O ministro Marco Aurélio Mello, do STF, diz que a Mesa Diretora deveria ter declarado a perda de mandato
Sete
dos 22 deputados cearenses não votaram na sessão que absolveu Natan
Donadon do processo de cassação de mandato, na quarta-feira (28). Os
deputados Mário Feitoza (PMDB), Manoel Salviano (PSD), Artur Bruno (PT) e
Antônio Balhman (PSB) não estavam presentes na Câmara. Já os deputados
Genecias Noronha (PMDB), José Linhares (PP) e Vicente Arruda (PR)
compareceram à Casa no dia, mas não votaram.
Mesmo
com sentença transitada em julgado, sem possibilidade de recurso,
Donadon, que está preso, foi poupado pelos parlamentares FOTO: AGÊNCIA
BRASIL
Donadon foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal
(STF) a mais de 13 anos de prisão por liderar um esquema que desviou
recursos da Assembleia Legislativa de Roraima entre 1995 e 1998, quando
atuou como diretor financeiro da Casa.
Mesmo com sentença
transitada em julgado, sem possibilidade de recurso, Donadon, que está
preso na penitenciária da Papuda, em Brasília, teve mandato mantido pela
Câmara em sessão com votação secreta. Foram 233 votos a favor da
cassação, 131 contra e 41 abstenções. Eram necessários 257 votos para
que o parecer da Comissão de Constituição e Justiça, favorável à perda
do mandato, fosse aprovado.
Os deputados José Linhares e Genecias
Noronha informaram que estavam presentes na primeira sessão, às 14
horas, mas que se ausentaram antes da votação da cassação, que ocorreu
às 21 horas. Segundo eles, o painel da Câmara registra a mesma presença
para ambas as sessões.
De acordo com a assessoria de Antônio
Balhman, o deputado foi diagnosticado com dengue e está doente há dois
dias. Ele encontra-se em Fortaleza e afirmou não poder conversar ao
telefone. A assessoria de Vicente Arruda informou que o deputado se
ausentou da Câmara antes da votação e viajou para o interior do Ceará.
Manoel Salviano estava indisponível para contato, mas, segundo a
assessoria dele, no dia da votação o deputado estava no Ceará em reunião
com diretórios municipais do PSD.
Já os assessores de Mario
Feitoza, que preside a subcomissão do sistema financeiro da Câmara,
afirmam que o deputado se ausentou no dia da votação devido a uma
reunião com a Federação Brasileira de Bancos.
O parlamentar
alegou que não sabia que a votação sobre a cassação de Donadon seria na
quarta-feira, pois foi informado por líderes partidários que a questão
seria apreciada depois.
O deputado Artur Bruno disse que faltou
devido a uma crise de garganta, mas declarou que teria sido a favor da
cassação. O petista avaliou que, se a votação fosse aberta, Donadon
teria sido cassado. "Minha expectativa é que a população pressione o
Congresso para instituir o voto aberto em todas as questões, o mais
rapidamente possível", disse Bruno. Na CCJ, com voto aberto, o pedido de
cassação foi aprovado por 39 votos contra 16.
Após a decisão do
plenário, o presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves, anunciou a
impossibilidade de o deputado exercer o mandato devido à sentença de
prisão. Donadon, eleito pelo PMDB e atualmente sem partido, foi colocado
em licença forçada e seu suplente, Amir Lando (PMDB-RO), foi convocado
para assumir o cargo.
Papuda homenageada
O
ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal, criticou a
decisão da Câmara. "Agora temos essa situação de alguém com direitos
políticos suspensos, mas com mandato. A Papuda que está homenageada. Vai
causar inveja muito grande aos demais reeducandos", disse. Mello
afirmou que "num caso como este cabe à Mesa Diretora da Casa declarar a
perda do mandato e não levar à votação".
O PSDB e o PPS entraram ontem com mandado de segurança no STF para anular a sessão, alegando irregularidades.
GEORGE ARAÚJO/ GERMANO RIBEIRO REPÓRTER/ REDAÇÃO WEB
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