Ausência de punições foi condição para policiais encerrarem greve no Ceará em janeiro e agora é exigida na Bahia |
Segundo o jornal "Folha de S. Paulo", o governador do Ceará, Cid Ferreira Gomes, afirmou ontem, em entrevista, que a greve de policiais militares deve ser considerada "crime federal" e que conceder "anistia" aos manifestantes é "frouxidão".
O Ceará foi o primeiro estado do Brasil a enfrentar uma greve de PMs em 2012. O movimento começou ainda em 29 de dezembro do ano passado e persistiu até 4 de janeiro. A ausência de medidas administrativas contra os grevistas foi uma das condições impostas pelos líderes do movimento ao governo estadual para suspender a paralisação, que provocou uma onda de pânico em Fortaleza e algumas cidades do Interior, em meio a registros e boatos de aumento de ocorrências policiais.Na Bahia, os grevistas também reivindicam não serem penalizados pela paralisação, proibida por Lei aos PMs. O governador da Bahia, Jacques Wagner (PT), afirmou que não concederá "anistia", inclusive porque só o Congresso Nacional pode aprovar lei anistiando policiais que cometem crimes militares.
Conforme a matéria, "sem fazer referência à greve de PMs na Bahia", o governador afirmou que "na hora que se concedeu a anistia, isso é uma frouxidão". "Greve não é uma iniciativa de quem quer negociação. Greve é uma medida extrema", disse.
A reportagem do Diário do Nordeste entrou em contato com a Assessoria de Comunicação do governador, que preferiu não comentar o assunto. Segundo a "Folha", Cid alertou que o governo federal esteja preparado para enviar grandes efetivos de segurança em casos de paralisações de policiais que, acredita, podem se repetir em outros estados, como na Bahia.
Para o governador, as atuais greves têm sido articuladas depois do movimento nacional da categoria pela aprovação da PEC 300, projeto de emenda constitucional que visa unificar os pisos salariais das PMs.
"A PEC não andou, mas essa luta permitiu que eles se conhecessem nacionalmente, trocassem experiências, e resolveram fazer esses movimentos", cita.
EUA desaconselham
O governo dos EUA recomendou aos cidadãos americanos que adiem viagens "não essenciais" à Bahia. De acordo com alerta publicado no site da Missão Diplomática dos EUA no Brasil, os cidadãos devem adiar as viagens "até que as condições de segurança estejam estabilizadas" com o fim da greve.
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, chamou de "vandalismo" a atitude de alguns policiais em greve na Bahia. Ele afirmou que a União tem condições, se preciso, de elevar o efetivo de 4 mil homens do Exército, da Força Nacional e da Polícia Federal que atuam no Estado devido à greve.
O objetivo do Palácio do Planalto é demonstrar força contra a greve dos PMs na Bahia e evitar que essas mobilizações se alastrem por outros estados. "A intenção é mostrar que há Estado no Brasil", disse um ministro próximo de Dilma.
INSEGURANÇA
93 homicídios foram registrados na Bahia durante os seis primeiros dias de greve, segundo dados informados pela Secretaria de Segurança Pública do Estado
PMs e Exército em confronto
Salvador Pelo menos cinco confrontos foram registrados ontem entre policiais militares em greve e homens do Exército que cercam a Assembleia Legislativa da Bahia, onde os manifestantes estão acampados desde a última quarta-feira, 1º, dia seguinte ao início da paralisação.
O número de homicídios no Estado nos seis primeiros dias de greve chega a 93, segundo a Secretaria de Segurança Pública. Considerando apenas os casos registrados em Salvador e Região Metropolitana, o percentual supera em 129% o da semana anterior.
Ontem, pouco antes de meio-dia, cerca de 300 grevistas e familiares tentaram furar o bloqueio feito por cerca de 600 homens do Exército que cercavam a Assembleia. O objetivo dos manifestantes era se juntar aos policiais que estão no prédio. O número exato de grevistas dentro da Assembleia é incerto.
Já os militares pretendiam auxiliar a Polícia Federal no cumprimento de 11 mandados de prisão contra PMs grevistas. Até o fechamento desta edição, a desocupação do prédio poderia começar a qualquer momento.
O Exército reagiu com balas de borracha e bombas de efeito moral. Os manifestantes chegaram a jogar dois tijolos e dois sacos de carvão contra a tropa das Forças Armadas.
Mais cedo, pelo menos outros três confrontos ocorreram. Uma pessoa foi atingida nos dois pés e outra foi alvejada na barriga.
Por volta das 16h30, um novo confronto foi registrado entre PMs e militares. O exército tentou descarregar tapumes de alumínio, para tentar impedir o contato visual entre os manifestantes que estavam dentro e os que permaneciam fora da Assembleia. Os grevistas colocaram as peças de volta no caminhão, enfrentando cerca de 40 homens do Batalhão de Choque.
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