Matadouro clandestino, situado na localidade de Lagoa do Boi, em Limoeiro do Norte. O local foi improvisado para realizar o abate dos animais FOTO: ELLEN FREITAS |
Quixeré Após oito meses da interdição do matadouro público neste município, a qualidade da carne vem sendo questionada pela população. O abate dos animais vem acontecendo nas chamadas moitas, locais improvisados sem as mínimas condições de higiene. A situação tem prejudicado donos de frigoríficos e marchantes do mercado público, pela diminuição das vendas da carne. A Prefeitura justifica não haver verba para a construção de um novo prédio.
O matadouro foi embargado pela Secretaria de Meio Ambiente do Estado (Semace) em maio deste ano. O prédio é no Centro da cidade e não possui condições adequadas de infraestrutura e higiene para seu funcionamento. De lá para cá, não houve nenhuma reforma na estrutura ou a criação de um novo projeto para o matadouro, a ser construído em outro local da cidade. A situação levou à criação de dezenas de matadouros clandestinos, popularmente chamados de moita pelos moradores.
Por meio de uma moradora que preferiu não ser identificada, a reportagem chegou a um desses matadouros, situado na localidade de Lagoa do Boi, em Limoeiro do Norte, já na divisa com o município de Quixeré. O local, ao lado da Barragem de Quixeré, foi improvisado para realizar o abate dos animais, principalmente bois. Pelo chão, é possível ver ossadas e restos de vísceras. No local, onde a carne é pendurada para tirar a pele e realizar a lavagem do animal, foi feito um canal, que escoa a água suja para as margens do Rio Quixeré, afluente do Rio Jaguaribe. No momento não havia ninguém no local, mas foi possível perceber que o ambiente ainda estava em uso. De acordo com populares que moram nos arredores do matadouro clandestino, há vários como esse espalhados pela cidade e não há nenhuma fiscalização.
De acordo com o marchante José Gonçalves, que trabalha no mercado público, a situação prejudicou a venda de carne porque as pessoas não confiam na qualidade do produto. José conta que, após o fechamento do matadouro, houve reunião com marchantes e a Prefeitura, ficando acertado um convênio com o matadouro público de Limoeiro do Norte, que passaria a receber a demanda de Quixeré. Porém, até hoje, nada foi feito.
"É o jeito mandar o boi para a moita, porque não tem alternativa para nós. E não é só no mercado onde isso acontece, tem frigorífico que também vende essa carne", afirma José.
Quem tenta manter um padrão de qualidade da carne para não perder a venda acaba gastando mais. Antônio Pádua é dono de um frigorífico no Centro da cidade e reclama dos gastos extras para manter o produto. "Para abater em Limoeiro gastamos R$ 80,00 por cabeça, incluindo o frete. Quem manda para o abate na moita tem um gasto de R$ 60,00", afirma, complementando que há uma desvalorização do produto na hora de ir para o consumidor final.
De acordo com a secretária de Agricultura do município, Joyce Sousa, a Prefeitura não possui recursos para a construção de um novo prédio. Desde que houve a interdição, vem sendo buscado, junto ao Governo Federal, verbas para a realização do novo projeto. "Até agora, o máximo que conseguimos foi a reforma do mercado público, que já esta em fase de licitação", afirma.
Ela diz que o prefeito eleito, Bessa (PSB), sucessor da atual gestão, ficará responsável em viabilizar o projeto do matadouro. Porém, segundo a secretária, ainda não há previsão para a solução do problema.
ELLEN FREITASCOLABORADORA
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