terça-feira, 8 de abril de 2014

Cuidados com a visão logo após o nascimento

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Diretora do Caviv, Dra. Islane Verçosa
FOTO: AGÊNCIA DIÁRIO
Em que idade a criança deve ser levada à primeira consulta com o oftalmologista? Por quê?
Após o nascimento, toda criança deve fazer o teste do reflexo vermelho, mais conhecido como 'Teste do olhinho', para detecção precoce de patologias oculares. O exame deve ser repetido nas próximas consultas
Pediátricas e oftalmológicas durante toda a infância. Caso não haja nenhuma anormalidade, recomenda-se que o bebê volte a um oftalmologista a partir dos três anos. Nessa fase, o médico pode fazer uma avaliação geral da visão da criança, a fim de identificar se há alguma alteração de grau, estrabismo, miopia ou outras deficiências. É também nessa fase que começa a prevenção à ambliopia, caracterizada por uma diminuição da acuidade visual. A patologia tem como causas mais comuns o estrabismo e o erro de refração não corrigido (altos graus ou diferenças de acuidade entre os olhos). No entanto, se iniciado logo após o diagnóstico, o tratamento adequado até os 7/8 anos, o quadro pode se reverter.
Quais problemas podem ser identificados?
Os erros de refração (miopia, hipermetropia, astigmatismo), ambliopia, estrabismo, retinopatia da prematuridade, catarata congênita, glaucoma congênito. As crianças com miopia não veem corretamente os objetos ou pessoas que se encontram longe. As crianças podem apertar os olhos para enfocar melhor. A hipermetropia é o contrário da miopia, cujos afetados têm uma percepção borrada de objetos próximos e cansam com leitura, computador. Com no astigmatismo, a criança percebe uma visão deformada das coisas (longe e perto), e pode estar associado à miopia ou à hipermetropia, com sintomas de ambas as patologias. A ambliopia (olho preguiçoso) é a perda parcial da visão em um ou nos dois olhos. Pode corrigida quando detectada e tratada até os 7 anos de idade. O estrabismo constitui na quebra do paralelismo dos olhos e é uma doença que deve ser tratada o mais precocemente possível. Em alguns casos, resolve-se com tratamento clínico (uso de oclusão). A catarata é uma das causas mais comuns de cegueira tratável que ocorre também na infância (catarata congênita). A época para o tratamento varia de acordo com o tipo de catarata; nos casos onde é bilateral e total, o ideal é realizar o procedimento antes do terceiro mês de vida. A retinopatia da prematuridade é uma doença vascular da retina que pode ocorrer em prematuros de baixo peso. O diagnóstico é feito com o mapeamento de retina (realizado entre a quarta e a sexta semana de vida).

Quando as deficiências visuais podem ser detectadas?
Logo após o nascimento é possível identificar enfermidades que comprometem o eixo visual (catarata congênita, glaucoma congênito e os processos de má-formação por meio do teste do reflexo vermelho). No caso do 'Teste do olhinho' ser ausente ou duvidoso é importante que seja realizado um exame oftalmológico completo, incluindo muitas vezes o mapeamento da retina, assim como a biomicroscopia.
Os exames devem ser realizados com qual periodicidade?
O teste do olhinho nas primeiras semanas de vida é um importante exame de triagem para prevenção à cegueira infantil. Com 3 ou 4 anos para medida de acuidade visual, para prevenção de ambliopia. E, manter as consultas anuais.
Em qual faixa etária é diagnosticado o problema visual?
Os problemas visuais podem ser congênitos ou adquiridos. O cuidado deve começar desde bebê e continuar durante as consultas regularmente. É no exame clínico que se avalia detalhadamente a saúde ocular dos olhos.
O período letivo auxilia nesse processo de descoberta?
Sim, pois a criança pode demonstrar apatia, irritabilidade se não estiver enxergando bem (graus moderados ou altos). Pode apresentar coceira, lacrimejamento (no caso de pequenos graus).
A redução no rendimento escolar pode sinalizar problema visual? Os pais devem ficar atentos?
Sim. Na idade pré-escolar é recomendável uma avaliação completa da visão (dilatação da pupila e exame de fundo de olho), em crianças com 6, 7 anos. É importante que pais e professores fiquem atentos a queixas e alterações no modo de agir da criança. Esfregar os olhos, apresentar hipersensibilidade à luz, piscar excessivamente, apertar os olhos ao ver televisão, inclinar a cabeça para fixar um objeto, chegar perto do quadro ou do papel para escrever podem indicar problemas. Queixas como dizer que não enxerga bem, que a visão está borrada, que tem dor nos olhos ou tontura após esforço visual devem ser levadas a sério. Para esclarecer as causas e os sintomas, o oftalmologista deve ser consultado. Crianças muito quietas ou hiperativas também precisam passar por um oftalmologista para verificar a acuidade visual, pois às vezes seu comportamento está associado à baixa visão.
Como os pais devem agir para facilitar a inserção das crianças com problemas visuais?
Devem incentivar o uso de óculos especiais quando necessário; participar de programas de reabilitação visual com ajuda de terapeutas especializados; valorizar os aspectos particulares da criança. Cada ser humano tem suas potencialidades. Nós, oftalmologistas e família, sempre fazemos tudo para evitar a cegueira ou a baixa visão, porém em casos que isto não é possível, é muito importante considerar o desenvolvimento de outras aptidões.
Vicky Nóbrega
Especial para o vida

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