Diretora do Caviv, Dra. Islane Verçosa
FOTO: AGÊNCIA DIÁRIO
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Em que idade a criança deve ser levada à primeira consulta com o oftalmologista? Por quê?
Após o nascimento, toda criança deve fazer o teste do reflexo vermelho,
mais conhecido como 'Teste do olhinho', para detecção precoce de
patologias oculares. O exame deve ser repetido nas próximas consultas
Pediátricas e oftalmológicas durante toda a infância. Caso não haja
nenhuma anormalidade, recomenda-se que o bebê volte a um oftalmologista a
partir dos três anos. Nessa fase, o médico pode fazer uma avaliação
geral da visão da criança, a fim de identificar se há alguma alteração
de grau, estrabismo, miopia ou outras deficiências. É também nessa fase
que começa a prevenção à ambliopia, caracterizada por uma diminuição da
acuidade visual. A patologia tem como causas mais comuns o estrabismo e o
erro de refração não corrigido (altos graus ou diferenças de acuidade
entre os olhos). No entanto, se iniciado logo após o diagnóstico, o
tratamento adequado até os 7/8 anos, o quadro pode se reverter.
Quais problemas podem ser identificados?
Os erros de refração (miopia, hipermetropia, astigmatismo), ambliopia,
estrabismo, retinopatia da prematuridade, catarata congênita, glaucoma
congênito. As crianças com miopia não veem corretamente os objetos ou
pessoas que se encontram longe. As crianças podem apertar os olhos para
enfocar melhor. A hipermetropia é o contrário da miopia, cujos afetados
têm uma percepção borrada de objetos próximos e cansam com leitura,
computador. Com no astigmatismo, a criança percebe uma visão deformada
das coisas (longe e perto), e pode estar associado à miopia ou à
hipermetropia, com sintomas de ambas as patologias. A ambliopia (olho
preguiçoso) é a perda parcial da visão em um ou nos dois olhos. Pode
corrigida quando detectada e tratada até os 7 anos de idade. O
estrabismo constitui na quebra do paralelismo dos olhos e é uma doença
que deve ser tratada o mais precocemente possível. Em alguns casos,
resolve-se com tratamento clínico (uso de oclusão). A catarata é uma das
causas mais comuns de cegueira tratável que ocorre também na infância
(catarata congênita). A época para o tratamento varia de acordo com o
tipo de catarata; nos casos onde é bilateral e total, o ideal é realizar
o procedimento antes do terceiro mês de vida. A retinopatia da
prematuridade é uma doença vascular da retina que pode ocorrer em
prematuros de baixo peso. O diagnóstico é feito com o mapeamento de
retina (realizado entre a quarta e a sexta semana de vida).
Quando as deficiências visuais podem ser detectadas?
Logo após o nascimento é possível identificar enfermidades que
comprometem o eixo visual (catarata congênita, glaucoma congênito e os
processos de má-formação por meio do teste do reflexo vermelho). No caso
do 'Teste do olhinho' ser ausente ou duvidoso é importante que seja
realizado um exame oftalmológico completo, incluindo muitas vezes o
mapeamento da retina, assim como a biomicroscopia.
Os exames devem ser realizados com qual periodicidade?
O teste do olhinho nas primeiras semanas de vida é um importante exame
de triagem para prevenção à cegueira infantil. Com 3 ou 4 anos para
medida de acuidade visual, para prevenção de ambliopia. E, manter as
consultas anuais.
Em qual faixa etária é diagnosticado o problema visual?
Os problemas visuais podem ser congênitos ou adquiridos. O cuidado deve
começar desde bebê e continuar durante as consultas regularmente. É no
exame clínico que se avalia detalhadamente a saúde ocular dos olhos.
O período letivo auxilia nesse processo de descoberta?
Sim, pois a criança pode demonstrar apatia, irritabilidade se não
estiver enxergando bem (graus moderados ou altos). Pode apresentar
coceira, lacrimejamento (no caso de pequenos graus).
A redução no rendimento escolar pode sinalizar problema visual? Os pais devem ficar atentos?
Sim. Na idade pré-escolar é recomendável uma avaliação completa da
visão (dilatação da pupila e exame de fundo de olho), em crianças com 6,
7 anos. É importante que pais e professores fiquem atentos a queixas e
alterações no modo de agir da criança. Esfregar os olhos, apresentar
hipersensibilidade à luz, piscar excessivamente, apertar os olhos ao ver
televisão, inclinar a cabeça para fixar um objeto, chegar perto do
quadro ou do papel para escrever podem indicar problemas. Queixas como
dizer que não enxerga bem, que a visão está borrada, que tem dor nos
olhos ou tontura após esforço visual devem ser levadas a sério. Para
esclarecer as causas e os sintomas, o oftalmologista deve ser
consultado. Crianças muito quietas ou hiperativas também precisam passar
por um oftalmologista para verificar a acuidade visual, pois às vezes
seu comportamento está associado à baixa visão.
Como os pais devem agir para facilitar a inserção das crianças com problemas visuais?
Devem incentivar o uso de óculos especiais quando necessário;
participar de programas de reabilitação visual com ajuda de terapeutas
especializados; valorizar os aspectos particulares da criança. Cada ser
humano tem suas potencialidades. Nós, oftalmologistas e família, sempre
fazemos tudo para evitar a cegueira ou a baixa visão, porém em casos que
isto não é possível, é muito importante considerar o desenvolvimento de
outras aptidões.
Vicky Nóbrega
Especial para o vida
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