FOTOS BERNARDO REBELLO/DIVULGAÇÃO
Ana Letícia com a professora Maria Gisélia Bezerra Gomes Isabela Kethyes com a professora Maria Gisélia, ao receber o prêmio |
Duas estudantes do município de Alto Santo, a 241,1 quilômetros de Fortaleza, estão entre os 20 vencedores da Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro, realizado pelo Ministério da Educação (MEC) e pela Fundação Itaú Social. Ana Letícia Oliveira Dutra, de 12 anos, e Isabela Kethyes Bezerra Bessa, de 14 anos, compartilharam, por meio de redações, um pouco de como observam a vida no sertão. Elas receberam o prêmio durante solenidade em Brasília, no início deste mês.
Letícia e Isabela concorreram com outros 3 milhões de alunos da rede pública, de cerca de 90% dos municípios brasileiros. Elas estudam na Escola Municipal de Ensino Fundamental Urcesina Moura Cantídio e têm a mesma professora de português: Maria Gisélia Bezerra Gomes. Foi a própria professora Gisélia quem anunciou o concurso em sala de aula.
Letícia venceu o prêmio com o poema “Quero pintar de verde o meu sertão”, no qual ela relata o drama da seca. “Eu contei que a vegetação estava pobre, não tinha mais cor, nem vida. Os animais estavam morrendo”, disse Letícia que é neta de agricultor. Por isso, relatou uma realidade que conhece bem. “Vou à casa dele quase todo fim de semana”. Ela concluiu agora, em 2012, o 6º ano do ensino fundamental.
Já Isabela, que terminou o 7º ano em 2012, venceu o prêmio na categoria Memórias Literárias. “No começo do ano, a professora levou a gente para um engenho que fica na Lagoa do Meio, a alguns quilômetros da sede de Alto Santo. Lá, eu conversei com o dono do sítio, que se chama Enéias”, lembra. A partir da conversa com Seu Enéias, quando ouviu a história do local, Isabela foi descobrindo que tinha uma relação muito próxima com o engenho.
“Eu não sabia que também era descente do engenho. O Enéias me falou que o sobrenome dele também era Bessa e eu descobri que meu bisavô havia sido um dos donos do engenho”, riu-se. Da entrevista com Eneias, Isabela buscou inspiração para escrever o seu texto, “O Mundo Encantado do Engenho”. Ela narrou como as pessoas trabalhavam antigamente no engenho, como se produz mel, rapadura e puxa-puxa, doce produzido com cana-de-açúcar.
Esta foi a 3ª edição da Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro, que tem a coordenação técnica do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária. O programa tem objetivo de formar professores para estimular a leitura e desenvolver a escrita nas escolas públicas. (Lucinthya Gomes)
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O caminho até o prêmio
Ao longo do ano, houve cinco etapas de triagem: escolar, municipal, estadual, regional e, finalmente, a nacional.
Durante o ano, os professores das escolas participantes passaram por um processo intenso de formação. A Olimpíada tem como tema O Lugar Onde Vivo, que proporciona aos estudantes uma reflexão sobre sua própria realidade.
Os 20 alunos e professores vencedores da etapa nacional recebem medalhas de ouro e notebooks. As escolas onde estudam os 20 selecionados serão contempladas com laboratórios de informática, compostos por dez microcomputadores e uma impressora, projetor e telão, além de livros para a biblioteca.
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