A não utilização das passarelas e das faixas de pedestres facilita a ocorrência de acidentes. Estudos também indicam que, no Brasil, de 30% a 46% das vítimas de atropelamento tinham ingerido bebida alcoólica Foto: Alcides Freire |
Custos com internação vão de R$ 710 a R$ 2,7 mil por dia; principal causa de acidentes é a má educação
Dados do Instituto José Frota (IJF) comprovam a dificuldade que é andar a pé nas ruas de Fortaleza. De janeiro ao dia 10 de setembro desse ano, 1.846 pedestres vítimas de atropelamentos foram atendidos pelo hospital. O número equivale a pouco mais de sete pacientes por dia. A tragédia cotidiana deixa sequelas e tem alto custo para o sistema de saúde da Capital.
De acordo com o diretor executivo do Frotão, Cassemiro Dutra, o valor médio por paciente/dia é em torno de R$ 710,00 se ele ficar internado na enfermaria. Se for caso para a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), esse custo pula para R$ 2,7 mil. "Em geral, essa pessoa passa 12 dias internada, dependendo de seu caso, custando para o sistema público um total de R$ 8,5 mil, em casos simples, e R$ 32 mil, nos mais complexos", diz.
Os valores só levam em conta gastos com a internação e não contabilizam resgate, prejuízos a veículos e equipamentos urbanos, além de atendimento policial, congestionamentos, processos, previdência social, perda produtiva, entre outros.
O desrespeito à faixa de pedestre e até mesmo aos semáforos são exemplos cotidianos de má educação no trânsito e apontados por especialistas como os principais causadores desses acidentes diários, como o de uma mulher de 53 anos, que morreu ao tentar ajudar uma amiga a atravessar a Avenida Raul Barbosa, no bairro São João do Tauape, na noite da última segunda-feira. A falta de passarelas também contribui para o número de acidentes.
De acordo com pesquisa do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), no Brasil, 30% a 46% dos pedestres mortos por atropelamento apresentam alcoolemias positivas, muitas vezes acima de uma grama por litro ingerido. Fortaleza acompanha esse índice brasileiro.
Estudos indicam que esses pedestres atropelados apresentam maior permanência no hospital, ferimentos mais severos, maior número de complicações e maior frequência de traumas na coluna e no tórax, em comparação com pedestres sóbrios.
Ainda de acordo com dados do Denatran, a gravidade do atropelamento aumenta rapidamente com a velocidade do veículo envolvido. Para o pedestre atropelado, o risco de morte gira em torno de 30% quando a velocidade é de 40 Km/h, porém, cresce até 85%, se a velocidade de impacto for de 60 km/h. Aos oitenta por hora, a morte é praticamente certa.
Para Cassemiro Dutra, é preciso investir mais em educação. "Atualmente, 73% dos 450 leitos do hospital estão destinados às vítimas de trânsito. É muito grave. Defendo uma campanha para melhor convivência entre motoristas, ciclistas, motociclistas e pedestre na idade", frisa.
Cultura
O desrespeito aos direitos do pedestre tem raízes na cultura de nosso País. O cenário almejado de uma população educada, convivendo de forma civilizada no espaço público somente se realizará após profundas mudanças em nosso comportamento, defende o psicólogo José Maria Martins Filho.
O ponto de encontro entre motoristas e pedestres é quando estes cruzam ruas e avenidas. Os conflitos daí decorrentes podem envolver multa, suspensão da licença de dirigir, ferimentos e mortes, cassação da licença e prisão do motorista.
Para o presidente da Associação Brasileira de Pedestres, José Daros, existe uma teoria, já comprovada na prática, que diz que, nos pontos onde são muito frequentes os conflitos entre pedestres e motoristas, acabará acontecendo um atropelamento.
"A sinalização inadequada, assim como irregularidades na via e deficiências no veículo, podem contribuir decisivamente para que surjam conflitos e aconteçam atropelamentos", analisa. Ele reconhece, porém, que não são poucos os pedestres que atravessam fora da faixa.
Meio ambiente
Fortaleza. Até o dia 24, o Grupo Ambientalista da Bahia faz oficina para criar o Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica
Cidadania
direitos. Cerca de 50 pessoas são atendidas, por mês, no Cras da Serrinha, em projetos que visam resgatar a autoestima da pessoa idosa na Capital
LÊDA GONÇALVESREPÓRTER
Dados do Instituto José Frota (IJF) comprovam a dificuldade que é andar a pé nas ruas de Fortaleza. De janeiro ao dia 10 de setembro desse ano, 1.846 pedestres vítimas de atropelamentos foram atendidos pelo hospital. O número equivale a pouco mais de sete pacientes por dia. A tragédia cotidiana deixa sequelas e tem alto custo para o sistema de saúde da Capital.
De acordo com o diretor executivo do Frotão, Cassemiro Dutra, o valor médio por paciente/dia é em torno de R$ 710,00 se ele ficar internado na enfermaria. Se for caso para a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), esse custo pula para R$ 2,7 mil. "Em geral, essa pessoa passa 12 dias internada, dependendo de seu caso, custando para o sistema público um total de R$ 8,5 mil, em casos simples, e R$ 32 mil, nos mais complexos", diz.
Os valores só levam em conta gastos com a internação e não contabilizam resgate, prejuízos a veículos e equipamentos urbanos, além de atendimento policial, congestionamentos, processos, previdência social, perda produtiva, entre outros.
O desrespeito à faixa de pedestre e até mesmo aos semáforos são exemplos cotidianos de má educação no trânsito e apontados por especialistas como os principais causadores desses acidentes diários, como o de uma mulher de 53 anos, que morreu ao tentar ajudar uma amiga a atravessar a Avenida Raul Barbosa, no bairro São João do Tauape, na noite da última segunda-feira. A falta de passarelas também contribui para o número de acidentes.
De acordo com pesquisa do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), no Brasil, 30% a 46% dos pedestres mortos por atropelamento apresentam alcoolemias positivas, muitas vezes acima de uma grama por litro ingerido. Fortaleza acompanha esse índice brasileiro.
Estudos indicam que esses pedestres atropelados apresentam maior permanência no hospital, ferimentos mais severos, maior número de complicações e maior frequência de traumas na coluna e no tórax, em comparação com pedestres sóbrios.
Ainda de acordo com dados do Denatran, a gravidade do atropelamento aumenta rapidamente com a velocidade do veículo envolvido. Para o pedestre atropelado, o risco de morte gira em torno de 30% quando a velocidade é de 40 Km/h, porém, cresce até 85%, se a velocidade de impacto for de 60 km/h. Aos oitenta por hora, a morte é praticamente certa.
Para Cassemiro Dutra, é preciso investir mais em educação. "Atualmente, 73% dos 450 leitos do hospital estão destinados às vítimas de trânsito. É muito grave. Defendo uma campanha para melhor convivência entre motoristas, ciclistas, motociclistas e pedestre na idade", frisa.
Cultura
O desrespeito aos direitos do pedestre tem raízes na cultura de nosso País. O cenário almejado de uma população educada, convivendo de forma civilizada no espaço público somente se realizará após profundas mudanças em nosso comportamento, defende o psicólogo José Maria Martins Filho.
O ponto de encontro entre motoristas e pedestres é quando estes cruzam ruas e avenidas. Os conflitos daí decorrentes podem envolver multa, suspensão da licença de dirigir, ferimentos e mortes, cassação da licença e prisão do motorista.
Para o presidente da Associação Brasileira de Pedestres, José Daros, existe uma teoria, já comprovada na prática, que diz que, nos pontos onde são muito frequentes os conflitos entre pedestres e motoristas, acabará acontecendo um atropelamento.
"A sinalização inadequada, assim como irregularidades na via e deficiências no veículo, podem contribuir decisivamente para que surjam conflitos e aconteçam atropelamentos", analisa. Ele reconhece, porém, que não são poucos os pedestres que atravessam fora da faixa.
Meio ambiente
Fortaleza. Até o dia 24, o Grupo Ambientalista da Bahia faz oficina para criar o Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica
Cidadania
direitos. Cerca de 50 pessoas são atendidas, por mês, no Cras da Serrinha, em projetos que visam resgatar a autoestima da pessoa idosa na Capital
LÊDA GONÇALVESREPÓRTER
Nenhum comentário:
Postar um comentário