quarta-feira, 8 de maio de 2013

Suricate Seboso, sucesso do Facebook ‘Made in Ceará’


Diego Jovino (Tribuna do Ceará)
Diego Jovino, o idealizador do Suricate Seboso (Foto: Roberta Tavares)

O Suricate Seboso existe. Não é mero personagem do Facebook. No cartório foi registrado como Diego Oliveira Jovino e claro que ele atende por esse nome. O jovem de 26 anos é o Suricate “sem tirar nem por”. Viveu ou testemunhou tudo o que retrata em suas imagens. É moleque como todo cearense e esbanja naturalidade com seu jeito gaiato.

Logo no primeiro contato solta um “manda esse povo ‘pegar o beco’ para a gente começar a entrevista”, ao perceber que o local onde aconteceria a conversa estava ocupado por outros jornalistas da emissora.
Mas por trás (sem maldade) do cearense, que é seguido literalmente por mais de 550 mil fãs, existe um ex-recepcionista de loja de informática que sobreviveu a pouca comida em casa, conquistou a ‘idolatria’ de seus conterrâneos e alimenta o sonho de estudar Publicidade e Marketing.
Nascido em Fortaleza, no ano de 1986, Diego Jovino passou por dificuldades na infância, apesar de distribuir risos diariamente a seus seguidores nas redes sociais. “Minha família não tinha dinheiro. Alguns dias eu só merendava farinha e café”, desabafa.
A baixa estatura, os cabelos encaracolados e o sotaque carregado reforçam o que o idealizador da página do Facebook Suricate Seboso realmente é: um cearense arretado, com vontade de vencer e crescer mais na vida para poder comprar uma casa.
Já morou nos bairros Palmeiras e Alto Alegre. Mas a vida mudou mesmo quando foi morar com os avós no Parque Água Fria. Nunca mais faltou comida. Terminou os estudos na escola pública e começou a trabalhar com carteira assinada quando completou 20 anos.
Suricate Seboso no Facebook

Passou por diversas empresas até que, no dia 12 de dezembro de 2012, teve uma ideia genial. Após acessar páginas regionais no Facebook, resolveu criar o Suricate Seboso. ‘Suricate’ porque é um animal que possui grande diversidade de imagens disponíveis na internet. “Tem foto de todo tipo. Umas parecem que ele está sorrindo, outras chorando. Pequenininho, grande, feio e bonito. É muito caricato”, conta. Escolheu ‘Seboso’ porque o cearense gosta de chamar o outro já “frescando”, como ele próprio explica.
Diego não imaginava que a página fosse crescer tão rápido. No início, tinha sido criada apenas para servir como brincadeira com os amigos. “Eu fazia uma imagem a partir de fatos que aconteciam no meu dia a dia, compartilhava e marcava alguém. Pensava que muita coisa que eu postava lá era algo mais específico do meu bairro, aí comecei a ver que era um costume de todos os fortalezenses”.
“Eita!”

A naturalidade, que as vezes soou como ingenuidade, trouxe milhares de compartilhamentos. O sucesso não subiu à cabeça e é com humildade cativante que ele se orgulha de citar curtições de gente que nem é cearense. O fenômeno alcança todas as regiões do país, que dirá do mundo, e se propaga a cada dia. Estatísticas oficiais divulgadas pelo jovem mostram que internautas dos Estados Unidos, Itália, Portugal, México, Alemanha, dentre outros países, também se divertem com as sacadas bem-humoradas. Afinal, há um cearense em cada lugar desse mundo.
O jovem jamais pensaria também que a administração da página se transformaria no trabalho dele, onde se debruçaria dia e noite para que trouxesse bom retorno financeiro. “Eu fiquei impressionado. Demorou uma semana para poder chegar a mil curtições, depois que alcançou isso, conseguimos 5 mil likes por dia, depois 10 mil e foi aumentando. Quando chegou a 100 mil começou a aparecer anúncio e gente procurando para divulgar algum produto ou marca”, conta sem esconder a felicidade.

 Inspiração
Junções de palavras e erros propositais de português dão o ar engraçado às imagens, que são baseadas em frases ditas pelos cidadãos comuns cearenses. É a transformação daquilo que já sofreu preconceito em puro orgulho nordestino. “Sempre convivi com pessoas de escolas públicas e gostava de brincar no meio da rua. Nunca larguei esse negócio de ter contato com a galera. Quando a gente tá nesse meio, a gente ouve de tudo. O Suricate sofre o que a galera sofre, ri do que a galera ri”.
Com o objetivo de aprimorar as expressões, Diego estuda literatura, assiste a vídeos de cineastas cearenses e está sempre atento aos acontecimentos do estado. Além disso, tem ajuda dos amigos Eduardo Souza e José Viana, que atualizam e monitoram as outras redes sociais Twitter, Instagram e Youtube, e dos internautas, para conseguir lembrar as situações do dia a dia e criar as imagens.
“Antes eu postava algumas imagens enviadas pelos internautas. Eles faziam exatamente como eu fazia. Colocavam imagens de suricates e texto com expressões regionais, em cima de uma imagem de galáxia. Mas agora eu mesmo faço até porque são cerca de oito postagens por dia. Aí eu que crio as imagens, usando o Photoshop, viu? Não é o Paint não”, brinca já rindo de si mesmo.
Expressões como “armaria nãm”, “corra linda da mãe” e “bé isso, mah” são comuns nas montagens. A postagem que mais teve alcance, por exemplo, possui mais de 50 mil compartilhamentos.
O sucesso “ieiii!!!”

Realmente é difícil encontrar em Fortaleza alguém que tenha acesso à internet e não conheça o Suricate Seboso. Ele está na boca do povo, e nas roupas, canecas, máscaras de carnaval e site de compras coletivas. Ah, o bichinho ganhou até uma música de funk, imagine só.
O Suricate mudou a minha vida. Três dias antes de criar a página, eu estava entregando currículo para trabalhar em supermercado. Quem não nasceu em berço de ouro sabe do que eu estou falando”, assume com orgulho a origem humilde.
Agora, Diego sonha em ter uma casa própria e cursar faculdade de Publicidade e Marketing. O que seria um diploma para quem já vive de uma ideia que rende sucesso e remuneração? Realização pessoal e profissional, por que não?
Enquanto esse dia não chega, ele vai levando a vida na molecagem, afinal todo cearense que se preze transforma uma situação difícil em piada, e foi o que Diego fez. Quem sabe os bons frutos do Suricate e a força do povo cearense ajudem o jovem a alcançar patamares mais altos. Quando ele chegar lá, pode esperar um “Uri cupadi!”.

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