segunda-feira, 23 de junho de 2014

Mutirão de cirurgias corrige orelhas abertas

Conforme o cirurgião George Régis, o procedimento não é apenas de caráter estético, pois melhora a autoestima e até os relacionamentos
Conforme o cirurgião George Régis, o procedimento não é apenas de caráter estético, pois melhora a autoestima e até os relacionamentos Foto: Helosa Araújo
Não existe uma estatística oficial. Mas, a ocorrência de pessoas com orelhas de abano é endêmica no Ceará. A má formação das conchas auditivas, um problema congênito (nascido com o indivíduo), é hoje uma das principais causas de bullying nas escolas e no trabalho. Para reverter o quadro, além de contribuir para a autoestima dos pacientes, está sendo desenvolvido, em Fortaleza, o Projeto Orelhinha, uma ação social, com custo reduzido, para viabilizar o acesso à cirurgia de otoplastia, procedimento para correção das orelhas abertas.

Na manhã de ontem, foi realizado mais um mutirão do Projeto Orelhinha na Capital. As cirurgias aconteceram no Hospital São Carlos, no Dionísio Torres, das 7h às 12h. Três jovens foram operados, finalizando o terceiro mutirão na cidade. Desde janeiro passado, quando o projeto começou a ser desenvolvido no Ceará, 83 crianças e jovens passaram pelo procedimento. Promovida em várias cidades brasileiras, a iniciativa já atendeu mais de 2.300 pacientes.
Coordenador do Projeto Orelhinha no Ceará, o cirurgião plástico George Régis explica que a ação social surgiu durante a residência médica do também cirurgião plástico mineiro Marcelo Assis, no Rio de Janeiro. Ele notou a grande demanda pela correção de orelhas de abano. A partir daí, nasceu a ideia de viabilizar o acesso à cirurgia de otoplastia a baixo custo. Em Fortaleza, George Régis organiza os mutirões de atendimento em parceria com hospitais locais. O procedimento de otoplastia custa, em média, R$ 6 mil. Entretanto, graças ao Projeto Orelhinha, o paciente arca apenas com 30% do custo total, equivalente a R$ 1.650,00.
O valor cobre as despesas referentes ao material, estrutura hospitalar e pessoal de apoio, inclusive um anestesista. A cirurgia ainda tem o custo dividido em até 12 parcelas.
Consulta
George Régis lembra que, antes de marcada a cirurgia, é realizada uma consulta coletiva com os inscritos para o procedimento. Em Fortaleza, a próxima "coletiva" está marcada para o dia 18 de julho, quando será analisada a necessidade cirúrgica dos cadastrados e definida a data para o procedimento em regime de mutirão. As inscrições são limitadas. A expectativa é que pelo menos 150 pessoas realizem o cadastro. Novos mutirões deverão acontecer até o fim do ano.
O cirurgião plástico ressalta que a operação não é de caráter meramente estético. "A correção da orelha de abano reflete, diretamente, na autoestima dos pacientes. Eles geralmente chegam aos consultórios em busca de solução cirúrgica por conta dos problemas de relacionamento gerados pela má formação das conchas auditivas", diz.
Mais informações
O interessado deve ter acima de 7 anos e preencher um formulário disponível no site www.Projetoorelhinha.Com.Br ou ligar para 0800-7187804
Procedimento cirúrgico dura cerca de 40 minutos
Levando em conta que as orelhas apresentam-se totalmente desenvolvidas em torno dos 7 anos, é a partir desta idade que a cirurgia de correção deve ser realizada. O procedimento ocorre com anestesia local em adultos e jovens. Nas crianças, a anestesia é geral. A duração é de cerca de 40 minutos, não exigindo internação. A recuperação é tranquila. O pós-operatório consiste no uso de uma faixa de atadura durante quatro dias.
Cinco dias após o procedimento, o paciente já pode retomar as atividades normais, utilizando uma faixa especial para dormir durante 15 dias. Contudo, a prática de esportes, além de exposição intensa ao sol, ficam proibidas pelo período de um mês, quando então deverá ocorrer o retorno ao consultório para uma revisão. A última consulta através do Projeto Orelhinha é realizada 90 dias após a cirurgia.
Autoestima
Enquanto aguardava para entrar na sala de cirurgia, na manhã de ontem, Jéssica Alves, 23, era só expectativa. A jovem acredita que o novo visual facilitará os relacionamentos, além de elevar a autoestima. No mesmo local estava Tereza Castelo Branco, que acompanhou os filhos Danilo e Laura, de 17 e 15 anos, respectivamente, ao Hospital São Carlos, para que ambos realizassem a otoplastia. Ela acredita que, além da mudança física, a cirurgia proporcionará ganhos emocionais e comportamentais.
O cirurgião George Régis enfatiza que a otoplastia é simples, mas pode mudar a vida de alguém. Segundo ele, muitos pacientes relatam não terem feito o procedimento antes por falta de oportunidade e, especialmente, devido ao custo elevado. Por outro lado, quem recorre ao SUS se vê obrigado a enfrentar uma longa fila de espera.
Fernando Brito
Repórter

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