sexta-feira, 15 de março de 2013

Russas luta por perenização do Araibu

Russas Uma visita técnica de representantes da Secretaria de Recurso Hídricos do Estado (SRH) estuda a viabilidade de perenização do Riacho Araibu. A reunião foi organizada pelo diretor da Casa dos Amigos de Russas (Carus), João de Deus Costa Lima. Esteve presente o secretário executivo da SRH, Ramon Rodrigues, acompanhado do engenheiro Sousa Neto, os gestores dos municípios de Russas e Itaiçaba e membros da Carus.

Desde a década de 70, o riacho está seco. Quando há chuvas fortes, acumula água, mas de forma insignificante. Moradores esperam a sua revitalização

O Riacho possui 52km de extensão. Tem início no município de Russas, no Rio Jaguaribe, passando pelos municípios de Jaguaruna e Itaiçaba, onde encontra o Rio Palhano, que deságua novamente no Jaguaribe, por meio da barragem de Itaiçaba.

Neste trecho, vivem centenas de famílias que podem ser beneficiadas com a perenização do riacho. De acordo com João de Deus, desde a década de 1970, vem se tentando perenizar o riacho para levar água a estas comunidades mais distantes.

"Houve duas tentativas que deram certo por um tempo, mas, por falta de um projeto realmente bem estruturado e efetivo, o riacho voltou a ficar sem água", conta o diretor.

A primeira tentativa foi levar água para o riacho através de bombeamento. A água era retirada do Rio Jaguaribe e bombeada para o canal do riacho. Por conta da alta demanda de energia, não houve quem pagasse a conta e o projeto das bombas foi desativado. Anos depois, foi feito um barramento da água de forma improvisada, usando sacos de areia e cimento para deter a água.

Esta forma permitiu que o recurso hídrico entrasse por gravidade no Araibu. Devido a problemas entre pessoas da comunidade, o barramento foi arrombado no trecho.

João de Deus vê como grande possibilidade de resolver o problema de acesso à água em algumas comunidades. "Gasta-se muito dinheiro com abastecimento em carros-pipa, que não resolve. A perenização do Araibu pode levar água tanto para o consumo de pessoas, quanto para os animais e agricultura. Torna-se mais efetivo em algumas situações", afirma.

Mesmo sendo antiga a luta para levar água ao riacho, é preciso estudos técnicos para saber qual a melhor alternativa e quanto isso custará ao governo. Não é possível afirmar que seja um projeto à curto prazo, segundo avaliam os técnicos.

Segundo Ramon Rodrigues, é aparentemente viável a perenização do riacho. O que é preciso fazer, no momento, é realização de estudos sobre qual a melhor forma de levar água do rio ao canal. "Na quarta-feira, fizemos uma visita de campo para olhar as intervenções no passado, observar quais as alternativas que podemos dispor. Levamos nosso engenheiro projetistas e saímos de lá com algumas ideias. Vamos fazer uma topografia do lugar, estudar as mudanças que aconteceram. Como é um rio, varia muito, então precisamos desses dados para podermos dimensionar a o trabalho", explica.

Rodrigues explica que, atualmente, o Estado do Ceará possui dois mil quilômetros de rios perenizados, todos com águas vindas de barragens. "Nossos rios só correm quando tem inverno. Quando cessa, eles param de correr. A água do rio hoje é proveniente de armazenamentos das barragens. A política de alocação de águas segue metodologia participativa, que é fundamental para um rio perenizado. Por menor que o trecho seja, permite que a população tenha um poço, um cacimbão e, tanto o animal quanto o homem, venha a tirar a água desse rio", conta.

A perenização do riacho beneficiará comunidades ribeirinhas dos municípios de Russas, Jaguaruana e Itaiçaba, que podem utilizar a água tanto para consumo humano e animal, quanto para a agricultura de subsistência que é bastante comum em pequenas localidades.

ELLEN FREITASCOLABORADORA

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