quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Organização criminosa aplica golpe milionário

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Superintendente da Polícia Federal no Ceará, delegado Sandro Caron (centro), deu detalhes sobre a operação coordenada pelo Grupo de Repressão a Crimes Cibernéticos da PF FOTO: FABIANE DE PAULA
A quadrilha aliciava carteiros, que furtavam cartões de créditos dos Centros de Distribuição dos Correios, na Capital
Uma fraude milionária, estimada em R$ 10 milhões, contra instituições financeiras e coordenada por uma quadrilha, que contava com a participação direta de servidores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) e de um policial civil, foi descoberta pelo Grupo de Repressão a Crimes Cibernéticos da Polícia Federal, em Fortaleza. O grupo desviava cartões de débitos e créditos dos Correios e usava em compras no comércio. Ontem, sete mandados de prisão preventiva, nove de condução coercitiva e 23 de busca e apreensão foram cumpridos pela PF, durante a operação denominada ´Olho de Boi´, uma referência à primeira série de selos postais no País. Segundo as investigações, iniciadas em abril deste ano, a organização criminosa é composta, por no mínimo 17 pessoas, entre elas, estão cinco carteiros e um inspetor da Polícia Civil do Ceará.

Em entrevista coletiva concedida na tarde de ontem, o delegado Sandro Luciano Caron, superintende regional do órgão, explicou o funcionamento do golpe que causou um prejuízo de quase R$ 1,5 milhão aos cofres da Caixa Econômica Federal (CEF), no período compreendido entre março de 2010 e setembro deste ano. Conforme Caron, o valor total da fraude é estimado em R$ 10 milhões somados os prejuízos a outras instituições bancárias e operadores de crédito.

Violavam
Conforme a PF, os funcionários violavam correspondências que chegavam aos Centros de Distribuição dos Correios referentes a cartões de créditos e débitos de clientes de bancos e operadoras. Em seguida, os documentos furtados eram repassados para outros integrantes da quadrilha. Para cada cartão desviado, os carteiros recebiam de R$ 100,00 a R$ 150,00.

A segunda etapa do plano criminoso consistia em desbloquear os cartões. Os nomes dos titulares eram repassados para o policial civil e outros envolvidos na fraude. Segundo Caron, para cada nome que o inspetor obtinha dados, ele recebia R$ 20,00 a R$ 25,00. A PF acredita que milhares de pessoas foram vítimas do grupo que já atuava no Estado há cerca de três anos.

O inspetor (lotado no 1ºDP) utilizava os sistemas de informações policiais, aos quais tinha livre acesso, e obtinha as informações de cadastro dos clientes. De acordo com o delegado Francisco Ricardo Lopes Matias, chefe do Grupo de Repressão a Crimes Cibernéticos, outro sistema de informações utilizado pelo bando, era o da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL).

O passo seguinte era desbloquear os cartões junto às operadoras. Com os documentos falsos, outros membros da quadrilha, inclusive mulheres, faziam compras de produtos de alto valor, principalmente eletrodomésticos. Os objetos eram revendidos até pela metade do preço. Os envolvidos foram indiciados por formação de quadrilha, falsificação de documento público e uso de documento falso. Os servidores públicos também responderão por peculato.

EMERSON RODRIGUESREPÓRTER

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