quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Veto opõe indústria do cigarro e médicos

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A proposta da Anvisa cria mais restrições à publicidade sobre o cigarro
AGÊNCIA BRASIL
Audiência reuniu ontem médicos e produtores para discutir medidas restritivas à indústria do tabaco
Brasília Audiência pública chamada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para discutir a propaganda de cigarros em maços e pontos de venda colocou a indústria tabagista e produtores de fumo de um lado e médicos e associações contra o cigarro de outro. Ônibus trouxeram produtores de fumo do Sul do país para o evento em Brasília. A proposta em discussão é a consulta pública 117 de 2010, da Anvisa, que pretende acabar com a exposição dos cigarros nos pontos de venda - permitida só nas tabacarias-, aumentar a área de advertência à saúde nos pontos de venda, além de proibir abordagens promocionais e pesquisas de mercado no setor.

Por uma decisão judicial que adiou a realização da audiência, a Anvisa teve que garantir espaço físico para mil pessoas. Escolheu fazer o evento no ginásio Nilson Nelson, garantindo a presença de até 14 mil pessoas - compareceram cerca de 500.

"A saúde pública não pode ficar refém dos interesses da indústria", disse Alberto Araújo, representando a Sociedade Brasileira de Pneumologia. Ele classificou de "tabacocídio" as mortes provocadas pelo fumo.

Roberto Gil, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica e dono de um consultório, disse que se via nas duas posições: médico, tendendo a lutar contra o tabaco, e empresário, tendendo a defender a liberdade do setor.

"Alguém acharia ético eu dizer para meu paciente ´você tem que fumar bastante, porque tenho meus filhos para criar e funcionários para pagar?´. Se eu não tiver que atender mais câncer, me darei por satisfeito", afirmou o especialista.

A favor da medida ainda falaram representantes da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Pan-americana de Saúde (Opas), do Conselho Federal de Medicina (CFM), do Instituto Nacional de Câncer (Inca), da Aliança de Controle do Tabagismo e do Congresso Nacional, entre outros.

"A indústria é cara de pau, quer jogar o produtor contra o médico e a ciência. A propaganda deve ser zero", disse o deputado federal Darcísio Perondi (PMDB-RS), presidente da frente parlamentar da Saúde. Foram 27 manifestações do público contra a proposta da Anvisa e 18 favoráveis.

Outro lado
Uma representante da Souza Cruz, Maria Alicia Lima afirmou que, se a intenção é proteger jovens, bastaria pôr em prática a legislação atual, que já proíbe a venda a menores de 18 anos e restringe a propaganda aos locais de venda.

Um dos diretores da Anvisa, Agenor Álvares, afirmou que a agência vai recolher todas as contribuições e tomar uma decisão em colegiado no início de 2012 e ser concretizada em uma resolução. Especialistas contrários às regras mais duras para a publicidade avaliaram que as propostas ferem a legalidade do setor, transformam o cigarro em um produto semi-ilícito e estimulam o contrabando.

Regras discutidas
Acaba com a exposição dos maços de cigarro nos pontos de venda, exceto nas tabacarias
Aumenta a área das advertências à saúde em locais que são pontos de venda
Proíbe a propaganda e venda de cigarros e derivados pela internet
Proíbe as abordagens promocionais e as pesquisas de mercado no setor
Proíbe o uso de aditivos e aromatizantes nesses produtos
Dá seis meses de prazo para que os fabricantes se adaptem às novas regras no Brasil

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