Se os bastidores da disputa majoritária fervilham, intensamente agitada
também está a concorrência pelo voto proporcional, para a eleição dos
representantes cearenses na Assembleia Legislativa e na Câmara dos
Deputados. O voto para deputado federal está cotado a R$ 100 e de
estadual a R$ 80. Alguns dos atuais detentores de mandatos que já
fizeram "investimentos" nas eleições de prefeitos e vereadores, em 2012,
e que conseguiram liberar recursos das tais emendas parlamentares,
compram por menos.
A economia marginal do período de eleição, com a movimentação de muitos
milhões de reais, é um tema que as partes não querem comentar,
diferentemente daquela lícita quando todos opinam e sobretudo o
principal ator, o investidor, ressalta, inclusive, os benefícios sociais
e os resultados favoráveis ao crescimento do Estado, advindos de suas
aplicações. Nesta, ninguém esconde valores. Naquela, comprador e
vendedor sequer querem ser conhecidos, talvez até, pelo fato de os seus
efeitos serem maléficos, também, e principalmente, à ordem democrática
que reclama eleições livres.
Com menor facilidade de arrecadação, em razão do controle, embora
superficial da Justiça Eleitoral com amparo nos mecanismos de
fiscalização da Receita Federal, candidatos ao Legislativo buscam
socorro nas duas principais coligações que disputam o Governo do Estado.
Elas têm interesse em concentrar o maior número de aliados possíveis,
mas não parecem tão fortalecidas para atenderem, sequer, suas próprias
necessidades financeiras, imensas, é bom frisar, motivando, por isso, os
descontentamentos e rompimentos anunciados de um e outro lado,
justificados como sendo por razões meramente políticas e não pecuniária.
Mesmo com vantagens em relação aos demais candidatos, os atuais
legisladores, para garantirem a reeleição, vão gastar, ou gastarão por
eles, valores bem mais expressivos do que os anunciados para a Justiça
Eleitoral, irreais, enfatize-se, pois muito aquém do reclamado para
qualquer daqueles que queiram ter postulação competitiva. Nessa faixa
está um grupo de pelo menos 13 deputados federais, todos com aguerridos
prefeitos à caça de votos.
Os nove outros vitoriosos, ao fim da disputa, terão ido ao mercado,
sujeitando-se ao preço da praça, fazendo o mandato beirar os R$ 5
milhões, excetuando-se os majoritariamente votados na Capital onde,
diferentemente do Interior, nenhum cabo eleitoral pode estabelecer a
quantidade de sufrágios "de cabresto" a entregar.
Expressivos
A propósito do Colégio Eleitoral de Fortaleza, está sendo esperado uma
boa disputa entre Luizianne e Moroni sobre quem será o mais votado, em
razão das disputas municipais direta ou indiretamente que travaram nas
últimas eleições para prefeito da Capital. Os dois vão ter votos no
Interior, mas nunca expressivos quanto aos de Fortaleza.
Luizianne, porém, está mais preocupada, parece, é em ser a mais votada
dentro do PT para mostrar ao seu concorrente direto, José Guimarães, ser
ela a principal expoente da agremiação no Ceará, posição que disputam
há um certo tempo, daí estarem em campos opostos.
Vitaliciedade
O vice-governador Domingos Filho (até agora não há notícia de sua
desfiliação do PROS) ainda prestaria melhor serviço ao Ceará se
continuasse militando na política, como o faz, há décadas, do que sendo
conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), missão muito
nobre para quem se despoja de todas as ligações políticas, condição nada
fácil para ele, nascido e criado na política (o seu pai foi deputado
estadual e prefeito de Tauá) e a adota, até hoje, como sua principal
atividade desde a maioridade, sendo exemplo na família.
O governador Cid Gomes, também, poderia evitar, deixar na história, o
registro de ter indicado um nome para o TCM por uma única razão:
satisfazer interesses de acomodação política, incluindo mais, a criação
de um cargo de direção na Agência Reguladora do Estado há seis meses do
fim do Governo, para cumprir acordos de eleição.
O TCM ainda não tem um auditor no quadro de conselheiros, como impõe a
Constituição cearense desde 1989. O governador bem que poderia indicar
um desses profissionais. Roberto Cláudio (PROS), quando presidente da
Assembleia, preferiu indicar para um cargo de conselheiro daquela Corte
de Contas, depois da desistência do deputado Heitor Férrer (PDT), um
profissional do direito Hélio Parente, ligado a seu grupo político sim,
mas por questões profissionais e não eleitorais.
Edison Silva
Editor de Política
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