sexta-feira, 22 de junho de 2012

CE é o 1º do Nordeste em casais homoafetivos



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Esta é a primeira vez que o IBGE faz pesquisa com casais do mesmo sexo que moram juntos e mantêm seus lares
Na residência de Cecília, 29 (nome fictício), não há um chefe de família, mas duas mulheres que, juntas, formando um casal homoafetivo, regem a rotina e as finanças da casa. São, hoje, responsáveis pelo próprio teto. E elas não estão sozinhas nesse arranjo familiar. De acordo com estudo divulgado, ontem, pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), com base no censo de 2010, 2.600 "provedores do lar" disseram conviver com outro de mesmo sexo - 6ª posição nacional.
Com um total de 0,17% das moradas com esse cenário, o Estado, em números relativos, se posiciona, então, como o primeiro do Nordeste com o maior número de casais homoafetivos declarados. O Ipece constatou, ainda, que, dos 184 municípios, em 51 deles ninguém declarou viver com esse tipo de união; em 35 pelo menos uma pessoa se declarou vivendo sob essa condição.

Fortaleza foi a cidade com maior número dos reconhecimentos: 1.560 pessoas que estavam na condição de "chefes" do lar, vivendo com parceiro do mesmo sexo. No País, foram identificadas mais de 60 mil nessa condição. "A gente, que se assume como homossexual, acaba tendo, desde muito cedo, que ir em busca da nossa independência financeira, arrumar logo uma casa para morar e ver se consegue ter mais liberdade. Daí, termos tantos chefes de família que assumem ser gays. Infelizmente, a maioria de nós tem que sair de casa, seguir seu rumo longe, para tentar ser feliz", desabafa Cecília, 29. Ela lamenta que a questão financeira ainda paute tanto a conquista de direitos.

Em 2010, foi a primeira vez, no entanto, que um censo do Instituto Brasileiro de geografia e Estatística (IBGE) questionou, de porta em porta, qual a sexualidade do "chefe" do lar. O recenseador, após identificar a pessoa responsável pelo domicílio, fazia a pergunta sobre os demais. Assim, existia a opção de resposta - Cônjuge ou companheiro(a) do mesmo sexo para a pessoa (homem ou mulher) com, no mínimo, dez anos de idade.

Para a técnica da diretoria de estudos sociais do Ipece, Raquel Sales, coordenadora desse documento, os dados representam um avanço no reconhecimento desse grupo como família. "Essas uniões homoafetivas devem aparecer, sim, nas pesquisas, já que compõem a realidade múltiplas do nosso Estado. Sinto que, com o passar do tempo, as pessoas vão se sentir menos reprimidas e, assim, lutarem mais pelos seus direitos", relata Raquel.

Número
De acordo com o presidente do Grupo de Resistência Asa Branca (Grab), Francisco Pedrosa, esse número de 2.600 cearenses que são chefes de família seria bem maior se fosse perguntado em 2012. Isso porque essa pesquisa foi coletada antes da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que aprovou o reconhecimento da união estável para casais do mesmo sexo. "Hoje, todos acabam se sentindo mais à vontade em informar sua condição sexual e desejo de formar família. Estamos avançando, apesar dos índices de violência", acrescenta Francisco Pedrosa.

IVNA GIRÃOREPÓRTER

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