quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Haddad assume e diz que a dívida de SP é insustentável

Haddad afirmou que a cidade deve não apenas lutar para mudar o indexador do pagamento da dívida com a União, mas também buscar parcerias com o Estado, com o governo federal e a iniciativa privada FOTO: FOLHAPRESS
Novo prefeito defendeu trabalho conjunto com o Legislativo e disse que a redução da miséria será seu principal desafio
São Paulo No discurso de posse, feito ontem durante cerimônia na sede da Prefeitura de São Paulo, o novo prefeito Fernando Haddad, de 49 anos, defendeu a renegociação da dívida de São Paulo com a União, para garantir recursos para novos investimentos. Em seguida, destacou outras três prioridades que devem guiar a sua gestão: o combate à miséria, investimentos em moradia e a melhoria na eficiência dos serviços da saúde e da educação.
O imbróglio financeiro relacionado ao pagamento da dívida municipal, que obriga a cidade a pagar R$ 4 bilhões por ano à União, foi destacado pelo ex-prefeito Gilberto Kassab, no discurso de despedida do cargo.

Já Haddad reforçou a gravidade da situação e afirmou que a cidade deve não apenas lutar para mudar o indexador do pagamento da dívida com a União, mas também buscar parcerias com o Estado, com o governo federal e a iniciativa privada para retomar a capacidade de investimento. "São Paulo, apesar do orçamento bilionário, perdeu sua capacidade de investimentos. Esse acordo não se sustenta e nós temos de levar ao Congresso proposta de repactuação da dívida do Município".

A cerimônia de diplomação do prefeito começou às 15h36 na Câmara Municipal de São Paulo. O novo prefeito e a vice, Nádia Campeão, foram oficialmente empossados. Haddad fez um breve discurso aos 55 vereadores que também assumiram o cargo. "As portas dos gabinetes (dos secretários) da Prefeitura e das subprefeituras estarão abertas para discutir a situação da cidade", afirmou o prefeito.

Logo em seguida, Fernando Haddad se dirigiu ao prédio da Prefeitura, no Viaduto do Chá, onde cerca de mil convidados o aguardavam na cerimônia de troca de faixas.

Nem a presidente Dilma Rousseff nem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estiveram presentes. A presidente foi representada pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso.

Apontando a miséria como principal desafio, Haddad afirmou que pretende sugerir que o Programa de Erradicação da Miséria, do governo federal, use São Paulo como laboratório para alcançar resultados plenos. Segundo o Censo de 2010, a cidade, onde vivem 11,3 milhões de pessoas, tem 500,6 mil famílias pobres, com renda de até R$ 140 per capita. "Vamos identificar as pessoas, reconhecê-las, interagir com o governo estadual e o federal, vamos equacionar esse problema". Logo no começo do discurso, o prefeito citou a festa organizada pelas redes sociais na Praça Roosevelt em 6 de outubro, cuja tema era "Existe amor em SP". Na visão do novo prefeito, as metrópoles não são lugares onde floresce o egoísmo, para falar também sobre sua visão a respeito da cidade.

"As cidades são por excelência o lugar do altruísmo porque produzem conhecimento, cultura, onde jovens honrados fazem a transformação política a partir da cultura e conhecimento. A cidade é sobretudo gozo, o encontro, prazer da convivência, cultura e ciência são ingredientes fundamentais. Eu acredito que esse amor está pronto para se manifestar com cada vez mais força".

Apoio
Na cerimônia de transmissão de cargo, o governador Geraldo Alckmin (PSDB), disse que Fernando Haddad poderá contar com o apoio do Estado "naquilo que for de competência e interesse de São Paulo". "Interesses de São Paulo que não conhecem e estão acima dos interesses de partidos", afirmou.

Despedida
Em sua despedida da Prefeitura, Gilberto Kassab (PSD) afirmou que deixa o cargo com a sensação de dever cumprido e "com a cabeça erguida". Citando o poeta Mário Quintana, Kassab disse que agora vai alçar novos voos em sua carreira política. "Vou cantar em outra freguesia", afirmou, com a voz embargada.

Em um discurso de aproximadamente 15 minutos, Kassab disse que passou os últimos dias entregando obras e que, neste momento, "começa a sentir o vazio" de deixar o posto. Ele ainda deu conselhos a Haddad e recomendou uma atenção especial com as finanças municipais.

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