Expedito, ex-lateral-direito do Fortaleza nos anos 90, mostra felicidade e dignidade com seu emprego em uma galeteria. Como entregador, é sempre abordado por torcedores que ainda o idolatram FOTO: WALESKA SANTIAGO |
O ex-lateral Expedito, natural de Ipu (CE), aos poucos vai reconstruindo a vida, depois de encerrar a carreira em 2003. Aos 44 anos - ele jogou oito deles só no profissional do Fortaleza, de 1989 e 1997 -, passou dois anos desempregado ao pendurar as chuteiras e hoje tem um emprego de entregador em uma galeteria. O estabelecimento pertence a Valber Barroso, irmão do treinador Danilo "Baratinha".E Expedito tem orgulho da nova profissão, que segundo ele, deu um novo sentido a sua vida. "Quando parei, fiquei dois anos sem emprego e estava entregue, sem perspectivas. Mas, graças ao Valber, estou podendo seguir minha vida depois de encerrar a carreira. Não tenho do que reclamar. O que ganho está dando para alimentar minha família e meus filhos", relata.
Antes que algum torcedor se pergunte como um ex-jogador pode passar por dificuldades financeiras ao fim da carreira, o ex-lateral-direito explica que ficou muitos anos sem receber salário. "Muitos afirmam que o Expedito era para ser rico. Mas a realidade não foi essa. Em 13 anos de Fortaleza (incluindo a base), só recebi salário em três. Muitas vezes pagavam um mês para não completar três de atraso e, assim, perder o passe do jogador", relembra.
Sem querer se meter em polêmicas, o ex-atleta completa: "não tenho mágoa, até hoje a torcida me idolatra quando me encontra. Fui bi-campeão cearense em 1991 e 1992".
Apesar dos contratempos, Expedito faz uma mea-culpa: os excessos fora de campo. Ele admite que deveria ter se cuidado mais e gastado menos. "Se pudesse voltar no tempo, teria sido mais responsável, dentro e fora de campo. Pisei muito na bola e não juntei o dinheiro necessário para quando encerrar a carreira. Gastei muito com carros e outras coisas", admite.
Com seu filho de 12 anos, Expedito Júnior, jogando na escolinha de um irmão ipuense, ele anseia para que a trajetória dele seja diferente. "Meu filho vai jogar futebol. Digo a ele que profissional tem de ser responsável". Dou o exemplo aqui no meu emprego. Aqui, sou responsável. Se por um motivo tiver de faltar, coloco dois no meu lugar".
Mas o ex-lateral-direito jura que também pode ensinar sobre futebol ao filho dentro de campo. Expedito ainda joga no chamado "Suburbão" em Fortaleza. "Jogo no quarentão pelo Rodolfo Teófilo, e pelo Antônio Bezerra. Agora o abdômen está mais alto, mas dá para brincar um pouquinho", celebra.
No Fla
O jogador chegou a treinar no Flamengo em 1989, quando ainda era amador do Fortaleza. Ele recorda a convivência com uma geração talentosa da Gávea. "No time de juniores do Fla, estavam Marcelinho Carioca, Djalminha, Nélio, Rogério e o Júnior Baiano, com quem convivi por sete meses. O Flamengo queria me comprar, mas o Fortaleza pediu muito. Ao fim do empréstimo, voltei para o Leão", conta, sorridente, o eterno tricolor.
VLADIMIR MARQUESREPÓRTER
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