Tereza e Galdino moram na Avenida Penetração Norte-Sul (FOTO: Hayanne Narlla) |
Mesmo com um nome peculiar, Tereza não quer alterações. “Todo mundo solta piadinha, mas desde sempre foi esse nome. Se mudasse seria muito ruim, porque todo mundo está acostumado”, enfatiza. O nome da avenida se torna ainda mais engraçado por existir as vizinhas Penetração Leste, Norte, Oeste e Sul – todas na mesma região. De quebra, ela ainda corta as Avenidas Contorno Norte e Sul.
Talvez por causa da vergonha sobre o nome, a Penetração Norte não é conhecida pelo que está na placa. “Todo mundo chama aqui de Avenida E. Acho que é porque é vizinha da Avenida F”, arrisca Magda Enoe, dona de confeitaria.
Ruas com nomes inusitados
Piadas e trocadilhos são recorrentes quando se fala da Avenida Penetração Norte-Sul (FOTO: Hayanne Narlla)
Do Amor Perfeito a Penetração (sem trocadilhos, por favor!), o Tribuna do Ceará listou 20 ruas de Fortaleza com nomes, no mínimo, inusitados. Mas isso ainda é pouco perante o total existente.
Nome estranho, passado incomum
Com a alcunha de Rua Apocalipse, uma viela estreita passa despercebida no bairro Quintino Cunha. A vice-presidente do Conselho Comunitário do Alto Jerusalém, Rosita Mesquita do Santos, aponta que o nome advém de um grupo de religiosos que, ao se agrupar, ocupou a região. “Aqui tem várias ruas com nomes da Bíblia, como Moisés, Vitória, São Vicente, São Lucas”.
Rosita mora há 23 anos em uma rua que corta a Rua Apocalipse (FOTO: Hayanne Narlla) |
Em uma região vizinha, no Pirambu, a cabeleireira Antoniele Araújo mora na Rua Grito de Alerta há dez anos. “Quando digo meu endereço, as pessoas estranham e ficam achando que é brincadeira”. Sobre as origens do curioso título, Antoniele explica, sem muita certeza, que por se tratar de uma rua perigosa no passado, as pessoas iam gritando e alertando aos outros sobre a violência no local. “Foi muito mal falada, mas hoje está bem tranquila”.
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Fortaleza já foi cheia de ruas com nomes curiosos e com sentidos bem específicos. O historiador Miguel Ângelo de Azevedo, o Nirez, aponta que algumas vias bem conhecidas já tiveram nomes “poéticos”. Uma rua com justificativa especial é a Castro e Silva, que se chamava Rua das Flores, por ligar o cemitério São João Batista à Catedral.
Outras vias mudaram de nome por homenagens a personalidades, ou perderam a homenagem que faziam. “A Avenida Estados Unidos passou a ser Virgílio Távora. E não faz tanto tempo. A Beira Mar já foi Getúlio Vargas”.
Outras vias que mudaram de nome:
Avenida Trilho do Céu – Tristão Gonçalves; Rua Visconde do Cauípe – Avenida da Universidade; Estrada de Parangaba – Avenida João Pessoa; Rua Cachorra Magra – Marechal Deodoro; Rua da Cruz – Jaime Benévolo; Rua das Trindades – Solon Pinheiro; Rua do Lago – Barão de Aratanha.
Avenida Universidade é um dos logradouros sem denominação oficial (FOTO: Reprodução) |
Segundo o presidente da Câmara Municipal, Walter Cavalcante (PMDB), para alterar o nome das ruas é necessário um trâmite legal com aprovação na Casa. “A nova rua passa pela Comissão de Urbanismo para ser aprovada ou não. Ela receberá o nome de uma pessoa já morta”, explica.
Quando se trata de uma rua já consolidada, como a Avenida da Universidade, que pode se tornar Avenida Antônio Martins, há um projeto que tramita nas comissões, além de uma consulta junto à população. Quando não é uma via tão conhecida, basta o projeto solicitando a alteração ser aprovado na Câmara. O pedido pode ser realizado, inclusive, pelos próprios moradores.
Entretanto, mesmo com todas essas possibilidades e com a estranheza causada pelos nomes incomuns, os entrevistados, na verdade, gostam da peculiaridade. “Esse nome está bom, melhor assim”, confessa Galdino, da Penetração Norte-Sul. Rir um pouquinho, mesmo que por conta de uma rua, não faz mal a ninguém.
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