Morador contempla baixo nível hídrico, ressurgindo postes da antiga rede elétrica
FOTO: RAFAEL CRISÓSTOMO
|
Jaguaribara. O Açude do Castanhão, localizado neste
município, já perdeu 1 bilhão de metros cúbicos de água de abril de 2013
para cá. Pelos efeitos do terceiro ano consecutivo de seca, as reservas
hoje ficam em torno de 36%. Atualmente, são verificadas 2,4 bilhões de
metros cúbicos, quando a capacidade total é de 6,7 bilhões de metros
cúbicos.
Pouco mais de um ano depois da última visita, exatamente em abril do
ano passado, a reportagem do Diário do Nordeste, voltou a visitar as
ruínas da Velha Jaguaribara, cidade desocupada em 2001 para dar lugar ao
açude Castanhão. Com 36% de suas reservas, está bem abaixo dos 50%
registrados na primeira visita ao local.
Desta vez , para chegar a Velha Jaguaribara seguimos por uma antiga
rodovia estadual, que ligava a BR-116 até a sede do município. Não há,
porém, registros da via atual mapa do Departamento Estadual de Rodovias
(DER), atualizado em 2011, ou qualquer placa que identifica a rota.
Apenas dois velhos pontos de ônibus abandonados à margem da BR dão
acesso ao lugar. O pouco que restou da malha asfáltica é utilizada por
pescadores. Quem nos guiou foi o professor Xavier Silva, antigo morador
da cidade e hoje reside na Península do Curupati, no Castanhão.
A viagem demorou 40 minutos. Pelo caminho é possível ver os efeitos dos
anos de severa seca na vegetação. Onde havia água hoje é seco. Árvores
que ficaram submersas durante mais de uma década hoje estão expostas. O
chão úmido criou algum pasto onde hoje serve para alimentação do gado.
Redução
Chegando ao local registrado pela reportagem há mais de um ano, havia
água bem ao lado de onde ficava a caixa d'água que abastecia a cidade. O
volume do açude, na época com 3,3 bilhões de m³, ainda cobria vários
pontos da antiga cidade. Desta vez a água já havia recuado cerca de 100
metros de onde era a margem, deixando ainda mais à vista vários
escombros.
Xavier se surpreendeu com o que viu. Depois de alguns minutos
caminhando entre os escombros, ele tentava se situar, ou achar algo que
trouxesse suas lembranças de volta. Da visão da caixa d'água ele
descrevia como era antigamente, recolocando na imaginação cada coisa em
seu lugar. "Aqui onde era a caixa d'água era chamada de Vila. Minha vó
morava naquela rua", disse ele apontando para um trecho de calçamento
que ainda havia pelo chão.
Hoje não só mais postes podem ser visíveis, a entrada da antiga escola,
a quadra da comunidade, alicerces de casas, prédios públicos, ruas,
pontos de ônibus, tudo que era cidade hoje se resumiu a uma pilha de
tijolos e ferro destorcido.
"Isso não foi feito para gente", desabafa Xavier, referindo-se à
utilidade do Castanhão. "O que nos revolta é que não nos beneficiou em
nada esse projeto. Muitas comunidades não tem água, porque essa água já
tem destino. É para a capital", lamenta.
Xavier mora em uma das comunidades reassentadas de Jaguaribara, na
península do Curupati, que fica dentro do açude Castanhão. Lá, não chega
água tratada. Tudo o que foi prometido pelo Governo, na época, não foi
cumprido.
Necessidades
A água que a comunidade consome é de carro-pipa e quando ele não vai
até a cidade os moradores retiram água bruta do açude que passa por um
canal, passam-na por um filtro de barro e bebem. Ainda de acordo com
Xavier, outras comunidades passam pela necessidade de água.
O açude Castanhão registra pela primeira vez o volume mais baixo de sua
história. Depois de inundado em 2004, quando reservatório que chegou a
sua cota máxima de 6,7 bilhões de m³, atualmente acumula pouco mais de
2,4 milhões de m³, 36,17% da sua capacidade total.
As ruínas da velha Jaguaribara atrai pescadores, turistas e
mergulhadores, que de épocas aproveitam o baixo nível do reservatório
para explorar o muito que ainda esta debaixo d'água.
O Castanhão é o maior açude público para múltiplos usos do País. Ela
foi concluído em 2003. A barragem esta localizada no município de Alto
Santo. É uma importante reserva estratégica de água que pereniza o rio
Jaguaribe e segue para a região metropolitana de fortaleza, via Eixão
das Águas. Piscicultura é a atividade econômica explorada dentro do
reservatório, envolvendo pequenos piscicultores e empresas de pescado.
Ellen Freitas
Colaboradora
Colaboradora
Nenhum comentário:
Postar um comentário