O nome do paraibano de Alagoa Grande era José Gomes Filho (1919 -
1982). Respondia, entretanto, por Jack - em referência ao mocinho de
faroeste americano Jack Perry - depois, Jackson do Pandeiro, como ficou
conhecido. Também lhe cabem os títulos de "Sua Majestade, o Rei do
Ritmo" (que deu nome a disco de 1960) e até "Garrincha do Pandeiro".
O artista foi um dos pilares da música do Nordeste que ocupou o mercado
fonográfico no século XX. Em 2014, se ainda estivesse por aqui,
completaria 60 anos de carreira. Em sua homenagem, o selo Discobertas
lançou a caixa "Jackson do Pandeiro - Anos 60 (1966 - 1969)", com
remasterizações em CD de três LPs da década de 1960, reforçados por um
coletânea com gravações raras, registradas no mesmo período.
Embora parte do material relançado possa ser incluído, digamos, em uma
discografia essencial de Jackson, trata-se de um material,
inexplicavelmente, inédito em CD. Na caixa, estão os discos "O Cabra da
Peste" (Continental, 1966), "A Brasa do Norte" (Cantagalo,1967) e "É
Sucesso" (Cantagalo, 1968).
Na coletânea "Mais um pouquinho - raridades" estão reunidas gravações
avulsas, lançadas em compactos pelas duas gravadoras. "Ao longo desses
25 anos de CD no mercado, as gravadoras só lançaram coletâneas. Não teve
nenhum disco original do Jackson reeditado. Eu fiz, porque a minha
ideia é fazer reedição. São caixas que eu gostaria de ter comprado.
Estou complementando minha própria coleção", situa o colecionador de
discos e diretor do selo, Marcelo Fróes, sobre a importância da
homenagem.
Reedições
Atualmente, os álbuns do artista ou são encontrados via Discobertas ou
no formato original, em vinil. Este é o quinto projeto de Marcelo
relacionado ao repertório do paraibano. Os primeiros discos, lançados
originalmente pela gravadora Copacabana, foram compilados em um CD
duplo, relançados pela EMI em comemoração aos 50 anos de carreira, em
2004. Já pelo selo Discobertas, criado em 2008, foram remasterizados os
discos em 78 rotações, do acervo da gravadora Columbia; em 2010, uma
edição em disco de show realizado por Jackson em 1980; e, em 2012, o DVD
"Jackson do Pandeiro - MPB especial 1972", com imagens originalmente
gravadas pela TV Cultura.
"Falta ainda o material da antiga Philips, hoje Universal, que eles
pretendem relançar em algum momento. No início da carreira, Jackson
gravou pela Copacabana, depois Columbia e Philips. Os discos que estão
sendo lançados são da segunda metade dos anos 1960, fase meio braba da
carreira, em que ele gravou por selos independentes", contextualiza
Marcelo. A fase "independente" da carreira aconteceu em meio à crise da
música nordestina, que assombrou outros artistas de renome, como o
próprio Luiz Gonzaga. Foram espremidos por uma Bossa Nova ainda no auge e
a ascendente Jovem Guarda.
Genialidade
A comparação de Jackson do Pandeiro com garrincha (enquanto Gonzagão
seria o Pelé da música) é atribuída a Alceu Valença e registrada na
música-homenagem de Guinga e Simone Guimarães, "Para Jackson e Almira".
Revela-se, talvez, a mais precisa sobre a importância e a categoria
desse tal José Gomes. Tinha um ritmo invocado, que, com toda a sua
simplicidade e originalidade de artista popular, era capaz dar um traço e
entortar o juízo de qualquer ritmista.
"O grande Jackson do Pandeiro era um craque. Se pegasse a lista
telefônica, começaria a cantar aqueles nomes enfileirados de tal maneira
sincopada que iria parecer a música mais irresistível do mundo",
registrou o jornalista e pesquisador de música Zuza Homem de Mello, em
artigo publicado dois dias após seu falecimento. O músico morreu aos 62
anos, em 1982, época em que era mais requisitado como ritmista de outros
nomes da MPD do que como intérprete O dado, só reforça a necessidade de
se ouvir de novo, relançar e homenagear o bom de velho "Jackinha".
Disco
Jackson do Pandeiro - Anos 60 (1966 - 1969)
Jackson do Pandeiro
Discobertas
2014, 4 discos
R$ 88,90
Jackson do Pandeiro
Discobertas
2014, 4 discos
R$ 88,90
Fábio Marques
Repórter
Repórter
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