O professor holandês Benjamin Teensma apresenta as soluções para os termos do mapa no livro Atlas da costa brasileira, lançado em dezembro FOTO: DIVULGAÇÃO |
O pesquisador holandês Benjamin Teensma traduziu as expressões do manuscrito, produzido em 1640
Fortaleza Quem já ouviu falar em "Tapuets pintuba", "Brasiliansche meruapunga" ou "Kaburou Apunga"? Essas expressões são topônimos ou pseudo-topônimos mencionados no mapa do Ceará, feito por holandeses na década de 1640, época em que povoaram a costa brasileira.O mapa, denominado 4.VEL Y 58v-59r, faz parte do manuscrito neerlandês intitulado "Beschrijving van de kusten van Brazilie, Chili en Angola, en omliggende vaarwaters" (Curta descrição da costa do Brasil, Chile, Angola e caminhos marítimos circundantes), que reúne vários outros documentos e está guardado no Arquivo Nacional dos Países Baixos, em Haia.
Tal peça desse conjunto documental era, até recentemente, pouco conhecido pelos cearenses e foi apresentada ao público em matéria do Diário do Nordeste, na edição do dia 5 de setembro de 2010.
Na época, o professor e pesquisador holandês Benjamin Teensma, da Universidade de Leiden, nos Países Baixos, entrou em contato com os cearenses na busca de soluções locais para as expressões até então desconhecidas, o que rendeu algumas sugestões.
Soluções
Agora, o professor apresenta soluções para os termos do manuscrito 4.VEL Y 58v-59r, apresentadas em um livro intitulado "Atlas da costa brasileira 1643 - c.1649", organizado por Cristina Ferrão e José Paulo Monteiro Soares, com o patrocínio do Banco do Nordeste do Brasil e da Kapa Editorial.
Guia hidrográfico
A obra apresenta um guia hidrográfico da costa do Brasil e de outros lugares, contendo 16 mapas e 11 perfis costeiros do litoral do Nordeste brasileiro que vai desde Ilhéus, na Bahia, até a Barra do Ceará. Junto com os mapas, há ainda diversos textos que variam desde instruções náuticas no Oceano Atlântico até descrições da fauna e flora do Nordeste brasileiro.
Esse manuscrito da Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais (WIC), bem guardado nas estantes do depósito do Arquivo Nacional Neerlandês em Haia, chamou a atenção do professor Benjamin Teensma. O filólogo, experiente e estudioso do Brasil-Neerlandês, se diz apaixonado pelo fato de como os funcionários e diretores daquela empresa, que em grande parte tinham nacionalidades diversas, registraram na língua neerlandesa os sons, as palavras, os topônimos e pseudo-topônimos do Mundo Novo e de seus habitantes locais.
Segundo o psicólogo cearense J. Terto de Amorim, que mora na Holanda desde 1997 e estuda a história do período do "Siara-Holandês", o estudo do Atlas da costa brasileira 1643 - c.1649 não é o primeiro trabalho de Teensma sobre a história do Brasil. Ele explica que no livro "Roteiro de um Brasil desconhecido", publicado em 2007, o pesquisador transcreveu e traduziu o trabalho original de Johannes de Laet, um dos diretores da WIC naquela época.
A pesquisadora Lucia Furquim Werneck Xavier lembra que obra encontra-se arquivada na John Carter Brown Libray, em Rhode Island, na cidade de Providence, nos Estados Unidos. Esse manual contém muitos fatos novos sobre o Brasil-Neerlandês, e naturalmente sobre o Ceará daquela época.
"As publicações do professor Teensma merecem a atenção dos leitores e interessados na história do Brasil e do Ceará", afirma Lucia, que, assim como J. Terto Amorim, faz parte do grupo de estudiosos que realizam pesquisas com Teensma.
Benjamin Teensma explica que as soluções para os topônimos ou pseudo-topônimos do Atlas referentes ao mapa do Ceará seriam: plantações de milho (Tapuets pintuba), mandioca (Brasiliansche meruapunga) e tabaco (Kaburou Apunga). "São soluções unicamente reconhecíveis através das grafias na linguagem neerlando-brasileira apresentadas na versão original do manuscrito em questão", destaca o pesquisador holandês.
Para Teensma, a prova decisiva de que os termos tratam-se de plantações ou roças provém de uma passagem referente ao Ceará do livro "Roteiro de um Brasil desconhecido". "Na página 242, encontramos ´entre este cabo e o castelo estão três ou 4 casas portuguesas, onde eles têm suas roças de tabaco, farinha e outras frutas´, conclui Teensma.
J. Terto de Amorim lembra que, como o documento foi produzido em holandês antigo e em letra manuscrita, os pesquisadores tiveram dificuldades em identificar as palavras. De acordo com ele, os textos, que são cheios de referências a lugares brasileiros, foram escritos em alfabeto gótico, o que deixou a leitura ainda mais difícil. "Esses mapas são de encher os olhos não só dos apaixonados pela cartografia e História do Ceará e do Brasil, mas também do grande público", ressalta o psicólogo.
O "Atlas da costa brasileira 1643 - c.1649" foi lançado em dezembro de 2011, em Recife.
Mais informações
Sebrae - Rua José Jucá, s/n - Centro
(88) 3412.0991
Prefeitura de Quixadá
Rua Tabelião Eneas, 649, Centro
(88) 3412. 6208
Fortaleza Quem já ouviu falar em "Tapuets pintuba", "Brasiliansche meruapunga" ou "Kaburou Apunga"? Essas expressões são topônimos ou pseudo-topônimos mencionados no mapa do Ceará, feito por holandeses na década de 1640, época em que povoaram a costa brasileira.O mapa, denominado 4.VEL Y 58v-59r, faz parte do manuscrito neerlandês intitulado "Beschrijving van de kusten van Brazilie, Chili en Angola, en omliggende vaarwaters" (Curta descrição da costa do Brasil, Chile, Angola e caminhos marítimos circundantes), que reúne vários outros documentos e está guardado no Arquivo Nacional dos Países Baixos, em Haia.
Tal peça desse conjunto documental era, até recentemente, pouco conhecido pelos cearenses e foi apresentada ao público em matéria do Diário do Nordeste, na edição do dia 5 de setembro de 2010.
Na época, o professor e pesquisador holandês Benjamin Teensma, da Universidade de Leiden, nos Países Baixos, entrou em contato com os cearenses na busca de soluções locais para as expressões até então desconhecidas, o que rendeu algumas sugestões.
Soluções
Agora, o professor apresenta soluções para os termos do manuscrito 4.VEL Y 58v-59r, apresentadas em um livro intitulado "Atlas da costa brasileira 1643 - c.1649", organizado por Cristina Ferrão e José Paulo Monteiro Soares, com o patrocínio do Banco do Nordeste do Brasil e da Kapa Editorial.
Guia hidrográfico
A obra apresenta um guia hidrográfico da costa do Brasil e de outros lugares, contendo 16 mapas e 11 perfis costeiros do litoral do Nordeste brasileiro que vai desde Ilhéus, na Bahia, até a Barra do Ceará. Junto com os mapas, há ainda diversos textos que variam desde instruções náuticas no Oceano Atlântico até descrições da fauna e flora do Nordeste brasileiro.
Esse manuscrito da Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais (WIC), bem guardado nas estantes do depósito do Arquivo Nacional Neerlandês em Haia, chamou a atenção do professor Benjamin Teensma. O filólogo, experiente e estudioso do Brasil-Neerlandês, se diz apaixonado pelo fato de como os funcionários e diretores daquela empresa, que em grande parte tinham nacionalidades diversas, registraram na língua neerlandesa os sons, as palavras, os topônimos e pseudo-topônimos do Mundo Novo e de seus habitantes locais.
Segundo o psicólogo cearense J. Terto de Amorim, que mora na Holanda desde 1997 e estuda a história do período do "Siara-Holandês", o estudo do Atlas da costa brasileira 1643 - c.1649 não é o primeiro trabalho de Teensma sobre a história do Brasil. Ele explica que no livro "Roteiro de um Brasil desconhecido", publicado em 2007, o pesquisador transcreveu e traduziu o trabalho original de Johannes de Laet, um dos diretores da WIC naquela época.
A pesquisadora Lucia Furquim Werneck Xavier lembra que obra encontra-se arquivada na John Carter Brown Libray, em Rhode Island, na cidade de Providence, nos Estados Unidos. Esse manual contém muitos fatos novos sobre o Brasil-Neerlandês, e naturalmente sobre o Ceará daquela época.
"As publicações do professor Teensma merecem a atenção dos leitores e interessados na história do Brasil e do Ceará", afirma Lucia, que, assim como J. Terto Amorim, faz parte do grupo de estudiosos que realizam pesquisas com Teensma.
Benjamin Teensma explica que as soluções para os topônimos ou pseudo-topônimos do Atlas referentes ao mapa do Ceará seriam: plantações de milho (Tapuets pintuba), mandioca (Brasiliansche meruapunga) e tabaco (Kaburou Apunga). "São soluções unicamente reconhecíveis através das grafias na linguagem neerlando-brasileira apresentadas na versão original do manuscrito em questão", destaca o pesquisador holandês.
Para Teensma, a prova decisiva de que os termos tratam-se de plantações ou roças provém de uma passagem referente ao Ceará do livro "Roteiro de um Brasil desconhecido". "Na página 242, encontramos ´entre este cabo e o castelo estão três ou 4 casas portuguesas, onde eles têm suas roças de tabaco, farinha e outras frutas´, conclui Teensma.
J. Terto de Amorim lembra que, como o documento foi produzido em holandês antigo e em letra manuscrita, os pesquisadores tiveram dificuldades em identificar as palavras. De acordo com ele, os textos, que são cheios de referências a lugares brasileiros, foram escritos em alfabeto gótico, o que deixou a leitura ainda mais difícil. "Esses mapas são de encher os olhos não só dos apaixonados pela cartografia e História do Ceará e do Brasil, mas também do grande público", ressalta o psicólogo.
O "Atlas da costa brasileira 1643 - c.1649" foi lançado em dezembro de 2011, em Recife.
Mais informações
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(88) 3412.0991
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(88) 3412. 6208
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