Cid Gomes, no evento da última quarta-feira, à frente de Eunício
Oliveira
FOTO: KID JÚNIOR
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"Pela minha decisão pessoal ficaria até o fim do mandato". Esta frase é
do governador Cid Gomes, sexta-feira à tarde, em entrevista concedida a
um repórter do jornal Valor Econômico, a ser publicada na próxima
terça-feira, surpreendeu a quem a ouviu, dentre outras razões, pelo fato
de ele não tratar desse tema, ultimamente, diante de testemunhas,
também por deixar mais clara a visão daqueles atentos a seus passos
nesses últimos dias.
Recluso, reflexivo e também preocupado com a saúde, até a semana
passada, Cid avalia todos os caminhos a percorrer ficando ou saindo do
Governo. E hoje, a duas semanas do prazo limite para sua decisão, a
disposição é de sair, até o dia 5 de abril, para, além de permitir que
Ciro Gomes seja elegível e possa disputar a vaga de senador da
República, fragilizar mais ainda a sua oposição ao deixá-la sem poder
formular estratégias contra a chapa governista que ele pretende montá-la
somente nos últimos instantes determinado pela legislação.
Comando do partido
Pessoalmente, Cid reafirma não ter disposição de postular qualquer
cargo eletivo em outubro próximo. Além da elegibilidade de Ciro, sua
renúncia ao mandato de governador, o deixaria mais à vontade para
trabalhar a candidatura do seu preferido na disputa sucessória.
Mas o atual vice, Domingos Filho, que o substituiria na vacância do
cargo não passaria a ser, naturalmente, o candidato a governador? Não
necessariamente. O comando do PROS, que é do Cid, é quem decidirá. E
Domingos, como liderado, e pelos compromissos já assumidos de aceitação
da escolha do candidato, comandaria a eleição e encerraria a primeira
etapa de sua vida política como governador, nos últimos nove meses da
atual gestão, estão certos disso alguns dos mais próximos ao Palácio da
Abolição.
Mas, se Ciro falou mal da Câmara dos Deputados, onde lá esteve e pouco
produziu, como se pensar em um novo mandato parlamentar? A resposta dos
defensores da saída de Cid é a de que o Senado é diferente. São apenas
81 brasileiros representando os 26 estados e o Distrito Federal. O
senador tem espaço para trabalhar, e lá, Ciro, cujo projeto nacional
ainda o alimenta, poderia exercitar sua veia parlamentar, tanto como
aliado ou quanto oposição. Na Câmara dos Deputados, são 531
parlamentares, sem espaço até para os muito poucos interessados em bem
exercer o cargo.
Na preocupação de deixar em condições de elegibilidade o irmão
primogênito, também está embutida a perspectiva de futuro político. Sem
mandato - o de deputado estadual que Ivo venha a conquistar, é pequeno
para o tamanho do espaço por eles conquistado -, os adversários e
inimigos que fizeram, ao longo dos últimos anos, terão um campo limpo
para o tripúdio. E os amigos ou aliados, que porventura ajudarem a
eleger, sobretudo na esfera nacional, não dispensarão a mesma deferência
de hoje, pois faltarão, aos irmãos ex-governadores, os meios próprios
para a tal colaboração da governança, a representação parlamentar.
Administração
O governador reiterou, seguidas vezes, ter disposição de ficar no
Governo para terminar suas obras e depois ir morar no exterior,
trabalhando em um banco de fomento com atuação, também, no Brasil. Por
não ter interesse em disputar um novo mandato, em 2014, é que ficaria no
Governo, mas pode deixar o cargo sem o compromisso de ser candidato,
disse um dos seus próximos assessores em recente almoço ofertado por um
construtor a representante do Governo Federal, quando da inauguração do
último conjunto do Programa Minha Casa, Minha Vida. Cid não estava na
ocasião.
O governador tem, realmente, obras a acabar, importantes sim, pois se
trata de escolas e equipamentos de saúde, nada além, senão em
quantidade, das demais idênticas já inauguradas ao longo desses pouco
mais de três anos do segundo período de Governo. Os grandes projetos,
como o Acquario, o metrô, em sua etapa subterrânea ainda por ser
iniciada, e o maior dos hospitais regionais, o da Região Metropolitana
de Fortaleza, esses, por mais esforço a ser feito até dezembro vindouro,
fim de mandato, muito longe ficarão de ser concluídas.
Então, argumentam alguns de dentro do Poder que, embora seja importante
o próprio Cid cuidar dos projetos do seu sonho, mais importante ainda é
cuidar do futuro político seu e dos liderados, no Estado e no campo
nacional, ainda pelo fato de, com ou sem Dilma Rousseff, 2018 projetar
uma nova ordem política para o Brasil, com favoráveis perspectiva para
os políticos jovens, experientes e limpos em plena atuação,
compartilhando com os demais agentes e a própria sociedade, sempre mais
existentes quanto às reações dos nossos representantes políticos.
Edison Silva
Editor de política
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