Apenas 23 municípios de 154 cidades do Ceará pesquisadas pela
Confederação Nacional de Municípios (CNM), no estudo Observatório do
Crack, possuem Conselho Municipal Antidrogas (Comad), peça chave na
viabilização do repasse de verbas federais para investimentos em ações
contra o problema. Algumas gestões não forneceram dados para o
levantamento.
O Comitê Estadual de Enfrentamento às Drogas do Ministério Público do
Estado, que orienta gestores para a instalação dos conselhos, visitou 43
lugares no Ceará e detectou a ausência do órgão em 21 desses
municípios.
Algumas cidades nem sequer contam com qualquer tipo de política contra
as drogas. Municípios como Acarape, Aracoiaba, Itapajé, Jaguaruana e
Madalena não formularam planos de criação do Comad e nem deram respostas
aos ofícios encaminhados pelo MP. Outras sete cidades responderam à
abordagem e ficaram de encaminhar respostas. Nove estão recebendo
auxílio do MP para montar seus conselhos. A criação do conselho é lei.
Desde 2012, quando o Comitê Estadual de Enfrentamento às Drogas foi
criado, o órgão atua de forma integrada para fazer com que as cidades
cearenses planejem estratégias e projetos nos eixos de prevenção,
tratamento, recepção social e segurança pública.
"Formamos uma base de dados, identificando o número de cidades com
problemas na formalização dos conselhos", aponta a procuradora de
Justiça e presidente do Comitê Estadual de Enfrentamento às Drogas do
MP, Eliani Nobre. Segundo ela, o número de locais sem Comads era menor
ainda. Eliani informa que os municípios que não deram respostas
receberão recomendação para que os prefeitos cumpram prazos curtos de
criação dos conselhos.
Tudo depende do gestor, como indica a presidente da Comissão de
Políticas Públicas Sobre Drogas da Ordem dos Advogados do Brasil Secção
Ceará, Rossana Brasil Kopf. "Só se fala na questão em época de
campanha", critica. Para ela, falta vontade política dos prefeitos em
formalizar conselhos. Ela explica que é por meio dos Comads que as
gestões podem implantar coordenadorias de políticas sobre drogas a fim
de investir em ações de combate e assistência. Outro problema, diz, é a
ausência de projetos, que inviabiliza o recebimento de verbas.
Conforme a assessora técnica da área de Saúde da Associação dos
Municípios do Estado do Ceará (Aprece), Roberta de Paula Oliveira, os
Conselhos Municipais Antidrogas envolvem, para formular projetos,
representantes de órgãos diversos, incluindo Assistência Social, Saúde,
Educação, etc. Contudo, as políticas estão voltadas ainda para a
implantação de clínicas de reabilitação que somente são acessíveis a
municípios de grande porte. Na visão dela, é preciso reavaliar os
trabalhos para que os Comads possam funcionar plenamente e atingir seus
reais objetivos.
Conselho Estadual autoriza vagas
Há três anos desativado, o Conselho Estadual Antidrogas do Ceará foi
resgatado, em dezembro de 2013, com o intuito de unificar a rede de
assistência. Somente esse órgão pode dar autorização para o
financiamento das vagas das comunidades terapêuticas para internações de
dependentes químicos. Além disso, foi criado, em junho de 2014, o Fundo
de Combate às Drogas para financiar as ações.
Segundo a presidente do Conselho Antidrogas, Socorro França, o Ceará é
dividido em 22 redes psicossociais. A rede de acolhimento conta com 620
vagas em comunidades terapêuticas. As Unidades de Pronto-Atendimento
(UPAs), os Frotinhas e o Hospital Regional do Cariri também recebem
dependes químicos. Na educação, o Conselho trabalha com a prevenção por
meio de escolas em tempo integral e cursos profissionalizantes.
Outra medida é a regionalização dos Centros de Referência de
Assistência Social (Cras) e Centros de Referência Especializados de
Assistência Social (Creas). Sedes dos órgãos serão abertas no Interior.
"Tentamos unificar a rede de atenção e a presença do Estado é
importante", explica Socorro França.
Mais informações
Coordenadoria de Políticas sobre Drogas
0800.032.1472
Coordenadoria de Políticas sobre Drogas
0800.032.1472
Lina Moscoso
Repórter
Repórter
Nenhum comentário:
Postar um comentário