Para tentar dar mais dignidade a esse público, Habitafor anuncia projeto de construção de 84 casas
São tantas Marias e Josés, vidas abandonadas nas calçadas e esquinas de Fortaleza. Uma população de mais de 4.500 pessoas que vivem, hoje, em situação de rua em Fortaleza. Esse público vem crescendo, se adaptando e se escondendo no cotidiano dessa cidade de pedras. Se em 2008, a gestão municipal contabilizava cerca de 1.700 pessoas, houve crescimento de 164% em cinco anos. Motivo: a dependência química, a perda de laços e de sonhos, entre tantos outros.
Mas como garantir mais dignidade?
A construção dos imóveis atenderá às demandas e ao perfil destas pessoas. O cadastro vai priorizar aqueles que queiram ter uma casa, portadores de alguma deficiência, idosos e famílias com crianças Foto: José Leomar
O problema não é fácil de ser resolvido, adianta a secretária executiva da Fundação de Desenvolvimento Habitacional de Fortaleza (Habitafor), Olinda Marques. Entretanto, ela anunciou, ontem, um projeto de habitação de interesse social direcionado à população em situação de rua, que prevê a construção de 84 unidades habitacionais. O terreno, no bairro central da Jacarecanga, será adquirido pela Prefeitura e o empreendimento submetido ao Ministério das Cidades para captação dos recursos. O investimento será de R$ 3,5 milhões. "Essa experiência é inédita no País e tem estimulado outros estados", afirma Olinda.
São tantas Marias e Josés, vidas abandonadas nas calçadas e esquinas de Fortaleza. Uma população de mais de 4.500 pessoas que vivem, hoje, em situação de rua em Fortaleza. Esse público vem crescendo, se adaptando e se escondendo no cotidiano dessa cidade de pedras. Se em 2008, a gestão municipal contabilizava cerca de 1.700 pessoas, houve crescimento de 164% em cinco anos. Motivo: a dependência química, a perda de laços e de sonhos, entre tantos outros.
Mas como garantir mais dignidade?
A construção dos imóveis atenderá às demandas e ao perfil destas pessoas. O cadastro vai priorizar aqueles que queiram ter uma casa, portadores de alguma deficiência, idosos e famílias com crianças Foto: José Leomar
O problema não é fácil de ser resolvido, adianta a secretária executiva da Fundação de Desenvolvimento Habitacional de Fortaleza (Habitafor), Olinda Marques. Entretanto, ela anunciou, ontem, um projeto de habitação de interesse social direcionado à população em situação de rua, que prevê a construção de 84 unidades habitacionais. O terreno, no bairro central da Jacarecanga, será adquirido pela Prefeitura e o empreendimento submetido ao Ministério das Cidades para captação dos recursos. O investimento será de R$ 3,5 milhões. "Essa experiência é inédita no País e tem estimulado outros estados", afirma Olinda.
Conforme os atendimentos feitos pelos equipamentos públicos, a maior parte desses moradores é composta de homens, entre 26 e 35 anos, com ensino fundamental incompleto, da Capital, com vínculo familiar fragilizado ou rompido, e que não tem nenhuma renda ou trabalho.
Projeto
A gestão foi convidada para participar, hoje e amanhã, em Brasília, do Seminário Internacional "Apoio aos Diálogos Setoriais Brasil - União Europeia: Promoção e Proteção dos Direitos da População em Situação de Rua".
O empreendimento terá uma peculiaridade: a maioria das casas terá apenas um quarto, uma espécie de "quitinete". Conforme Olinda Marques, a construção atenderá às demandas e ao perfil dessa população. "Entendemos que muitos moradores de rua perderam seus laços familiares, vivem sozinhos. Vamos priorizar, no nosso cadastro, indivíduos que desejem um lar, pessoas com deficiência, idosos e famílias com crianças", explica. Superadas as fases de submissão e de licitação, a expectativa da Habitafor é de começar as obras ainda nesse segundo semestre.
Monitoramento
Como manter essas pessoas em situação de moradia fixa visto que estavam acostumadas a outra realidade? Para a secretária da Pastoral do Povo de Rua, Fernanda de Sousa, um bom acompanhamento e políticas públicas intersetoriais podem garantir êxito ao projeto. "Garantir uma moradia digna é o primeiro passo de muitos para a aquisição de direitos e fim das vulnerabilidades", afirma a secretária. Por experiência própria, Fernanda conta que muitos deles sonham, sim, em sair das ruas, só não sabem como ou não acharam, segundo ela, o caminho de volta à vida. "Temos que dar oportunidades, acreditar que possam ter um futuro melhor, diferente. Dar uma casa já é um pontapé para a conquista de outras coisas, de um trabalho, de um tratamento para as drogas, da constituição de uma família, de uma sociabilidade", diz, entusiasmada, Fernanda. Ela torce para que realmente o projeto saia do papel e o residencial tenha, sim, mais ações intersetoriais.
"Com uma população de rua com cerca de 5 mil pessoas, construir 84 casas ainda é muito pouco. Temos que brigar por mais", aponta a secretária. A Pastoral conta, hoje, com a Casa do Povo de Rua, entidade que realiza acolhimento. Por dia, segundo ela, são cerca de 70 pessoas atendidas, mais de 6.220 mil em 2012.
O titular da Secretaria do Trabalho, Desenvolvimento Secretaria de Trabalho, Desenvolvimento Social e Combate à Fome (Setra), Cláudio Ricardo, reconhece o desafio de dar mais qualidade de vida a quem carece de tanto - comida, trabalho, moradia, saúde, etc. Para tentar minimizar essas vulnerabilidades, ele informou que, até agosto, estará lançando um novo Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (CentroPop), no Benfica.
Atualmente, uma unidade já está em funcionamento no Centro, com 80 atendimentos por dia. "Percebemos um aumento da demanda, a maioria vítima da dependência química. O crescimento é visto com preocupação, mas sabemos que ações como essa, de garantir moradia, são fundamentais", finaliza.
IVNA GIRÃOREPÓRTER
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