quinta-feira, 13 de junho de 2013

Professores paralisam as atividades

Juazeiro do Norte. Professores da rede pública juazeirense paralisaram suas atividades ontem, por tempo indeterminado. A decisão pela greve aconteceu há oito dias, em assembleia realizada pelos docentes.
Os professores reagiram com indignação pelos cortes nos vencimentos. A sessão tumultuada contou com a presença de policiais e guardas municipais, chegando, inclusive, a ser lançado até spray de pimenta no plenário FOTO: ELIZÂNGELA SANTOS

Os servidores municipais pretendem entrar na Justiça para recorrer da votação da Câmara, na última quinta-feira, em sessão tumultuada, em que foi decido por 12 votos a quatro, por meio de emenda, a redução das gratificações e bônus da categoria em até 40%.

Além disso, ainda foram definidas a alteração de carga horária, dentre outras mudanças, inseridas em emenda no Plano de Cargo, Carreira e Remuneração (PCCR). A administração local justifica a redução dos salários à adequação do município à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

Mobilizações

A decisão da Câmara tem tido repercussão nos meios de comunicação nacional e nas redes sociais. Ontem, os professores estiveram reunidos, no primeiro dia de greve da categoria, na sede do Sindicato, no bairro Salesiano, para definir quais os próximos passos em relação às mobilizações dos docentes.

Nesta quinta-feira, haverá contração, a partir das 8 horas, na praça da Prefeitura. A presidente do Sindicato dos Servidores Municipais, Mazé dos Santos, destaca o "caos" que chegou a educação da cidade, e afirma que está sendo organizada toda a documentação necessária, para entrar na Justiça contra a decisão tomada pelos vereadores, em sessão tumultuada, realizada na última quinta-feira.

O vereador Cláudio Luz, do Partido dos Trabalhadores (PT), destacou que a votação não respeitou o regimento da Câmara. Ele com os vereadores Gladson Bezerra, Rita Monteiro e Tarso Magno pretendem entrar com pedido de anulação da sessão. A professora Francisca Bezerra afirma que a classe está de luto por ter tido um corte tão drástico nos salários.

Com os cortes, os professores poderão ter retirados dos salários valores que podem chegar a até R$ 900,00. Conforme a mudança, a gratificação por regência de classe de 40% sobre o salário de R$ 783,00, passa a ser de 30%.

Tumulto

A sessão tumultuada contou com a presença de policiais e agentes da Guarda Municipal. Em momentos de tensão, chegou a ser lançado até spray de pimenta no plenário para conter os ânimos dos manifestantes.

Os vereadores tiveram dificuldade de sair da Câmara e foram escoltados pela segurança, horas depois da votação. Na saída, foram lançados ovos contra os legisladores. A secretária de Educação de Juazeiro do Norte, Célia Viana, justificou a redução dos salários, para a adequação das despesas à folha.

Serão cerca de 2.300 professores que terão as gratificações reduzidas gradativamente nos próximos meses e, de imediato, serão cortadas de mais de 200 docentes. A emenda à lei também reduz o nível de aumento salarial por tempo de carreira.

Antes da aprovação, cada professor recebia automaticamente um aumento de 5% no salário, a cada três anos no serviço público. Haverá uma redução 2% em relação a essa porcentagem.

Luto

Os professores reagem com indignação e há um luto geral da categoria. Segundo a presidente do Sindicato, houve uma ditadura da Câmara que prevaleceu. "Pedimos aos pais que entendam e que estejam conosco nessa luta. Não queríamos optar pela greve, mas foi a única coisa que nos restou", diz. Com as perdas, os professores passarão a receber R$ 887,34.

Ontem, o "Bom dia Brasil", exibiu em rede nacional o drama vivido pelos professores de Juazeiro do Norte, que tem sido destaque em outros meios de comunicação do País.

O remanejamento de alunos e fechamento de escolas na zona rural, além da mudança de docentes para outras unidades têm sido motivo de revolta para os servidores e pais de alunos.

Desde o início do ano, que a administração vem buscando realizar mudanças na educação, com os cortes, e os professores chegaram a entrar na Justiça, para terem de volta as gratificações. A classe temia a aprovação na Câmara do projeto, e vinha acompanhando todas as sessões, com mobilizações, até que, na semana passada, o Legislativo aprovou o projeto, apesar de todos os protestos manifestados pela categoria.

Elizângela Santos
Repórter

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