quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Seca provoca aumento de até 50% nos preços da Ceasa

A Central de Abastecimento ainda enfrenta desafios para se consolidar no mercado do Cariri
Barbalha A estiagem tem contribuído para a alta dos preços dos produtos comercializados na região do Cariri. A Central de Abastecimento do Cariri (Ceasa), em Barbalha, tem registrado aumento nos produtos de 30% a 50%. O local está em funcionamento desde o mês de fevereiro, período em que foi inaugurado, e ainda não está funcionando com toda a sua capacidade. O galpão destinado aos pequenos produtores da agricultura familiar, mesmo com a seca, tem contado com a presença de poucos agricultores, dos 74 cadastrados, segundo a gerência. Mensalmente, saem do local mais de três mil toneladas de frutas, verduras e legumes.
Abacaxis vêm de cultivos irrigados mas, mesmo assim, tiveram reajuste de valores FOTO: ELIZÂNGELA SANTOS

A duplicidade de vendas no atacado no Mercado do Pirajá, em Juazeiro do Norte e na Ceasa tem prejudicado vendedores. É outro problema que tem sido enfrentado pelos comerciantes dos produtos hortifrutigranjeiros. Mesmo com a negociação, em princípio, no período de abertura do empreendimento, para vendas em grosso apenas na Central, em Barbalha, a Ceasa ainda não conseguiu estender sua comercialização, além das tradicionais terças-feiras e sextas-feiras ao longo da semana.Segundo o gerente da Ceasa-Cariri, Leonardo Santos, mesmo com as dificuldades enfrentadas, ele afirma que, nos dois dias em que acontece a comercialização, já há uma consolidação do empreendimento, que garante uma boa infraestrutura para as negociações.

Ele afirma que a transferência do Mercado do Pirajá para a Ceasa passa também por uma questão cultural. Conforme o gerente, foram mais de quatro anos mudando os vendedores de Juazeiro, que tiveram que se deslocar do Mercado Central, no Centro da cidade, para o Pirajá. "Para cá não poderia ser diferente, mas estamos mantendo uma boa média desde fevereiro, quando foi inaugurado", diz.

Com a inserção de uma câmara fria num dos galpões do empreendimento, em fase de montagem, a expectativa é que um maior número de compradores compareça ao local nos outros dias da semana, além dos tradicionais, em que ocorre a feira. Atualmente, conforme Leonardo, 20% dos vendedores são de Juazeiro do Norte e 80% de outros Municípios. "Mesmo assim, não deixa de acontecer o duplo comércio", explica.

Mesmo para os vendedores que atuam na central e são de outras cidades, muitos deixam para comercializar o restante das mercadorias no Mercado do Pirajá. Esse é o caso do vendedor Jorge Simões da Costa, do Rio Grande do Norte. Ele comercializa abacaxi. Mesmo em área de irrigação, o produto teve acréscimo de cerca de 30% nos preços, por conta da estiagem. "Depois da terça-feira, caso não haja movimento, só vamos vender em maior volume na outra semana", diz. E, normalmente, ele chega a comercializar cerca de metade da carga e a outra parte é repassada para o consumidor, no Pirajá. Quando atuava apenas no Pirajá, afirma que chegava a vender quatro carradas, cada uma delas com até seis toneladas de abacaxi.

Os vendedores apostam na melhoria da comercialização após o período eleitoral. A perspectiva é que haja uma negociação, incluindo a Prefeitura de Juazeiro do Norte, até com a mudança da lei orgânica, proibindo o descarregamento dos caminhões dentro da cidade - além de uma parceria maior dos Municípios da região com o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA), que administra a Central. Muitos vendedores que atuam no local, continuam comercializando também no mercado, em Juazeiro do Norte.

O comerciante de Barbalha, Acilon Marques Fernandes, diz que, nas terças-feiras, consegue ter uma boa comercialização do seu produto. Ele chega a vender cerca de 600 caixas de mamões, por semana, o que equivale a uma carrada, mesmo com a alta em consequência da estiagem. Na sexta-feira, as vendas caem para em torno de 70 caixas. "Esperamos que, realmente, haja uma transferência das vendas em grosso apenas para a Central", aposta.

O horário das comercializações, que normalmente acontecia apenas pela madrugada, passou nas terças-feiras para às 16 horas até às 22 horas e, nas sextas-feitas, das 18 horas até a madrugada. De acordo com Leonardo, a tendência é que haja maior concentração de consumidores no futuro. Hoje, ele calcula que, pelo menos, 35 Municípios da região do Cariri, do interior de Pernambuco e também da Paraíba estão sendo abastecidos pela Ceasa - Cariri, diariamente. Por semana são vendidas mais de 800 toneladas de produtos, a maioria provida de área de perímetros irrigados como Juazeiro da Bahia, Rio Grande do Norte, e Petrolina, em Pernambuco.

ELIZÂNGELA SANTOSREPÓRTER

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