Em funcionamento desde 1973, terminal continua basicamente com a mesma estrutura da inauguração
Inaugurado em 1973, o Terminal Rodoviário Engenheiro João Thomé completou, no dia 23 passado, 40 anos de história. Entre passageiros e funcionários, no entanto, sobram reclamações, principalmente em relação à estrutura. Para quem tem que passar o dia inteiro aguardando o horário da próxima viagem, o transtorno é maior. As cadeiras, além de serem em número reduzido, são desconfortáveis. Falta ainda algo que sirva de distração nos momentos de espera, como televisores ou uma rede de som. Outra queixa recorrente é em relação ao excesso de cobrança de tributos, já que existe taxa até para usar o banheiro.
A estrutura é o principal alvo das críticas de passageiros e funcionários Fotos: Waleska Santiago
Na opinião do policial militar Francisco de Assis Sales, 50, a rodoviária se tornou pequena para a demanda que possui. Tanto que, em períodos de maior movimentação, as pessoas ficam sem ter onde sentar. Situação que ele viveu na pele. Na semana passada, o policial passou mais de seis horas esperando o horário de sua viagem, que só ocorreria às 21h30, com destino ao Crato, na região do Cariri. Para não correr o risco de perder o lugar, ele contou que evitava se levantar.
Diz ainda que, para
usar o banheiro, são formadas filas, tanto para comprar ficha, quanto
para entrar. O calor é outro problema que o policial militar apontou. A
estrutura de concreto, sem ventilação, torna o ambiente quente,
especialmente no período da tarde.Inaugurado em 1973, o Terminal Rodoviário Engenheiro João Thomé completou, no dia 23 passado, 40 anos de história. Entre passageiros e funcionários, no entanto, sobram reclamações, principalmente em relação à estrutura. Para quem tem que passar o dia inteiro aguardando o horário da próxima viagem, o transtorno é maior. As cadeiras, além de serem em número reduzido, são desconfortáveis. Falta ainda algo que sirva de distração nos momentos de espera, como televisores ou uma rede de som. Outra queixa recorrente é em relação ao excesso de cobrança de tributos, já que existe taxa até para usar o banheiro.
A estrutura é o principal alvo das críticas de passageiros e funcionários Fotos: Waleska Santiago
Na opinião do policial militar Francisco de Assis Sales, 50, a rodoviária se tornou pequena para a demanda que possui. Tanto que, em períodos de maior movimentação, as pessoas ficam sem ter onde sentar. Situação que ele viveu na pele. Na semana passada, o policial passou mais de seis horas esperando o horário de sua viagem, que só ocorreria às 21h30, com destino ao Crato, na região do Cariri. Para não correr o risco de perder o lugar, ele contou que evitava se levantar.
"Pouca coisa mudou"
Há 20 anos trabalhando na Rodoviária, a vendedora Jaqueline da Silva, 38, disse que sente falta de uma área de convivência, com televisão e som. "O pessoal reclama muito que não tem o que fazer", comentou.
Queixa praticamente unânime entre funcionários e usuários é sobre o grande número de pedintes, o que vem gerando incômodo. Jaqueline afirma que falta uma fiscalização mais atuante por parte da segurança para impedir a entrada deles no Terminal. "São muitos. Entram na loja e puxam a mercadoria, nós temos que ficar de olho", contou.
Do tempo em que começou a trabalhar na Rodoviária até hoje, Jaqueline relata que pouca coisa mudou. Na essência, a estrutura continua a mesma. Fora isso construíram uma passarela nova, com acessibilidade para deficientes físicos, e as lojas mudaram de lugar. Falta também uma sala que possa prestar atendimentos de primeiros socorros.
Sem socorro médico
Um funcionário que preferiu não se identificar contou que recentemente um senhor morreu por falta de socorro médico. Ao que parece, a situação é recorrente. Prova disso é que na semana passada, uma estudante universitária de 19 anos passou mal enquanto tentava comprar uma passagem para São Paulo. "É sempre bom ter um ambulatório, um médico ou enfermeiro para no caso de uma emergência", disse a jovem, que teve uma queda de pressão e chegou a desmaiar. Ela foi socorrida ali mesmo, no chão, por funcionários da empresa de ônibus.
Explicações
Apesar do flagrante da reportagem, o gerente da Rodoviária, Fábio Lago, assegurou que o equipamento conta com um ambulatório. Acrescentou ainda que o espaço é equipado, inclusive, com um desfibrilador. Contudo, reconheceu que não há médico para atender os usuários.
Em relação à queixa das cadeiras desconfortáveis, à falta de televisores e de uma rede de som, o gestor esclareceu que as cadeiras possuem o mesmo padrão das do aeroporto e que a lei proíbe a veiculação de imagens e música em locais públicos. "A nossa intenção não é prejudicar o usuário, mas temos que seguir a lei", frisou Lago.
Já a taxa do banheiro, ele explicou que está prevista no contrato com o governo. A Socicam, empresa que administra a Rodoviária, é permissionária do Governo do Estado. Sobre os pedintes, o gestor disse que são combatidos todos os dias.
Histórico
Nos 40 anos de existência, a Rodoviária passou por três reformas. A última ocorreu em 2008, quando foi mudado o piso, além da alteração da passarela e recuperação dos banheiros. Em 2013, nova reforma está prevista, visando a Copa das Confederações e o Mundial de 2014. Sem valor estimado, a previsão é de que as obras tenham início no segundo semestre de 2013.
LUANA LIMAREPÓRTER
ENQUETEO que você acha do Terminal Rodoviário?
"A Rodoviária de Fortaleza é bonita, mas sempre tem alguma coisa aqui ou ali para se melhorar. Para quem precisa esperar pelo horário da viagem, por exemplo, não é muito confortável"Karise Guerra MunizOperadora de caixa
"Não concordo com a cobrança de taxa de embarque e nem com a do banheiro. São desnecessárias. Além disso, retiraram os bancos que ficavam lá fora, na entrada, onde a gente podia esperar o ônibus"Mazé SoaresTécnica de Enfermagem
OPINIÃO
A concepção do projeto
A ideia do Terminal Rodoviário Engenheiro João Thomé, homenagem ao engenheiro da estrada de ferro dada pelo prefeito da época, José Walter Cavalcante, foi de um Plano Diretor que vinha sendo construído para Fortaleza no ano 1962.
Eles elegeram aquele local no bairro de Fátima como uma pretensa área de expansão da cidade, ao mesmo tempo que tinha o apoio da BR 116, BR 020 e BR 222. Ela saía da Praça da Estação para lá.
Debrucei-me para projetar e conceber um elemento que cobrisse toda aquela área e que tivesse uma modulação. Cada módulo, dos 32, cobrem uma área de 287m².
Se eu multiplicar, harmonizar e funcionar com esses módulos vou ter uma rodoviária para a demanda da época e, futuramente, poderia ser ampliada. Foi escolhido um módulo que foi o paraboloide hiperbólico. É uma espécie de cogumelo que tem quatro pétalas de um paraboloide hiperbólico, que todos juntos formam um só corpo.
Tem uma inspiração muito natural, que é a plantação de mangueirais. Naquela época era cheio de mangueirais naquela região, em que cujas mangueiras de copa ampla permitia a entrada de sol pela periferia de cada mangueira. Foi o que aconteceu lá. Tem um raso para abrir a iluminação zenital, como também artificial.
Faz 40 anos que esse prédio foi concebido. Ele tem dois corpos, um principal, que era a administração e serviços de utilidade, e outro de embarque e desembarque em baixo.
Muitas coisas do projeto original não foram realizadas, como esteiras rolantes para elevar a bagagem. Não foi feito isso e, com o tempo, foi necessitando de outras coisas.
O próprio órgão administrador resolveu fazer uma reforma, sem me consultar, em protesto nunca mais voltei lá. Se todo mundo está reclamando é porque não foi boa a proposta de reforma desse grupo do terminal rodoviário. Apesar disso, é importante que houvesse uma reforma.
O tempo passa e as necessidades são outras. Vão acrescentando ao espaço mais utilidade e cortando outras que talvez fossem úteis na época.
Marrocos AragãoArquiteto autor do projeto da Rodoviária
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