Evento reuniu, na manhã de ontem, no Parque Rio Branco, famílias para discutir o direito pleno à cidade
Durante os últimos 15 dias não faltaram convites para sair às ruas e se manifestar. E não é que as crianças também atenderam aos pedidos e ocuparam, na manhã de ontem, o Parque Rio Branco, na Avenida Pontes Vieira? O evento "Criança no Parque - Ato Brincante em Fortaleza" chamou atenção para o direito à cidade, a necessidade de ocupação dos espaços públicos e, principalmente, a importância do brincar. Um momento lúdico e de lazer, mas que a garotada parece ter levado à serio. Escreveram cartazes pedindo mais saúde, educação e lazer.
Lazer com reivindicação: muitas crianças escreveram cartazes pedindo mais saúde, educação e lazer, no Parque Rio Branco Foto: Alex Costa
E pela brincadeira é que a criança se manifesta. Assim fez o estudante Matheus Mesquita, 14. Enquanto se divertia, ele disse que sentiu, nessa ultima semana, tudo mudar de uma hora para outra, ficou curioso com todas essas manifestações e atos de violência. "Muitos colegas na escola ficaram falando dos protestos. Eu entendi que as pessoas estão reclamando das injustiças e do uso do dinheiro público", afirma o garoto. Assim como ele, outras dezenas de menino comentavam sobre últimos fatos.
Futuro
A mãe do Matheus, professora universitária Maria do Céu de Lima, apoia a indagação dos dois filho, tenta ajudá-los a compreender melhor os novos tempos, o que virá. Nesse sentido, ela critica essa noção de que as mães teriam que lutar pelo futuro dos seus filhos. "Estamos fazendo a crítica ao presente, queremos mudar o agora. Nosso filhos têm o direito à cidade e não estão podendo usufruir disso por conta dos riscos", afirma.
Mas como tratar esse tema dos protestos com as crianças? Uma das organizadoras do evento, mãe e ativista, Andreia Costa, fala que é preciso envolver, sim, os filhos nesse processo de mudanças sociais, mas sem expô-los às vulnerabilidades. "Temos que tirar as crianças de casa, dar-lhes o direito de ir às ruas, de ter direitos de ir e vir, de poder brincar tranquilos, sem tanto temor e violência. Isso que estamos fazendo agora, aqui no Rio Branco, é uma efetivação disso", afirma a mãe enquanto seu filho, Lírio Costa, brinca com tintas e canetinhas. Talvez, vislumbrando um mundo novo, bem mais divertido, colorido e lúdico.
Uma outra mãe, a empresária Beatriz Penaforte, fala que as pequenas mudanças e revoluções se dão no cotidiano. Em conversas contastes em casa, ela sentiu que filho, Tobias Lobo Costa, 6, já se preocupa com as relações sociais e econômicas. "Um dia o Tobias me perguntou o que era ladrão, porque as pessoas eram violentas? Ele já tem noção de que existe injustiça, gente rica e pobre. Isso é importante para consciência crítica".
Um próximo ato está marcado para a manhã do dia 30, no Passeio Público, no Centro: a "Marcha das Crianças em Fortaleza para um Brasil melhor".
Ivna Girão
Repórter
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