segunda-feira, 28 de julho de 2014

Papa Francisco clama pela paz: 'Parem, por favor!'

Francisco abençoa criança durante visita ao sul da Itália, no sábado. Ontem, na Praça de São Pedro, ele falou sobre as crianças das áreas em conflito
Francisco abençoa criança durante visita ao sul da Itália, no sábado. Ontem, na Praça de São Pedro, ele falou sobre as crianças das áreas em conflito "que têm arrebatada a esperança de uma vida digna"
FOTO: REUTERS
Roma. O papa Francisco fez um apelo emocionado pela paz ontem durante seu discurso semanal de Angelus na Praça de São Pedro. Quando o pontífice argentino encerrava o seu discurso habitual para os fieis, falou sobre o centenário do início da Primeira Guerra Mundial e disse que seus pensamentos estavam no Oriente Médio, no Iraque e, especialmente, na Ucrânia.
"Amanhã (hoje) marca o centésimo aniversário da eclosão da Primeira Guerra, que causou milhões de mortes e imensa destruição. Esse conflito, que o papa Bento XV (pontífice na época) chamou de "massacre inútil", resultou, após quatro longos anos, em uma paz mais frágil", disse.
Em fala improvisada após a tradicional bênção dominical do Ângelus, no Vaticano, ele relacionou a Primeira Guerra aos conflitos atuais. "Enquanto nos lembramos desse trágico acontecimento, espero que não se repitam os erros do passado, mas que tenhamos em conta as lições da história, fazendo sempre prevalecer as razões da paz através do diálogo paciente e corajoso".

Francisco pediu que as autoridades e pessoas do Oriente Médio, do Iraque e da Ucrânia avancem no caminho da paz.
"Que no centro de cada decisão não se coloquem interesses particulares, mas o bem comum e o respeito por cada pessoa. Lembrem-se que tudo está perdido com a guerra e nada se perde com a paz", disse.
Aos presentes na praça São Pedro, Francisco fez uma menção especial às crianças que vivem em áreas de conflito "que têm arrebatada a esperança de uma vida digna, de um futuro, que têm como brinquedos resíduos bélicos".
Com a voz aparentemente emocionada e fugindo do protocolo, ele fez um apelo pelo fim dos confrontos: "Parem, por favor, peço com todo o coração, é hora de parar". Embora o Papa Francisco não tenha feito nenhuma referência direta à situação na Faixa de Gaza, os comentários vieram depois que uma trégua humanitária foi quebrada. "Irmãos e irmãs, nunca a guerra, nunca a guerra", reforçou.
Cessar-fogo
Sobre a retomada dos conflitos na Faixa de Gaza, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse ontem que a facção palestina Hamas violou sua própria oferta de trégua humanitária de 24 horas em Gaza.
Questionado se Israel aceitaria a oferta de trégua, Netanyahu disse à CNN: "O Hamas não aceita o seu próprio cessar-fogo, continua disparando contra nós, enquanto nós falamos".
"Sob estas circunstâncias, Israel vai fazer o que for necessário para defender seu povo", declarou Netanyahu.
Mais cedo, o Hamas havia aceitado um cessar-fogo a partir das 14h locais (8h, no horário de Brasília) em resposta a uma iniciativa das Nações Unidas. Repórteres da AFP em Gaza, no entanto, disseram que ainda era possível ouvir explosões.
Mais de 1.050 palestinos morreram em Gaza, a grande maioria civis, após a última ofensiva militar. Outros 6.000 ficaram feridos. No lado israelense, são 45 mortos nos últimos nove dias.

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