Com as novas regras que podem vir a ser estabelecidas pelo Congresso, diminuem possíveis emancipações
O
deputado Neto Nunes (PMDB), em seu pronunciamento, ontem, na Assembleia
Legislativa, enalteceu o trabalho da Comissão de Constituição, Justiça e
Cidadania do Senado Federal, que aprovou a proposta de emancipação de
distritos. O contentamento do deputado era pelo fato de o Senado não ter
feito alteração substancial na matéria já aprovada pela Câmara dos
Deputados, o que obrigaria o seu reexame pelos deputados federais. A
nova lei, contudo, pelas suas exigências, reduzirá o número total de
distritos cearenses, atualmente 30 com capacidade de emancipações para
apenas uns 20, aproximadamente.
Otimista
com relação às chances de emancipações, o deputado Neto Nunes adverte
para a necessidade de mudar a Lei do Estado do Ceará FOTO: JOSÉ LEOMAR
Segundo
Neto Nunes, o plenário do Senado já na próxima semana pode aprovar o
projeto da Lei Complementar tão reclamada pelos defensores da criação de
novos municípios. Como não há mais divergências com o Executivo
Federal, acredita o deputado que logo a matéria será sancionada pela
presidente Dilma e, desse modo, a Assembleia Legislativa do Ceará fará
algumas alterações na sua própria Lei Complementar e já no próximo ano o
TRE poderá fazer os plebiscitos sobre as emancipações.
O
parlamentar esteve em Brasília, na quarta-feira passada, com técnicos da
criação de novos municípios e ressaltou que no encontro, ocorrido na
Comissão de Constituição e Justiça, foi aprovado a urgência da proposta
que trata da criação de novos municípios, inclusive, com a retirada de
emendas que modificavam a matéria original. Segundo ele, o projeto terá
até 15 dias depois de aprovado no Congresso, para ser sancionado pela
presidente Dilma Rousseff. "Eu sempre digo que emancipar um Município é
distribuir renda. É fazer distribuição dos recursos públicos com mais
qualidade".
Capacidade
Conforme
ressaltou, a partir de agora, a prerrogativa das assembleias
legislativas em criar municípios será retomada e que por isso, o Ceará
vive outro momento, pois muitos distritos passarão a ter a capacidade de
se emanciparem. "Tem distrito que cresceu tanto que não se desenvolve
mais porque o Município mãe não tem mais possibilidade de dar esse
desenvolvimento. Nós temos que desconcentrar as rendas que estão em
Brasília. Os prefeitos estão sem condições de atender a demanda da
população", reclamou.
Ele lembrou ainda que algumas alterações e
adequações terão que ser feitas na lei estadual, como a que concede
emancipação apenas para os distritos com mais de 8.700 habitantes. No
projeto cearense, bastava que houvesse um abaixo assinado de 100
eleitores para fazer o plebiscito e agora terá que ser de 20% do
eleitorado não somente do distrito, mas de todo o Município. "Na nossa
Lei a sede do Município tinha que ter 400 prédios e agora, na nova Lei
precisa ter 800 prédios, sendo esses habitacionais, no mínimo. São
algumas mudanças que nós vamos ter que readequar rapidamente e espero
que esse plebiscito possa ser feito na próxima eleições".
O
vice-líder do Governo, Júlio César Filho (PTN), lembrou que existe um
"egoísmo" por parte de alguns municípios que não deixam determinados
distritos se emanciparem, como acontece em Maranguape em relação a
Maracanaú. Segundo disse, Pajuçara é um desses distritos que tem a
capacidade de se tornar Município, visto as indústrias e o comércio
consolidado. Em sua avaliação, dos 30 distritos que tiveram viabilidade
para se tornarem municípios no projeto da Assembleia, possivelmente
somente 20 atendam as determinações da nova lei.
Limites
O
deputado Neto Nunes ressaltou ainda a questão envolvendo os limites de
municípios e estados e salientou que no caso de Ceará e Piauí, este tem
prejudicado a delimitação das terras, visto que avançou nas áreas
pertencente ao Ceará. Ele lembrou que o deputado federal Raimundo Gomes
de Matos (PSDB) apresentou um projeto para realização de plebiscito para
definir os limites dos municípios vizinhos, nos separando os dois
Estados, mas a proposição está sendo contestado pelo deputado do Piauí
Antônio Uchoa (PDT). Segundo o deputado, o " Piauí quer terras nos
municípios de Granja, Tianguá, Ubajara, Ibiapina, Carnaubal, Croatá,
Ipueiras".
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