo", declarou Netanyahu.
Mais cedo, o Hamas havia aceitado um cessar-fogo a partir das 14h
locais (8h, no horário de Brasília) em resposta a uma iniciativa das
Nações Unidas. Repórteres da AFP em Gaza, no entanto, disseram que ainda
era possível ouvir explosões.
Mais de 1.050 palestinos morreram em Gaza, a grande maioria civis, após
a última ofensiva militar. Outros 6.000 ficaram feridos. No lado
israelense, são 45 mortos nos últimos nove dias.
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