Comunidades de Morada Nova querem que água do "Eixão" chegue até riacho que abastece localidades
Morada Nova A situação já saiu de preocupante para alarmante para centenas de famílias de comunidades neste Município. A seca diminuiu o volume do açude que abastece um riacho, que atende ao menos sete localidades. Agora não mais. E preocupados, os moradores reivindicam que um trecho do Canal da Integração, que passa sobre o riacho seco, libere água ou eles mesmos, numa atitude dramática, ameaçam abrir a válvula. Uma comissão de moradores foi recebida pela regional da Companhia de Gerenciamento dos Recursos Hídricos (Cogerh), que orientou a elaboração de um relatório a se encaminhar à diretoria em Fortaleza.
O Açude Cipoada, em Morada Nova, está com apenas 20,1%. E a continuar sem chover, a projeção é que termine o ano com 8% da capacidade, conforme o escritório da Cogerh em Quixeramobim. Por isso, a situação já é considerada crítica pela própria Companhia, inclusive em vários outros açudes, especialmente com pequena capacidade de reserva, conforme já apontou o Caderno Regional.Morada Nova A situação já saiu de preocupante para alarmante para centenas de famílias de comunidades neste Município. A seca diminuiu o volume do açude que abastece um riacho, que atende ao menos sete localidades. Agora não mais. E preocupados, os moradores reivindicam que um trecho do Canal da Integração, que passa sobre o riacho seco, libere água ou eles mesmos, numa atitude dramática, ameaçam abrir a válvula. Uma comissão de moradores foi recebida pela regional da Companhia de Gerenciamento dos Recursos Hídricos (Cogerh), que orientou a elaboração de um relatório a se encaminhar à diretoria em Fortaleza.
Com tão pouca água, a Cogerh cortou o abastecimento a comunidades mais distantes atendidas pelo Açude Cipoada. Moradores das comunidades Flor de Lis, Pedra da Mesa, Vaca Morta, Cacodé, Melões, Frade e Porção estão sem receber água do reservatório.
"O Cipoada está em alerta máximo. A situação está muito crítica e não dá para atender a todas as comunidades de quando o açude está cheio. Levamos em consideração o uso prioritário, que é o abastecimento humano. A partir das medições de vazão nos trechos é possível medir o quanto se pode liberar de água", esclarece Luís César, do escritório da Cogerh em Quixeramobim, a quem cabe a gerência do Açude Cipoada.
O agricultor José Pedro lamenta que os animais já estão morrendo, a começar pelos peixes, e não vinga plantação de milho nem de sorgo. "A situação está braba mesmo. O pedaço do riacho que passa aqui tá seco, terra batida, e a gente tem medo que a situação só piore, porque aí quando faltar água para todo mundo beber a gente não sabe o que vai acontecer. Por isso, estamos pedindo às autoridades que despejem água do eixão aqui. Existe uma válvula, que pode derramar água no Santa Rosa", afirma Pedro.
Ele se refere a um trecho de adutora do "Eixão", ou Canal da Integração, que passa próximo ao Riacho Santa Rosa. Em um segmento da tubulação existe uma válvula, chamada de Descarga de Fundo.
Esse dispositivo é acionado (aberto) para realizar limpezas na tubulação, como a retirada de detritos. Periodicamente a gerência regional Cogerh em Limoeiro realiza descargas, para evitar entupimento nas ventosas. De acordo com um técnico ouvido pela reportagem, que não quis se identificar, ao menos teoricamente essa descarga usada na manutenção do canal poderia prover o abastecimento em um trecho do Riacho Santa Rosa. Mas a decisão sobre o que pode ser feito passará pelo crivo da direção da Cogerh em Fortaleza, que ainda nesta semana receberá uma carta de solicitação dos moradores. Liderados pelo padre Almir Costa, de São João do Jaguaribe, as famílias de agricultores visitaram o escritório regional da Cogerh em Limoeiro pedindo providências. "O mais importante é tentar todos os meios legais para que uma saída seja dada às comunidades, que estão sofrendo", afirma o padre.
Mas os próprios moradores ameaçam tomar medidas mais radicais, caso não sejam atendidos ou não se apontem saídas que garantam o abastecimento de água. A medida mais drástica seria arrombar um trecho do canal da integração, que leve água para o trecho seco do Riacho Santa Rosa. Atualmente, o Açude Cipoada pereniza 58km do Riacho Santa Rosa.
O Canal da Integração liga o Açude Castanhão ao Pecém, projetado como um garantidor de abastecimento para a Região Metropolitana de Fortaleza. Bem como para as indústrias na região. O "Eixão", como também é conhecido, recebeu duras críticas por não contemplar, inicialmente, o abastecimento humano de famílias que moram por onde passa o canal. Só no ano passado a Secretaria dos Recursos Hídricos conseguiu gerar abastecimento a 2.280 famílias pelo canal, mas somente graças a um recurso de R$ 3,7 milhões do Fundo Estadual de Combate à Pobreza, porque esse abastecimento não estava previsto no plano inicial do Canal.
Mais informações:
Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh)
Rua Adualdo Batista, 1550 - Parque Iracema, Fortaleza/CE
Telefone: (85) 3218.7025
MELQUÍADES JÚNIORREPÓRTER
51 Municípios decretaram emergência
Iguatu O quadro de seca se agrava no sertão do Ceará. Até ontem, 51 Municípios haviam decretado situação de emergência e mais 88 demandaram pedido de informações na Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec). Na primeira quinzena deste mês, choveu em média no Ceará apenas 6mm, ou seja, 10% do esperado para o período, que é de 60mm. A probabilidade é de continuidade de chuva isolada, de baixa pluviometria e restrita ao litoral Norte.
De acordo com a Cedec, 51 municípios decretaram estado de emergência. Desse total, três já foram reconhecidos pela Secretaria Nacional de Defesa Civil. São eles: Quiterianópolis, Quixeramobim e Tauá. Outros 15 estão em análise no órgão federal. Quatro municípios tiveram os decretos homologados pela Cedec: Caridade, Iracema, Tauá e Milhã.
Hoje, a Cedec deve homologar mais 12 decretos de emergência e até o fim desta semana serão mais dez. "Os processos de reconhecimento pela União e de homologação pelo Estado são distintos e independentes", explicou o coronel Hélcio Queiroz, coordenador da Cedec. "Os municípios devem enviar cópias dos decretos tanto para a Secretaria Nacional de Defesa Civil, quanto para Coordenadoria Estadual para que possam receber ajuda, apoio e recursos".
Sem conhecimento
A falta de conhecimento das Coordenadorias Municipais de Defesa Civil (Comdec) fica evidente no número de cidades que pediram à Cedec informações sobre como proceder para elaborar o decreto municipal de Situação de Emergência e elaboração de documentos necessários ao processo. Até ontem, 88 prefeituras solicitaram orientação e esclarecimentos. Além do decreto de Situação de Emergência, a Comdec deve apresentar a Notificação Preliminar de Desastre (Nopred), fotos georreferenciadas, requerimento que descreve a situação de perda de plantio, escassez de água, desabastecimento e a Declaração Municipal de Atuação Emergencial (DMATE), que deve expor as medidas e ações em curso. O relatório de Avaliação de Danos (Avadan) não é mais exigido. Para que os governos Federal e Estadual possam liberar recursos e realizar ações nos Municípios é necessário que os decretos de emergência estejam reconhecidos pela União e homologados pelo Estado. "A situação é grave e praticamente todos os municípios vão decretar emergência", disse ele.
Na prática, ainda não há ação efetiva da Cedec no Interior. "Na verdade, estávamos preparados para enfrentarmos um período de chuvas, mas veio uma estiagem muito intensa. De imediato, o Exército retomou a Operação Pipa que estava suspensa desde fevereiro passado, mas é uma ação emergencial".
Segundo o meteorologista da Funceme, Bruno Rodrigues, o quadro permanece o mesmo dos últimos dias e a probabilidade é de ocorrência de chuva bem abaixo da média, com baixa pluviometria, isolada, e praticamente restrita ao Litoral Norte.
Apesar da queda 50% de chuva em relação à média histórica, dois açudes continuam sangrando: Junco, em Granjeiro, e Valério, em Altaneira. Das 12 Bacias Hidrográficas monitoradas pela (Cogerh), onde estão localizados 138 açudes cearenses, uma apresenta volume abaixo de 50%, a do Curu (44,75%). A que apresenta maior volume é a Bacia do Alto Jaguaribe, com 94,96% da sua capacidade total. Ontem, a comissão local que analisa a perda da safra reuniu-se e hoje deve ser elaborado relatórios com os índices de perda.
Mais informações:
Funceme
Telefone: (85) 3101. 1117
Coordenadoria Estadual de Defesa Civil
Telefone: (85) 3101. 4571
HONÓRIO BARBOSAREPÓRTER
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