Jovem André produziu filme de um minuto. O aposentado Luis Pedro da Silva, de Russas, foi o protagonista MELQUÍADES JÚNIOR |
De forma bem caseira, com uma simples câmera, André Araújo, gravou um pequeno vídeo e é destaque
Russas. André Araújo queria fazer um filme. E o seu vizinho aposentado adorou a ideia de poder aparecer na tela. André tem uma dessas câmeras que fotografam, filmam, compactas mesmo de se levar no bolso e usar num passeio. O rapaz só não imaginava que filmar a própria ideia com restrições técnicas e orçamentárias lhe valeria a vitória justa em um dos maiores festivais de vídeo da America Latina. Com "Eu quero fazer um filme", o russano de 20 anos venceu o Festival do Minuto Carne Moída, o Festival do Minuto Universitário, e o 3º lugar no concurso Curtas de Bolso da Tela Brasil.
Um dia inteiro para produzir um vídeo de um minuto. E de minuto em minuto, o jovem André Araújo vai colocando as ideias na frente da câmera. E dela para a tela do computador, para o CD e o envelope destinado a participar de algum concurso audiovisual. E nessa "brincadeira", o estudante de rádio e TV vai produzindo, mesmo de forma amadora, os seus primeiros filmes.
André cursa Comunicação Social na Universidade Estadual do Rio Grande do Norte, em Mossoró, quase 100km distante de sua casa em Russas. Vai e vem todo dia. E foi num dia em que chegando à faculdade viu no mural um cartaz de um concurso de vídeo-minuto com o tema corrupção, realizado pela Controladoria Geral da União (CGU). O vídeo "Compromisso" foi a primeira tentativa do rapaz, que conquistou o 1º lugar e pegou o gosto pelo audiovisual.
Terceiro
"Eu quero fazer um filme" é o terceiro vídeo produzido por André para concorrer com outros trabalhos de interessados como ele. O vídeo de um minuto traz Luis Pedro da Silva, vizinho de André. "Meu nome é Luis, tenho 87 anos e quero fazer um filme da minha história. Daqueles filmes que se vê na televisão", inicia a fala do aposentado. O pequeno filme segue nos valiosos 60 segundos de forma metalinguística. Seu Luis narra os tipos de movimento da câmera, que acompanha sua fala.
O vídeo foi idealizado para um concurso cujo tema era a metalinguagem. André teria que falar de cinema por meio do próprio cinema. "De início foi muito difícil, devido inclusive às minhas limitações técnicas, pois é um filme de baixa resolução, gravado com uma câmera compacta", explica. E a câmera de André é tão simples que não grava bem o áudio. Depois das filmagens, foi necessário gravar as falas de seu Luis. "Passei muito tempo para conseguir sincronizar a fala com a imagem", conta. O aposentado não sabe ler, então André passou com ele todas as falas para que as decorasse. "Quando eu fiz a proposta de participar do filme, ele aceitou antes mesmo de explicar do que se tratava". O vídeo ainda tem trilha sonora da Orquestra Carnaubeira, também de Russas, já conhecida pelos leitores deste Caderno Regional. Falando nisso, a Associação Carnaubeira é uma das protagonistas do celeiro que tem se formado de produção audiovisual no Vale do Jaguaribe.
"O concurso me estimulou a pensar sobre cinema, foi, portanto, para mim um grande desafio, pois até então na faculdade ainda estávamos apenas teorizando sobre a linguagem cinematográfica. Foi uma experiência muito boa, pois percebi que o que realmente importa é ter uma boa ideia, depois é só se adequar às suas possibilidades de execução. Hoje posso dizer que tenho uma certa experiência, em relação ao audiovisual, graças a este concurso e ao da CGU que, de forma amadora, participei, que apesar da imagem tremida, eu consegui transmitir minha mensagem, talvez expressar por meio de 1 minuto a maneira de como eu vejo o mundo, de como eu sintetizo minhas ideias", conta ele.
O jovem André está à procura de novos desafios para suas ideias cinematográficas. Tem o apoio do vizinho-aposentado-ator, seu Luis, que encerra com "Eu quero fazer um filme, mas pra começar, eu só sei que termina com o ´fim´".
O Festival do Minuto Universitário, de que André Araújo foi vencedor, é uma das sensações do meio acadêmico do País. Universitários, principalmente dos cursos de Comunicação Social, têm participado. O festival foi criado em 1991 e hoje é o maior festival de vídeos da América Latina. Pelo vídeo "Eu quero fazer um filme", André recebeu Troféu Minuto, além de um prêmio de R$ 4 mil.
Todos os vídeos recebidos são avaliados por uma equipe de curadores e só depois publicados no site. O Festival do Minuto também realiza exibições offline em mais de 200 cidades no Brasil e no exterior, exposições em museus, mostras itinerantes, festivais em escolas e universidades, oficinas, entre outras atividades. Grande parte dos cineastas e profissionais de renome do audiovisual brasileiro já fez o seu filme do Minuto.
A criatividade de quem tem uma câmera fotográfica com função filmadora ou mesmo um celular que filma é estimulada pelo Concurso Curtas de Bolso Tela Brasil. Todo ano a produção do concurso elege um tema, para que os participantes mandem um vídeo entre 30 segundos e cinco minutos. Os vencedores recebem prêmios como computadores e celulares. As votações são feitas por um júri oficial, formado por cineastas, e a votação popular, na internet.
O Festival de 1 Minuto Carne Moída, de que André Araújo também foi vencedor, é um festival de vídeos caseiros feitos só com celular ou câmeras amadoras. A intenção é mostrar que qualquer um pode roteirizar, atuar e produzir um filme. Claro que como em qualquer atividade, destaca-se quem faz melhor. Para os produtores do Festival Carne Moída, o mais importante é a experimentação na produção audiovisual, não importando as condições técnicas que serão utilizadas.
MAIS INFORMAÇÕES
"Eu quero fazer um filme", vídeo vencedor de festival
André Araújo: (88) 9408.4053andre.araujo013@gmail.com
NOVOS TALENTOS
Produção de audiovisual em ascensão
Diversos festivais no Vale do Jaguaribe tem contribuído para o crescimento do audiovisual
Limoeiro do Norte A quantidade de festivais de cinema e vídeo espalhados pelo País e a proximidade gerada pela Internet, mas não sem a criatividade e determinação, tem provocado uma verdadeira ascensão da atividade audiovisual na região do Vale do Jaguaribe. Com destaque para os Municípios de Aracati, Russas e Limoeiro do Norte.
Todos os anos é realizado em Aracati o Festival Latino-Americano de Curta Metragem (Curta Canoa), que foi um dos maiores incentivadores do cineclubismo na cidade e, depois, na produção audiovisual local. Hoje, Aracati conta com um Núcleo de Animação e já tem produtores locais participando com vídeos do tradicional Curta Canoa.
Destaque
É de Russas, a Associação Carnaubeira de Arte-Educação, que ultimamente tem se destacado pelo trabalho audiovisual. O trabalho mais recente é a "Feira da Fantasia", filme que traz Miúdo, um garoto de 10 anos, que mora na Chapada do Apodi, em Limoeiro do Norte, e se encantou com as histórias contadas pelo pai, seu Antônio, sobre a feira popular no Centro de Limoeiro. Depois de muitas recusas em deixar o filho acompanhá-lo nas compras na feira (foi lá que a mãe do menino morrera em acidente de trânsito), seu Antônio disse "vamos" para o menino que nem pensou duas vezes. Encantado e distraído com o universos de coisas e pessoas, e as estripulias dos artistas populares, Miúdo se perde do pai, que começa então uma busca desesperada. Recém-lançado, o filme já foi selecionado para concorrer nos festivais de cinema em Maringá, no Estado de São Paulo, Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis (Santa Catarina) e II Festival de Cinema Digital de Jericoacoara.
Também é de Russas parte da produção do curta-metragem de ficção "Doce de Coco". O filme foi gravado em Russas com direção do russano Allan Deberton, participação de atores também do Município e atrizes reconhecidas nacionalmente. Em agosto deste ano o filme participou do Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo (Curta Kinoforum).
Russas. André Araújo queria fazer um filme. E o seu vizinho aposentado adorou a ideia de poder aparecer na tela. André tem uma dessas câmeras que fotografam, filmam, compactas mesmo de se levar no bolso e usar num passeio. O rapaz só não imaginava que filmar a própria ideia com restrições técnicas e orçamentárias lhe valeria a vitória justa em um dos maiores festivais de vídeo da America Latina. Com "Eu quero fazer um filme", o russano de 20 anos venceu o Festival do Minuto Carne Moída, o Festival do Minuto Universitário, e o 3º lugar no concurso Curtas de Bolso da Tela Brasil.
Um dia inteiro para produzir um vídeo de um minuto. E de minuto em minuto, o jovem André Araújo vai colocando as ideias na frente da câmera. E dela para a tela do computador, para o CD e o envelope destinado a participar de algum concurso audiovisual. E nessa "brincadeira", o estudante de rádio e TV vai produzindo, mesmo de forma amadora, os seus primeiros filmes.
André cursa Comunicação Social na Universidade Estadual do Rio Grande do Norte, em Mossoró, quase 100km distante de sua casa em Russas. Vai e vem todo dia. E foi num dia em que chegando à faculdade viu no mural um cartaz de um concurso de vídeo-minuto com o tema corrupção, realizado pela Controladoria Geral da União (CGU). O vídeo "Compromisso" foi a primeira tentativa do rapaz, que conquistou o 1º lugar e pegou o gosto pelo audiovisual.
Terceiro
"Eu quero fazer um filme" é o terceiro vídeo produzido por André para concorrer com outros trabalhos de interessados como ele. O vídeo de um minuto traz Luis Pedro da Silva, vizinho de André. "Meu nome é Luis, tenho 87 anos e quero fazer um filme da minha história. Daqueles filmes que se vê na televisão", inicia a fala do aposentado. O pequeno filme segue nos valiosos 60 segundos de forma metalinguística. Seu Luis narra os tipos de movimento da câmera, que acompanha sua fala.
O vídeo foi idealizado para um concurso cujo tema era a metalinguagem. André teria que falar de cinema por meio do próprio cinema. "De início foi muito difícil, devido inclusive às minhas limitações técnicas, pois é um filme de baixa resolução, gravado com uma câmera compacta", explica. E a câmera de André é tão simples que não grava bem o áudio. Depois das filmagens, foi necessário gravar as falas de seu Luis. "Passei muito tempo para conseguir sincronizar a fala com a imagem", conta. O aposentado não sabe ler, então André passou com ele todas as falas para que as decorasse. "Quando eu fiz a proposta de participar do filme, ele aceitou antes mesmo de explicar do que se tratava". O vídeo ainda tem trilha sonora da Orquestra Carnaubeira, também de Russas, já conhecida pelos leitores deste Caderno Regional. Falando nisso, a Associação Carnaubeira é uma das protagonistas do celeiro que tem se formado de produção audiovisual no Vale do Jaguaribe.
"O concurso me estimulou a pensar sobre cinema, foi, portanto, para mim um grande desafio, pois até então na faculdade ainda estávamos apenas teorizando sobre a linguagem cinematográfica. Foi uma experiência muito boa, pois percebi que o que realmente importa é ter uma boa ideia, depois é só se adequar às suas possibilidades de execução. Hoje posso dizer que tenho uma certa experiência, em relação ao audiovisual, graças a este concurso e ao da CGU que, de forma amadora, participei, que apesar da imagem tremida, eu consegui transmitir minha mensagem, talvez expressar por meio de 1 minuto a maneira de como eu vejo o mundo, de como eu sintetizo minhas ideias", conta ele.
O jovem André está à procura de novos desafios para suas ideias cinematográficas. Tem o apoio do vizinho-aposentado-ator, seu Luis, que encerra com "Eu quero fazer um filme, mas pra começar, eu só sei que termina com o ´fim´".
O Festival do Minuto Universitário, de que André Araújo foi vencedor, é uma das sensações do meio acadêmico do País. Universitários, principalmente dos cursos de Comunicação Social, têm participado. O festival foi criado em 1991 e hoje é o maior festival de vídeos da América Latina. Pelo vídeo "Eu quero fazer um filme", André recebeu Troféu Minuto, além de um prêmio de R$ 4 mil.
Todos os vídeos recebidos são avaliados por uma equipe de curadores e só depois publicados no site. O Festival do Minuto também realiza exibições offline em mais de 200 cidades no Brasil e no exterior, exposições em museus, mostras itinerantes, festivais em escolas e universidades, oficinas, entre outras atividades. Grande parte dos cineastas e profissionais de renome do audiovisual brasileiro já fez o seu filme do Minuto.
A criatividade de quem tem uma câmera fotográfica com função filmadora ou mesmo um celular que filma é estimulada pelo Concurso Curtas de Bolso Tela Brasil. Todo ano a produção do concurso elege um tema, para que os participantes mandem um vídeo entre 30 segundos e cinco minutos. Os vencedores recebem prêmios como computadores e celulares. As votações são feitas por um júri oficial, formado por cineastas, e a votação popular, na internet.
O Festival de 1 Minuto Carne Moída, de que André Araújo também foi vencedor, é um festival de vídeos caseiros feitos só com celular ou câmeras amadoras. A intenção é mostrar que qualquer um pode roteirizar, atuar e produzir um filme. Claro que como em qualquer atividade, destaca-se quem faz melhor. Para os produtores do Festival Carne Moída, o mais importante é a experimentação na produção audiovisual, não importando as condições técnicas que serão utilizadas.
MAIS INFORMAÇÕES
"Eu quero fazer um filme", vídeo vencedor de festival
André Araújo: (88) 9408.4053andre.araujo013@gmail.com
NOVOS TALENTOS
Produção de audiovisual em ascensão
Diversos festivais no Vale do Jaguaribe tem contribuído para o crescimento do audiovisual
Limoeiro do Norte A quantidade de festivais de cinema e vídeo espalhados pelo País e a proximidade gerada pela Internet, mas não sem a criatividade e determinação, tem provocado uma verdadeira ascensão da atividade audiovisual na região do Vale do Jaguaribe. Com destaque para os Municípios de Aracati, Russas e Limoeiro do Norte.
Todos os anos é realizado em Aracati o Festival Latino-Americano de Curta Metragem (Curta Canoa), que foi um dos maiores incentivadores do cineclubismo na cidade e, depois, na produção audiovisual local. Hoje, Aracati conta com um Núcleo de Animação e já tem produtores locais participando com vídeos do tradicional Curta Canoa.
Destaque
É de Russas, a Associação Carnaubeira de Arte-Educação, que ultimamente tem se destacado pelo trabalho audiovisual. O trabalho mais recente é a "Feira da Fantasia", filme que traz Miúdo, um garoto de 10 anos, que mora na Chapada do Apodi, em Limoeiro do Norte, e se encantou com as histórias contadas pelo pai, seu Antônio, sobre a feira popular no Centro de Limoeiro. Depois de muitas recusas em deixar o filho acompanhá-lo nas compras na feira (foi lá que a mãe do menino morrera em acidente de trânsito), seu Antônio disse "vamos" para o menino que nem pensou duas vezes. Encantado e distraído com o universos de coisas e pessoas, e as estripulias dos artistas populares, Miúdo se perde do pai, que começa então uma busca desesperada. Recém-lançado, o filme já foi selecionado para concorrer nos festivais de cinema em Maringá, no Estado de São Paulo, Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis (Santa Catarina) e II Festival de Cinema Digital de Jericoacoara.
Também é de Russas parte da produção do curta-metragem de ficção "Doce de Coco". O filme foi gravado em Russas com direção do russano Allan Deberton, participação de atores também do Município e atrizes reconhecidas nacionalmente. Em agosto deste ano o filme participou do Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo (Curta Kinoforum).
Curta-metragem de ficção "Doce de Coco". O filme foi gravado no Município de Russas. Já participou de festivais como o internacional de Curtas-Metragens de São Paulo |
Também participou do Festival Aruanda do Audiovisual Brasileiro, na Paraíba, em dezembro; e foi um dos 23 selecionados, de 80 produções de todo o País, para participar do V Tudo Sobre Mulheres - Festival de Cinema Feminino de Chapada dos Guimarães, no Estado do Mato Grosso.
Evidência
O trabalho audiovisual é nascente, mas evidente, em jovens do Bairro Antônio Holanda, a popular "Cidade Alta", em Limoeiro do Norte. O documentário "O Dores" foi produzido por adolescentes da Associação Projeto Paz e União. A ideia foi aprovada para o edital Micro Projetos 2010 do Ministério da Cultura, também teve apoio do Instituto Nordeste Cidadania, Banco do Nordeste, Secretaria da Cultura de Limoeiro, Fundação Nacional de Artes e Governo do Estado. As filmagens aconteceram em 2010. De forma simples, mas consciente, este ótimo documentário chama à responsabilidade para importância do material reciclável, da instalação de um aterro sanitário, bem como a coleta seletiva do lixo.
No mês que vem acontece em Canoa Quebrada, na cidade de Aracati, a sétima edição do Festival Latino-Americano de Curta Metragem, o "Curta Canoa". Foram selecionados 19 filmes e 56 vídeos para essa edição. São, portanto, 75 produções de todo o País na Mostra Competitiva, que premiará com o troféu Lua Estrela. Das películas selecionadas, não há representante oficial cearense. Mas o curta "Doce de Coco", gravado no Ceará por equipe do Rio de Janeiro e dirigida pelo cearense Allan Deberton, é um do selecionados. Entre os vídeos, foram selecionadas as produções cearenses "A Bola", "Água Pra Que te Quero!", "Comunicando", "Interurbanos", "Babauparatodos", "8 Estações", "Tiago Pedro de Araújo Pereira" e, ainda, "Sucata de Plástico".
Mais informações
Festival Curta Canoa,
Canoa Quebrada
Município de Aracati
Telefone: (85) 3251.1105
Melquíades Júnior
Repórter
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