Bruno Pontes
politica@opovo.com.br
Estudo da organização não
governamental Transparência Brasil mostra que candidatos a cargos
públicos de estados com Produto Interno Bruto (PIB) mais baixo acabam
gastando mais por voto do que postulantes de estados mais ricos. É o
caso do Ceará. Segundo o levantamento, na eleição de 2010, que teve
como vitorioso o governador Cid Gomes (então PSB, hoje Pros), cada
candidato ao Palácio da Abolição gastou, por voto, R$ 22,7, ao passo que
em São Paulo a média de desembolso foi de R$ 5, 72. O PIB do Ceará gira
em torno de R$ 75 bilhões, enquanto o de São Paulo é de R$ 477 bilhões.
Em Roraima, o valor de cada voto para se eleger um deputado
estadual no pleito de 2010 foi de R$ 42,01, enquanto no Rio Grande do
Sul esse custo saiu por R$ 7,02.
Quando se avalia o custo de
uma campanha para deputado federal, observa-se que os candidatos do Rio
Grande do Norte gastaram, em média, R$ 1,42 milhão. Menos que os
postulantes do Paraná: R$ 1,04 milhão. No Ceará, esse valor saiu por R$
563 mil. Quase uma exceção.
Entrando no debate sobre o modelo
de financiamento eleitoral no país, a ONG Transparência Brasil aponta
distorções nos recursos gastos em campanhas conforme os estados e
apresenta sugestões para diminuir o peso do poder econômico privado nas
eleições. “O dilema é como reduzir o descabido predomínio do dinheiro
nas decisões eleitorais sem recair em proibições inócuas”, afirma o
diretor executivo da entidade, Claudio Weber Abramo.
A
predominância se confirma na análise dos números de arrecadação que os
candidatos eleitos em 2010 e 2012 informaram à Justiça Eleitoral, base
do relatório.“Qualquer que seja o âmbito que se considere, é sempre
muito alta a correlação entre receitas de candidatos e número de votos”,
destaca Abramo.
Custo do voto
Abramo chama atenção para “uma certa irracionalidade” observada na comparação dos custos de campanha por unidade da federação.
Há,
ao mesmo tempo, uma correlação relativamente alta entre a média de
arrecadação pelos deputados estaduais eleitos e os PIBs estaduais, mas
isso não acontece com os deputados federais eleitos. “A valorização do
posto federal depende menos do estado”, observa Abramo.
O
relatório conclui também que existe sempre uma quantia mínima de
dinheiro arrecadado abaixo da qual um candidato não se elege. “Esse
limite varia conforme a circunscrição considerada. Arrecadar mais do que
esse montante não garantiu a eleição do indivíduo, mas arrecadar menos
garantiu que a pessoa não se elegesse. Esse é o primeiro princípio
norteador de todo candidato”, afirma Abramo.
Para se elegerem
deputados federais pelo Ceará em 2010, os candidatos tiveram que
arrecadar em média R$ 563 mil. Edson Silva (Pros) foi quem arrecadou
menos: R$ 48.221. Na outra ponta, conforme a Transparência Brasil,
estaria José Guimarães (PT), com R$ 1.334.800. Contudo, o Tribunal
Superior Eleitoral (TSE) informa que a maior arrecadação entre os
federais cearenses eleitos foi a de Mário Feitoza (PMDB): R$ 1.389.492.
No
caso dos deputados estaduais eleitos em 2010 no Ceará, a menor
arrecadação foi a de Ely Aguiar, do PSDC (R$ 44.500). Ivo Gomes (Pros)
teve a campanha mais rica: R$ 890.433.
SERVIÇO
Mais informações sobre eleições no site da Transparência Brasil:
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