Diretor do Dnocs, Emerson Fernande,
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Desde o ano passado, o órgão espera por 25 máquinas perfuratrizes. Ministério da Integração diz esta rsem recursos
Apesar da expectativa de mais uma ano de estiagem no Nordeste, o
Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) ainda se encontra
em situação de esvaziamento. O órgão centenário, idealizado para ter
ação estruturante de convivência com o semiárido, ainda peleja para
conseguir pelo menos o repasse de 25 máquinas para perfurar poços nos
municípios do Interior, após ter o pedido negado pelo Ministério da
Integração Nacional no ano passado, segundo informa o diretor geral do
órgão, Emerson Fernandes.
Em maio do ano passado, o Dnocs solicitou ao Ministério da Integração a
doação de 25 máquinas perfuratrizes. Atualmente, existem somente 12 no
Nordeste inteiro, sendo três do Ceará. No entanto, o órgão respondeu
somente em agosto justificando não possuir verba disponível para a
rubrica. "O Ministério terminou, por falta de recursos, não podendo nos
atender. Fizemos tudo dentro do prazo", informa Emerson Fernandes.
O dirigente explica que o pedido foi feito novamente e aguarda retorno
do Ministério. "Tivemos que nos contentar com as antigas, que estamos a
toda hora fazendo recuperação, revisão e tendo que consertá-las",
destaca. No dia 27 de abril de 2013, o Diário do Nordeste divulgou que
1.254 poços profundos estavam tampados, sem jorrar água. O diretor geral
do Dnocs afirma que, desse total, uma parte tinha vazão adequada, mas
outros ainda precisavam de ajustes. Ele ressalta que, no Ceará, alguns
ainda não foram instalados, mas a licitação já está em andamento.
Emerson Fernandes acrescenta que, em 2013, foram instalados 800 poços e
600 foram perfurados e instalados no Nordeste. Os recursos são oriundos
do Programa Brasil Sem Miséria. No Ceará, foram feitas 120 perfurações e
instalações. A verba usada em 2013 foi de R$ 52 milhões, mesmo valor
que deverá ser liberado este ano pelo programa federal. Cerca de R$ 14
milhões vão ser direcionados ao Ceará.
Barragens
O diretor do Dnocs esclarece que a instituição também abriu licitação
para fazer um estudo sobre as 21 barragens do Plano de Integração das
Águas do Rio São Francisco. Só a contratação do estudo técnico custará
R$ 25 milhões, mas a expectativa é que a recuperação dessas barragens
seja orçada em aproximadamente R$ 300 milhões.
Apesar da limitação de atuação do Dnocs, Emerson Fernandes diz
acreditar que as ações executadas pelo órgão têm minimizado os efeitos
da seca. "Estamos vivendo hoje uma seca que, se repetirmos a situação do
ano passado, podemos dizer que é a pior seca da história. Graças ao
Dnocs, os efeitos têm sido minorados", opina.
No ano passado, foi formado um grupo de trabalho na Câmara dos
Deputados para discutir a reestruturação do Dnocs, mas o andamento dos
trabalhos está atrasado. Inicialmente, o texto deveria ser finalizado,
através de medida provisória, até agosto de 2013. Entre os pontos
debatidos, estão realização de concurso público e definição de funções
competentes ao órgão.
O diretor Emerson Fernandes afirma que as entidades que apoiam a
renovação do Dnocs têm feito reuniões constantes para garantir a
reestruturação da instituição e a concretização do concurso público.
"Temos receio de, com o passar do tempo e a diminuição dos recursos,
cheguemos a entrar numa aposentadoria constante e se tenha carência de
profissionais. Isso preocupa", relata.
Políticas públicas
Já na avaliação do diretor de comunicação do Sindicato dos
Trabalhadores Públicos Federais do Ceará, Joacir Moreira, o Governo
Federal deve estabelecer políticas públicas para combater a estiagem em
vez de ações pontuais. "Essa questão da seca e da estiagem é um fenômeno
recorrente, então não se admite ficar sempre nessa saia justa sabendo
que vai ter crise de estiagem", aponta.
Sobre a urgência de ações estruturantes do poder público, Joacir diz:
"É necessário um plano de estratégias permanentes de convivência com o
semiárido. Se vende uma ideia de que está tudo resolvido, mas com dois
anos de seca se escancara muita coisa que não é verdade".
O servidor público alerta sobre a carência na distribuição de águas do
Estado, apesar de a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh)
já ter descartado a possibilidade de racionamento. "Quem abastece
Fortaleza é o açude do Banabuiú. Em 1995, ele foi seco para abastecer
Fortaleza pelo Canal do Trabalhador". E completa: "Em 2014, se não
houver recarga da quadra invernosa, tem tudo para secar. O Castanhão dá
para abastecer todo o Estado, mas não tem sistema de distribuição".
O sindicalista Joacir Moreira aponta os riscos de a seca se prolongar
nos próximos anos. Segundo ele, o Dnocs contabilizava três mil
solicitações de perfuração de poços. A conta deixa de fora pedidos a
outros órgãos que também possuem essa competência, como a Secretaria dos
Recursos Hídricos (SRH). "A sociedade fica esperando uma resposta do
poder público, mas ela é muito deficitária". E pontua: "O Governo se
prepara para a Copa, mas não para a estiagem, que ocorre todos os anos".
Lorena alves
Repórter
Lorena alves
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