A escultura da índia foi pintada com a cor verde neste mês (FOTO: SARA MAIA) |
José de Alencar descreve a índia Iracema como “a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna e mais longos que seu talhe de palmeira... Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu…” Contrariando a descrição do autor, a escultura da índia na lagoa de Messejana, tomando banho de cuia, foi pintada de verde da cabeça aos pés.
O fato deixou indignado o motorista Moacir Filho, 54, ao passear com a esposa nas margens da lagoa: “Eu achei um absurdo. Isso é um patrimônio histórico. A cor dela era linda, prateada, parecida com a pele”, afirma. Ele conta que até ligou para a Secretaria Executiva Regional (SER) VI para saber o que motivou a decisão e foi informado que se tratava de uma das ações para a Copa do Mundo de 2014.
O técnico de contabilidade Paulo Gadelha, 44, aprovou o novo layout. “Comparado com antes, melhorou. Ela estava muito estragada. E acho que o verde combina com a lagoa e as árvores”, avalia.
O responsável pelo banho de verde na índia é o artesão Costa Neto, 45, que também participou da confecção da estátua em 2004. Ele conta que a obra original tinha um tom esverdeado e só depois foi adotado o prata. Para os insatisfeitos, ele lança o desafio: “Qual a cor que as pessoas querem? Elas têm que sugerir. E teve muita gente que elogiou a mudança”.
Costa Neto afirma uma tinta especial foi utilizada, que protege a estátua da ação dos pichadores. “Basta molhar com água e passar um pano com sabão que a sujeira sai”. Os trabalhos de pintura se iniciaram no dia 7 de dezembro e se estenderam por 13 dias. Foram necessários 70 litros de tinta das cores verde e platina (base) e uma equipe de oito pessoas. Como a estátua fica dentro da lagoa, foi preciso utilizar balsas, cordas e andaimes para fazer o serviço.
A SER VI nega, por meio da assessoria de imprensa, que o restauro e a cor da tinta tenha algo a ver com a Copa de 2014. O órgão também informa que o motor, responsável pelo bombeamento da água que cai da cuia e banha a estátua, será reativado. E a lança roubada será recolocada.
O monumento foi inaugurado em 1º de maio de 2004 e é considerado um dos símbolos de Messejana. A estátua tem 12 metros de altura, o equivalente a um prédio de quatro andares, e pesa 16 toneladas, com estrutura de aço revestida por uma resina especial.
ENTENDA A NOTÍCIA
A estátua de Iracema, que fica localizada na lagoa de Messejana, passou por uma renovação neste mês de dezembro. Os trabalhos duraram 13 dias. Agora, o corpo, os cabelos e a cuia da índia ganharam uma tonalidade verde. Nem todos aprovaram a mudança.
SERVIÇO
Passeios gratuitos às estátuas de Iracema
Durante o mês de janeiro, serão realizados passeios gratuitos que visitam as cinco estátuas de Iracema, além do Theatro e da Casa de José de Alencar. Para mais informações ou agendamentos, ligar para o turismólogo e educador Gerson Linhares: (85) 8835 9915.
Para solicitar reparos em monumentos públicos, você deve ligar para a Regional do seu bairro:
Regional I: (85) 3433 6875
Regional II: (85) 3216 1851
Regional III: (85) 3433 2519 e 3433 2542
Regional IV: (85) 3433 2862
Regional V: (85) 3433 2929
Regional VI: (85) 3488 3124 ou 3488 3126.
Secretaria Executiva Regional do Centro: (85) 3226 5059.
Secretaria da Cultura de Fortaleza (Secultfor): (85) 3105 1294.
Confronto das ideias
Você aprova a nova pintura da estátua de Iracema, que agora está com a cor verde?
SIM
Bem melhor
O comerciante Sílvio Lima passa pelo menos uma vez por semana pela lagoa de Messejana e aprovou a nova pintura da estátua de Iracema. Segundo ele, a nova cor se adaptou ao cenário ao redor. “Acho que ficou melhor do que a anterior. A cor certa é essa mesmo (verde), que combina com o ambiente. O problema são as pichações, acho que tem que vigiar mais. A estátua estava sempre pichada”, comenta ele.
Sílvio Lima, 40 anos, comerciante
NÃO
Sem originalidade
A autônoma Eliane Lima é taxativa: “Já vi e não gostei. Tirou a originalidade dela. Eu moro num condomínio próximo e lá ninguém aprovou a nova cor da Iracema”, cita. No que dependesse da vontade de Eliane, a cor antiga voltaria imediatamente,
mas ela reconhece que a estátua precisava de restauração. Por fim, arremata: “Nunca vi índia verde”.
Eliane Lima, 47 anos, autônoma
Geimison Maia
geimisonmaia@opovo.com.br
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