O líder do Governo Cid Gomes na Assembleia, Antônio Carlos, disse que o PT lutará para continuar aliado ao PSB |
Ainda é possível manter a aliança com o PSB e "o PT vai lutar incansavelmente" para isso, diz o deputado petista Antônio Carlos, líder do Governo Cid Gomes (PSB) na Assembleia Legislativa. Na sexta-feira, o governador anunciou que "está livre" e que "não deve nada" à prefeita Luizianne Lins na eleição municipal deste ano, em resposta às declarações de Luizianne de que ele não atende a suas ligações para tratar da sucessão.
"É o momento de termos tranquilidade", avalia Antônio Carlos. "O PT tem feito todo o esforço para a manutenção da aliança, que é um projeto nacional, que tem obtido vitórias importantes para o Ceará. Não se trata de uma aliança entre pessoas, e sim entre projetos. O governador emitiu uma opinião, mas a política tem muitas variantes".
No PSB, cresce a insatisfação com a possibilidade de Elmano Freitas, secretário municipal de Educação, ser o candidato petista, insatisfação já verbalizada pelo ex-deputado Ciro Gomes e parlamentares próximos ao governador. As últimas declarações de Cid, presidente estadual do partido e o único líder socialista que ainda defendia a parceria com Luizianne, aumentam a pressão sobre o PT fortalezense.
"O Elmano é um quadro valoroso, militante do partido, é o secretário de Educação da Prefeitura, não deixa a desejar a nenhum dos outros nomes. Não consigo entender qual é o problema", replica o deputado Antônio Carlos, observando que em 2006 o próprio Cid tinha índices baixos nas pesquisas de intenção de voto quando o PT resolveu apoiá-lo contra Lúcio Alcântara, que tentava a reeleição.
"Se (a resistência a Elmano) fosse por causa de pesquisa, o Lula não teria ido para o segundo turno em 89, a Luizianne não teria ido para o segundo turno em 2004. Esse critério não é fator determinante para se desconsiderar uma candidatura", acrescenta o líder do Governo.
Desencontro
Na sexta-feira, quando assinou ordem de serviço para a reforma do Aeroporto Pinto Martins, Cid disse ainda que, ao contrário do que afirma Luizianne, ele não recebeu nem sua secretária tem registro de telefonemas da prefeita nos últimos meses. "Há cerca de um mês reiterei ao governador a necessidade da aliança, de que ele ligasse para a prefeita. Ele disse que ia ligar. Não sei se está havendo algum desencontro de números de telefone", afirma Antônio Carlos.
O deputado federal José Guimarães, membro do diretório nacional do PT, prefere manter silêncio sobre os fatos recentes: "Não vou me meter nessa cumbuca. É uma situação que prefiro não comentar. Vou falar na hora certa. O silêncio neste momento é a melhor posição".
No dia 3 de junho os delegados do PT fortalezense se reúnem para definir o candidato. O presidente nacional do partido, Rui Falcão, segundo a prefeita Luizianne Lins, vem a Fortaleza especialmente para o encontro. "Esta semana estamos conversando muito, e quarta ou quinta, na véspera do encontro, eu falo", disse Guimarães em entrevista ao Diário do Nordeste. Tentamos ouvir o senador José Pimentel, também integrante do diretório nacional do PT. Sua assessoria informou que ele não quer comentar o assunto.
Intervenção
Para garantir a aliança com o PBS no plano nacional e sobretudo o apoio desta legenda a Fernando Haddad, candidato petista a prefeito de São Paulo, o PT tem interferido em decisões de diretórios municipais e formalizado apoio a candidatos socialistas Brasil afora, como em Duque de Caxias (RJ) e Mossoró (RN).
Na quinta-feira passada, a direção nacional do PT anulou o resultado das prévias realizadas para escolher o candidato à Prefeitura de Recife (PE), que haviam consagrado o atual prefeito João da Costa. O pedido de anulação partiu do concorrente Maurício Rands, secretário de Governo de Pernambuco. O governador Eduardo Campos é presidente nacional do PSB.
A possibilidade de intervenção em Fortaleza é vista como improvável por Antônio Carlos, mas outros petistas, que preferem ficar no anonimato, admitem que em razão das divergências locais do PT com os principais aliados do Governo Dilma, PMDB, PSB e PCdoB, o mais provável que a cúpula petista nacional, incluindo o ex-presidente Lula, não interferirá na disputa pela Prefeitura fortalezense.
Ingerência
"Não houve sinalização por parte do ex-presidente Lula de intervenção. Quero crer que a conversa do governador com Lula não foi nesse sentido de ingerência. Dialogar pode, mas não intervir. Creio que nenhum petista irá passar por cima de um processo legitimamente construído de escolha de candidato como aconteceu em Fortaleza", afirmou o deputado Antônio Carlos.
O líder do Governo foi o portador de uma mensagem do governador para a prefeita, logo após ela ter declarado que o PT faria oposição ao seu Governo se o PSB rompesse com a aliança. Naquela oportunidade o governador mandou dizer pelo líder que a prefeita calçasse a "sandália da humildade" e que ele não cedo não ia ligar para ela.
FOTO: JOSÉ LEOMAR
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