quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Colisões entre veículos crescem 20% em Fortaleza

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FOTO: LUCAS DE MENEZES
Apenas neste ano, um total de 34 mil motoristas se envolveu em acidentes, na Capital, de acordo com informações da AMC
Ministério da Saúde envia R$ 8 milhões para o Ceará na tentativa de modificar a cultura da segurança no trânsito
Uma colisão de veículos e a longa fila de carros logo se forma. Daí, o engarrafamento já tomou conta de toda a via. Essa típica cena do cotidiano se repetiu, pelo menos, 17.018 vezes só neste ano, em Fortaleza.
Conforme dados da Autarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos e de Cidadania (AMC), foram 11.323 acidentes sem vítimas e 5.695 com óbitos. Um registro de ocorrências 20% maior que em 2010, com 14.130 colisões. Um total de 34 mil motoristas se envolveu em acidente. Com a crescente onda de violência na malha viária, o Ministério da Saúde anunciou ontem o envio de R$ 8,1 milhões para o Ceará e 2,4 milhões para Fortaleza a fim de dar maior viabilidade ao Projeto ‘Vida no Trânsito’.

Apoiando a iniciativa, Arcelino Lima, chefe do Núcleo de Trânsito da AMC, só lamenta a dificuldade de se trabalhar com a lógica da prevenção. “Trazer a cultura de paz para as ruas ainda é algo muito difícil. Mexe com uma questão cultural. O motorista ainda vê o carro como uma potência, uma máquina que lhe dá poder e força.
Daí, usa o veículo de qualquer jeito, como algum bem privado dentro do espaço público. Nossa meta é, em 2012, tentar minimizar os danos e zerar as mortes”, relata Lima.

Projetos
Uma das iniciativas mais conhecidas de educação para o trânsito é a Escolinha da AMC, no Cocó, está desativada. Conforme o chefe do núcleo, a atividade está paralisada para a realização de reformas. “Mas queremos reinaugurá-la em março, se possível”, diz Lima.

Segundo o Ministério, o repasse de recursos, por meio do Fundo Nacional de Saúde, é destinado à ampliação e ao desenvolvimento de ações que consigam interferir na cultura de segurança de forma a reduzir o número de mortos e feridos graves a partir da conscientização e da mobilização da sociedade.

As secretarias estaduais e municipais de saúde deverão implantar o ‘Vida no Trânsito’ por meio de articulação com outros setores governamentais e não-governamentais. Os atuais gestores também deverão, segundo o Ministério da Saúde, qualificar as informações sobre acidentes de trânsito e vítimas, identificando os fatores de risco e grupos de vítimas mais importantes nos respectivos municípios.

Além disso, os secretários terão que desenvolver programas de intervenção que reduzam esses fatores e os pontos críticos de ocorrência de acidentes.

O secretário estadual de Saúde do Ceará, Arruda Bastos, comemora o maior aporte de recurso oriundo do Ministério, mas comenta que o dinheiro ainda é pouco para a grande necessidade de redução dessa epidemia de óbitos nas vias e estradas.

“Temos que continuar com as campanhas para uso do capacete e pelo não consumo de bebidas alcoólicas. Tem que se tratar o problema como uma questão de saúde pública. Fazer blitz educativa, envolver outros setores, fazer ações nos hospitais e escolas”, frisa Bastos. Para ele, há que se investir mais também na fiscalização e na cobrança do cumprimento das leis já existentes.

Realidade
Nos corredores do Instituto Doutor José Frota (IJF), maior hospital de trauma do Ceará, é possível encontrar exemplos da imprudência dos que se envolvem em acidentes de trânsito. Demonstração disso foram os 29 motociclistas atendidos pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) Fortaleza só no último fim de semana.

Para Messias Simões, diretor médico do Samu Fortaleza e do IJF, parte da população só compreende os riscos quando é forçada a se expor ao fato, viver o drama. “Tem muita gente que acha que os acidentes nunca vão acontecer com eles. São apenas números, estatísticas. É preciso um choque de realidade”.

A professora de psicologia da Universidade Federal do Ceará (UFC), Gislene Macedo, diz que mais eficaz que a prevenção é a promoção da saúde. “As ações existentes ainda são elementares. Blitz é uma coisa, educação é outra. Precisamos de comprometimento de todos e mais vontade política para a resolução do problema, da epidemia”, diz.

Ivna Girão
Repórter

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