Documentário perdido durante anos sobre o cantor foi restaurado e está em exibição gratuita na internet
Além dos discos, pouco se tem sobre a consagrada investida de músicos cearenses – Fagner, Belchior, Ednardo, Amelinha, Rodger e Téti – pelo sudeste nos anos 1970, salvo muitas histórias e poucas fotografias. Em exibição gratuita na internet, o curta-metragem documental “Raimundo Fagner” faz um raro e fascinante resgate de parte desta história, vivida pelo cantor cearense no final da década de 1970.
Cena do curta-metragem “Raimundo Fagner” (1978), dirigido por Sérgio Santos
O cenário da gravação fica entre o Rio de Janeiro e São Paulo. O contexto é o ano de lançamento do disco “Orós”, o quarto de sua carreira, em 1978. O documentário vem a público repleto de curiosidades que só reforçam o seu valor histórico: quando lançado, foi um dos mais exibidos nas salas de cinema comercial do País. Acabou perdendo-se em meio ao acervo da extinta Embrafilme, sendo reencontrado somente em 2005 pelo diretor da produção, Sérgio Santos, que restaurou e digitalizou o material. Rodado originalmente em película 35mm colorida, o filme é destaque este mês no canal online Porta Curtas. A versão recuperada, no entanto, vem em preto e branco. Quem explica toda a trama, desde sua produção até a atual versão, é o próprio diretor. “O Fagner morava no mesmo edifício que eu. Estava começando a carreira. Tínhamos nossa turma do bairro, que jogava bola”, lembra. “Raimundo Fagner” acabou sendo o primeiro trabalho de sua produtora, a Cinefor, contando com apoio da gravadora de Fagner na época, a CBS, e de amigos como o cineasta José Joffily, que assina a câmera e fotografia. “É um curta produzido com os melhores equipamentos, mas de baixo custo. Foi uma filmagem super tranquila. A gente levava uma vida boa, jogando bola, indo a praia. E isso refletiu um pouco no filme. Foi feito sem correria, no nosso ritmo”, ilustra Sérgio.
Sucesso
Valendo-se de uma lei federal que, na época, obrigava a exibição de um curta-metragem nacional antes de todos os filmes exibidos nas salas comerciais, “Raimundo Fagner” contou ainda com uma pitada de sorte: estreou antecedendo as sessões de “Os Embalos de Sábado a Noite”, clássico com músicas dos Bee Gees, estrelando John Travolta, que levou mais de seis milhões de expectadores aos cinemas.
“Foi o maior sucesso. O filme passou muito no Brasil inteiro. Isso ajudou até na projeção da imagem do Fagner”, lembra o cineasta. Segundo ele, esta foi uma das raras produções dos jovens produtores da época que deu lucro.
“Os curtas-metragens sempre recebiam uns 5% da bilheteria do filme que antecedia. Este curta foi juntando esse dinheirinho e acabou se pagando e dando lucro, que usei para fazer outros filmes”, comemora Sérgio.
Cenas
O curta-metragem traz gravações no apartamento de Fagner, no Rio de Janeiro, incluindo depoimentos do artista sobre sua arte, suas referências musicais; uma pelada de futebol com os Novos Baianos, às margens do Rio Tietê, em São Paulo; passeios pelas ruas cariocas e trechos de um show gravado no Teatro Municipal de São Paulo. No repertório, estão músicas como “Mucuripe”, “Último Pau de Arara”, “Sinal Fechado” e “Riacho do Navio”.
“Naquela época, havia uma discussão na MPB sobre a eletrificação. O Fagner uniu a música nordestina com guitarras. Isso era forte. E o filme mostra bem isso”, ilustra.
Reencontro
Perdido nos arquivos da Embrafilme após o fechamento da Estatal, apenas em 2005 Sérgio Santos conseguiu reaver a obra. No restauro e digitalização, o filme teve que ser alterado, transformado em preto e branco. A opção, explica Sérgio, foi para que se recuperasse a qualidade e profundidade na imagem, que havia sido danificada pelo tempo. “Virou meio cult, ainda mais agora preto e branco”, brinca.
Mais informações:
O documentário “Raimundo Fagner”, de Sérgio Santos, está disponível para exibição gratuita no site Porta Curtas
Fábio Marques
Repórter
Além dos discos, pouco se tem sobre a consagrada investida de músicos cearenses – Fagner, Belchior, Ednardo, Amelinha, Rodger e Téti – pelo sudeste nos anos 1970, salvo muitas histórias e poucas fotografias. Em exibição gratuita na internet, o curta-metragem documental “Raimundo Fagner” faz um raro e fascinante resgate de parte desta história, vivida pelo cantor cearense no final da década de 1970.
Cena do curta-metragem “Raimundo Fagner” (1978), dirigido por Sérgio Santos
O cenário da gravação fica entre o Rio de Janeiro e São Paulo. O contexto é o ano de lançamento do disco “Orós”, o quarto de sua carreira, em 1978. O documentário vem a público repleto de curiosidades que só reforçam o seu valor histórico: quando lançado, foi um dos mais exibidos nas salas de cinema comercial do País. Acabou perdendo-se em meio ao acervo da extinta Embrafilme, sendo reencontrado somente em 2005 pelo diretor da produção, Sérgio Santos, que restaurou e digitalizou o material. Rodado originalmente em película 35mm colorida, o filme é destaque este mês no canal online Porta Curtas. A versão recuperada, no entanto, vem em preto e branco. Quem explica toda a trama, desde sua produção até a atual versão, é o próprio diretor. “O Fagner morava no mesmo edifício que eu. Estava começando a carreira. Tínhamos nossa turma do bairro, que jogava bola”, lembra. “Raimundo Fagner” acabou sendo o primeiro trabalho de sua produtora, a Cinefor, contando com apoio da gravadora de Fagner na época, a CBS, e de amigos como o cineasta José Joffily, que assina a câmera e fotografia. “É um curta produzido com os melhores equipamentos, mas de baixo custo. Foi uma filmagem super tranquila. A gente levava uma vida boa, jogando bola, indo a praia. E isso refletiu um pouco no filme. Foi feito sem correria, no nosso ritmo”, ilustra Sérgio.
Sucesso
Valendo-se de uma lei federal que, na época, obrigava a exibição de um curta-metragem nacional antes de todos os filmes exibidos nas salas comerciais, “Raimundo Fagner” contou ainda com uma pitada de sorte: estreou antecedendo as sessões de “Os Embalos de Sábado a Noite”, clássico com músicas dos Bee Gees, estrelando John Travolta, que levou mais de seis milhões de expectadores aos cinemas.
“Foi o maior sucesso. O filme passou muito no Brasil inteiro. Isso ajudou até na projeção da imagem do Fagner”, lembra o cineasta. Segundo ele, esta foi uma das raras produções dos jovens produtores da época que deu lucro.
“Os curtas-metragens sempre recebiam uns 5% da bilheteria do filme que antecedia. Este curta foi juntando esse dinheirinho e acabou se pagando e dando lucro, que usei para fazer outros filmes”, comemora Sérgio.
Cenas
O curta-metragem traz gravações no apartamento de Fagner, no Rio de Janeiro, incluindo depoimentos do artista sobre sua arte, suas referências musicais; uma pelada de futebol com os Novos Baianos, às margens do Rio Tietê, em São Paulo; passeios pelas ruas cariocas e trechos de um show gravado no Teatro Municipal de São Paulo. No repertório, estão músicas como “Mucuripe”, “Último Pau de Arara”, “Sinal Fechado” e “Riacho do Navio”.
“Naquela época, havia uma discussão na MPB sobre a eletrificação. O Fagner uniu a música nordestina com guitarras. Isso era forte. E o filme mostra bem isso”, ilustra.
Reencontro
Perdido nos arquivos da Embrafilme após o fechamento da Estatal, apenas em 2005 Sérgio Santos conseguiu reaver a obra. No restauro e digitalização, o filme teve que ser alterado, transformado em preto e branco. A opção, explica Sérgio, foi para que se recuperasse a qualidade e profundidade na imagem, que havia sido danificada pelo tempo. “Virou meio cult, ainda mais agora preto e branco”, brinca.
Mais informações:
O documentário “Raimundo Fagner”, de Sérgio Santos, está disponível para exibição gratuita no site Porta Curtas
Fábio Marques
Repórter
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