segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Rei do Baião em pauta


A partir de quarta-feira, tem início o III Simpósio Mídia Nordeste, no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura
Entre os dias 21 e 23 de novembro, acontece, no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, o III Simpósio Mídia Nordeste. Com o tema "100 anos de Luiz Gonzaga: a cultura do Nordeste na Mídia", a conferência adota, desta vez, a música como eixo norteador das discussões, refletindo a relação entre a cultura nordestina e a mídia.
Filme "Gonzaga de Pai para Filho", de Breno Silveira; Gonzagão ao
 lado de Fagner e Sivuca; O pesquisador José Miguel Wisnik

"O centenário de Luiz Gonzaga é um modo de inspirar o Simpósio. Realizamos este evento a cada dois anos e procuramos sempre relacioná-lo com uma efeméride a fim de atualizar os debates. Como já trabalhamos imprensa e televisão, resolvemos, desta vez, promover um diálogo com a música", afirma a professora Elisabete Jaguaribe, uma das organizadoras.
Segundo Jaguaribe, o objetivo do ciclo de debates é fugir do discurso reducionista da dificuldade de diálogo entre a cultura popular e a mídia; e pensar em como uma música popular do Nordeste conseguiu romper uma indústria cultural estabelecida pelo sudeste e sul.

Construção

A palestra de abertura fica a cargo de José Miguel Wisnik, doutor em Teoria Literária pela Universidade de São Paulo e músico, com quatro discos gravados. O tema de Wisnik será "Luiz Gonzaga e a construção da canção de massas", a partir das 19 horas, no auditório do Centro Dragão do Mar.

Segundo o pesquisador, o convite para a elaboração de um projeto em Recife sobre Luiz Gonzaga o aproximou do tema e da música nordestina. Para ele, o Rei do Baião pertence a uma seleção de artistas que traduziram uma música popular, anônima e coletiva para uma música de massa. "Havia, até então, um repertório que não era de ninguém e, com a chegada do gramofone, alguns artistas se apropriaram dele e o traduziram para um formato de canção que se tornava, a partir dali, mercadoria. Como Dorival Caymmi com os temas praianos", afirma Wisnik.Há, por isso, quem tenha criticado a figura de Luiz Gonzaga, acusando-o de expor uma realidade copiada e não autêntica, mas Wisnik discorda. "Não penso assim. Acho que, há, sim, uma parcela de criação e não só de apropriação. Por exemplo, há quem acredite que o trio de sanfona, zabumba e triângulo já existia antes de Gonzaga, mas não. Essa formação foi uma criação dele. Por outro lado, ´Asa Branca´ não é total criação dele e de Humberto Teixeira. Já existia um esboço daquela melodia que era popular e anônima, que por tradição já se tocava, e eles criaram a letra, tematizaram", explica.

Para Wisnik, o desafio está em justamente compreender essa construção de uma música de massa e sobre isso ele deve falar em sua palestra de abertura.

Atualidade

A partir da manhã do segundo dia, pesquisadores do Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Ceará se revezam na discussão de outros aspectos originários do homenageado, atualizando o debate: o lugar do forró na cena musical brasileira e no mercado contemporâneo, além da relação do cinema com o Nordeste e sua identidade.

Já no último dia, o viés político da obra de Luiz Gonzaga. Mediadas pelo pesquisador Doutor Gilmar de Carvalho, as professoras Dra. Sulamita Vieira, da Universidade Federal do Ceará, e Dra. Elba Ramalho, da Universidade Estadual do Ceará, discutem, respectivamente os temas: "Luiz Gonzaga: o sertão em movimento" e "Luiz Gonzaga: a síntese política e musical do sertão".

Mantendo uma tradição, encerra o Mídia Nordeste a "Roda de Memórias: as histórias de Gonzaga, contadas e cantadas por amigos". O bate-papo acontece com a artista Marivalda Cariry, que conheceu o sanfoneiro em 1975, em uma turnê pela Amazônia e se juntou à sua caravana; o sanfoneiro Waldonys, apadrinhado por Gonzagão, com o qual gravou o disco "Fruta Madura", aos 15 anos; e o pai de Waldonys, Eurides Menezes, também sanfoneiro, conhecido por hospedar Luiz em sua casa, quando de suas passagens pelo Ceará. Ao fim da roda de conversa, Waldonys realiza um pocket-show. O Simpósio Mídia Nordeste, que acontece a cada dois anos, é uma realização do Instituto de Referência da Imagem, em parceria com o Banco do Nordeste, Universidade Federal do Ceará e Universidade de Fortaleza.

SAIBA MAIS

Quarta-Feira, Dia 21

19h -Abertura: Luiz Gonzaga e a construção da canção de massas, com José Miguel Wisnik

Quinta-Feira, Dia 22

9h - A música popular e a indústria cultural no Brasil
Temas: "O forró no universo musical brasileiro" (Dra. Maria Érica Oliveira Lima - UFRN) e "O mercado contemporâneo do forró ( Dr. Felipe da Costa Trotta - UFRJ)

11h - Projeções de mundo: world cinema, world music e a transnacionalização do Nordeste
Temas: "Modelos de mundo: figurações do Nordeste no cinema" (Dr. Sebastião Guilherme Albano UFRN) e "Paisagens Sonoras Transculturais e Cosmopolitismo Afetivo: Impressões sobre filmes de Karin Aïnouz, Alumbramento e Leonardo Mouramateus". (Dr. Denílson Lopes- UFRJ) Mediador: Ms. Ricardo Salmito (UFC)

Sexta-Feira, Dia 23

9h - As políticas de Luiz Gonzaga
Temas: "Luiz Gonzaga, o sertão em movimento (Dra. Sulamita Vieira - UFC) e "Luiz Gonzaga - a síntese política e musical do sertão" (Dra. Elba Ramalho UECE). Mediador: Dr. Gilmar de Carvalho

11 horas - "Rodas de Memórias: as histórias de Gonzaga, contadas e cantadas por amigos", com os artistas Waldonys, Eurides Menezes (pai de Waldonys) e Marivalda Cariry. Logo após, pocket-show com Waldonys

Mais informações:
III Simpósio Mídia Nordeste. "100 anos de Luiz Gonzaga: a música popular nordestina no cenário da indústria cultural".

De 21 a 23 de novembro. No Auditório do Centro Cultural Dragão do Mar (Rua Dragão do Mar, 81). Contato: (85) 3488.8600

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