Ao todo, 96 médicos farão curso na Capital. Se aprovados, serão distribuídos entre quatro Estados
Fortaleza
recebeu, na tarde de ontem, mais um grupo de médicos selecionados pelo
Programa Mais Médicos, do governo federal. Ao todo, 207 profissionais
cubanos fizeram escala no Aeroporto Internacional Pinto Martins. Destes,
79 desembarcaram para participar do curso que começa hoje na Escola de
Saúde Pública do Ceará (ESP-CE). O restante seguiu para Recife (PE) e
Salvador (BA).
A
fase de capacitação dos profissionais vai durar três semanas. O
conteúdo programático inclui saúde pública e língua portuguesa Foto: Kid
Júnior
O avião fretado pelo governo de Cuba, vindo de
Havana, chegou ao aeroporto de Fortaleza às14h30, com mais de uma hora
de atraso. Um grupo de cerca de 30 pessoas da União da Juventude
Socialista (UJS) recepcionou com faixas, balões e palavras de ordem os
cubanos. "Acreditamos que a contribuição desses médicos irá melhorar a
qualidade da saúde, porque, diferentemente dos médicos brasileiros, que
viajam para o exterior somente para especializações, eles estão
envolvidos em campanhas humanitárias", acredita a estudante Maria Lima.
Após
passarem pelos trâmites do setor de imigração, os médicos foram levados
pelo Exército até a unidade militar onde ficarão hospedados durante o
período de acolhimento, no 23º Batalhão de Caçadores (23ºBC), no Bairro
de Fátima.
De acordo com a assessoria de comunicação do
Ministério da Saúde, ao todo, 96 médicos participarão do curso em
Fortaleza. Deste grupo, 79 são cubanos. Outros oito chegaram na
sexta-feira (23), sendo quatro brasileiros com diploma emitido no
exterior, dois espanhóis, um boliviano e um português. Ainda há nove
médicos estrangeiros e brasileiros com diploma validado fora do País,
que chegaram no sábado e ontem à Capital.
Dezenove municípios
cearenses serão beneficiados nesta fase inicial do programa, que prevê a
contratação de 106 médicos brasileiros e cinco estrangeiros para o
Estado. No Brasil, 701 cidades receberão profissionais.
Treinamento
Antes
de começarem a atuar, os médicos selecionados participam de um
treinamento que durará três semanas, em Fortaleza e em outras sete
capitais. No conteúdo programático, está um módulo de avaliação do
programa sobre saúde pública brasileira e língua portuguesa. Caso sejam
aprovados na prova final, os médicos serão distribuídos nos Estados do
Ceará, Piauí, Maranhão e Rio Grande do Norte.
Os médicos estrangeiros e brasileiros com diploma emitido no exterior começam a trabalhar no dia 16 de setembro.
Segundo
o secretário de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da
Saúde, Odorico Monteiro, esses profissionais terão atuação exclusiva no
Programa Saúde da Família. "Eles atuarão com exclusividade na atenção
básica de saúde, por isso, não é necessário que façam o Revalida. Eles
não darão plantão em hospitais e nem farão cirurgias e outros
procedimentos de acordo com as suas especialidades, como os médicos
estrangeiros que se submetem a esse exame", diz.
Para a médica
cubana Ivia Agrilena, essa é uma oportunidade de fazer o bem. "Sou
médica há seis anos e também trabalhei na Venezuela. Nós queremos
trabalhar com o coração", destaca. Esta é a quarta vez que o médico Juan
Hernandez sai de Cuba para atuar em outros países. "Nesses anos de
Medicina, já trabalhei em vários países, como a Bolívia e a Venezuela.
No Brasil, já estive em Sobral", relatou.
Aulas
O
módulo de acolhimento e avaliação tem carga horária de 120 horas com
aulas expositivas, oficinas e simulações de consultas e de casos
complexos. Em Fortaleza, será das 8h às 18h, de segunda a sexta-feira,
na ESP-CE. Também haverá visitas técnicas aos serviços de saúde.
Os
temas abordados incluem legislação, funcionamento e atribuições do
Sistema Único de Saúde (SUS) com enfoque especial na atenção básica,
doenças prevalentes e aspectos éticos e legais da prática médica.
Depois
de avaliados, os médicos que tiverem sua qualificação atestada
receberão um registro profissional provisório. As prefeituras que
receberão os profissionais serão responsáveis pela alimentação e
moradia. Eles serão supervisionados por instituição de ensino e pelas
secretarias estaduais e municipais de Saúde.
KELLY GARCIA
REPÓRTER
Entidade entrará com Adin amanhã
O
presidente do Sindicato dos Médicos do Ceará (Simec), José Maria
Pontes, já avisou: amanhã, às 17h, a entidade, juntamente com o Comando
Nacional do Ato Médico, entrará com Ação Direta de Inconstitucionalidade
(Adin), no Supremo Tribunal Federal (STF), contra a medida provisória
do Mais Médicos.
O programa do governo federal determina que os
registros temporários para estes profissionais sejam expedidos pelos
Conselhos Regionais de Medicina.
Melo enfatiza que o Simec não é
contrário à vinda dos profissionais cubanos a Fortaleza, mas questiona:
"esses médicos são da Escola Latino-Americana de Medicina e são
proibidos de exercer a profissão em Cuba. Então, porque eles podem
exercer suas funções no Brasil?". Avalia ainda que a situação é um
desrespeito à medicina brasileira.
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