quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Luiz Gonzaga ganha espaço no Museu Dom José

O município de Sobral está homenageando o Rei do Baião pela passagem do centenário do cantor nordestino
Sobral O Museu Dom José homenageia o centenário do cantor e compositor Luiz Gonzaga com uma exposição sobre a vida sertaneja. No segundo piso, a sala de exposições temporárias foi ambientada para representar a vida e as dificuldades do sertanejo. As visitas acontecem de terça a sexta, e vai até dezembro. A entrada é gratuita.

Sala do Museu Dom José é ambientada na vida sertaneja. A exposição recebe visitas diárias de escolas de toda a região da zona Norte. Os estudantes ficam encantados com as peças FOTO: JÉSSYCA RODRIGUES

Com 60 peças do acervo do Museu Dom José, a exposição Vida no Sertão traz peças como o pilão de cintura fina e o ferro a carvão, além de acessórios de couros típicos do sertanejo. Só no primeiro mês o público foi de mais de 1200 pessoas. De acordo com a pró-reitora de Cultura da Universidade Estadual Vale do Acaraú (Uva) e diretora do Museu Dom José, Giovana Saboya Monte´Alverne, o objetivo, além da homenagem, é levar aos moradores da cidade as dificuldades que o sertanejo já passou e ainda passa.

"Tento levar, principalmente para as crianças, a conscientização das facilidades que a vida urbana nos oferece. Se quisermos uma roupa passada, é só ligar a tomada que o ferro de passar esquenta em segundos. Já o sertanejo que mora longe da luz elétrica, ainda tem que usar o ferro a carvão, que tem que abanar e ainda pode sujar a roupa com fuligem", aponta ela.

De acordo com Giovana, a ideia da sala surgiu devido a este ser o ano do Centenário de Luiz Gonzaga, tanto que na sala está uma escultura do sertanejo com seu gibão de couro, além de peças como selas para montaria, potes de barro com canecas de flandres. No centro da sala, em cima de uma mesa de madeira crua, estão vasilhas de barro com comidas típicas como farofa, mandioca, ovos de galinha caipira, cuscuz e batata doce.

Lenha
No canto da parede fica uma trempe, onde se colocava lenha para poder cozinhar. Giovana explica que cada detalhe foi pensando com o intuito de ambientar o visitante. "A trempe, que é uma estrutura de pedras, servia como fogão. Já os potes de barro eram os responsáveis por armazenar água. As crianças que moram na cidade não sabem a complexidade da vida no sertão, que era mais simples, porém, mais trabalhosa", conta.

O couro tem destaque especial devido à importância do boi no desenvolvimento local. "A criação de gado deu um arranque na economia da cidade e região, por isso achamos importante o destaque do couro, da carne de charque e outros produtos que vêm do animal".

Pintores locais também estão na exposição, como o atual secretário de Cultura do município, Campelo Costa, e o artista plástico Ed Ferreira.

Além da exposição, o Rei do Baião também está sendo homenageado pelo grupo de música Prata da Casa, que é um projeto da Pró-Reitoria de Cultura da UVA. Seis alunos de cursos variados da Universidade preparam um repertório especial com as músicas de Luiz Gonzaga e se apresentam vestidos a caráter. O nome do espetáculo é "Tributo ao Luiz" e já foi apresentado em três ocasiões, estando sendo marcadas outras apresentações.

Memórias
Para a aposentada Clara Sousa, de 72 anos, a exposição é um momento de lembranças. Ela, que morou até a idade de 20 anos no campo, diz que utilizou diversos apetrechos ali apresentados. "Na minha casa usávamos os potes de barro com conchas para retirar água. Ela ficava friazinha, não gelada, mas também não era quente", lembra.

Já o aposentado Raimundo Rodrigues de Sousa não só lembra, como ainda possui dois potes que foram de seus pais, guardados como recordação. "Não dá pra me desfazer deles, mesmo não usando mais, representam parte da minha história", afirmou ele.

Mais Informações:
Museu Dom José
Avenida Dom José, 878 - Centro
Horário de Funcionamento: De terça a domingo, das 8h às 11h e de 14h às 17h. Acesso gratuito

JÉSSYCA RODRIGUES
COLABORADORA

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