quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Orlando Silva pede demissão

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A decisão do STF de abrir um inquérito para investigar o caso, na avaliação do Planalto, agravou a situação do ministro.
O PCdoB deve continuar com a Pasta, os nomes mais cotados são: Luciana Santos (PE), Aldo Rebelo (SP) e Flávio Dino (MA)

Brasília. O ministro Orlando Silva (Esporte) confirmou ontem que deixou o cargo no governo. Ele pediu demissão após encontro com a presidente Dilma Rousseff no fim da tarde. Segundo ele, a saída foi uma medida para "salvar sua honra". "A melhor solução seria eu me afastar do governo", disse em entrevista coletiva na saída da reunião. Durante a entrevista, o ex-ministro disse que só responderia três perguntas porque precisava "bater parabéns" para Dona Vanda, sua mãe.

Segundo o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral), ao menos por enquanto o Ministério deve ser comandado por um interino. O secretário-executivo do Ministério do Esporte, Waldemar Manoel Silva de Souza, é quem deve ficar provisoriamente no cargo. Carvalho não revelou quem são os possíveis substitutos de Orlando, mas disse que o Ministério deve continuar sob o comando do PCdoB.

Acusações

Orlando é suspeito de participação num esquema de desvio de recursos do programa Segundo Tempo, que dá verba a ONGs para incentivar jovens a praticar esportes. A acusação foi feita à revista "Veja" pelo policial militar João Dias Ferreira.

Após pedido feito pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, na semana passada, o Supremo Tribunal Federal (STF) abriu um inquérito para investigar o caso.

Na avaliação do Planalto, a decisão do STF agravou a situação do ministro. "O PCdoB disse que respeita a decisão da presidente. Sabe que a decisão é da presidente, e o ministro Orlando Silva foi de uma maturidade política muito grande".

De acordo com Gilberto Carvalho, nas reuniões do governo com o presidente do PCdoB, Renato Rabelo, e com o próprio Orlando Silva, não se chegou a um acordo sobre o nome do novo titular para o Ministério do Esporte.

Na tarde de ontem, pouco depois do início da posse de Ana Arraes como ministra do Tribunal de Contas da União (TCU), as deputadas do PCdoB Perpétua Almeida (AC) e Luciana Santos (PE) deixaram o evento rumo a um encontro com a cúpula do partido. Luciana está entre os nomes cotados para assumir a Pasta - era a escolha de Dilma em dezembro para o Ministério. Também são cotados para o cargo o deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP) e o presidente da Embratur, Flávio Dino (PCdoB-MA).

Decisão rápida

Logo após a entrevista em que Orlando Silva anunciou sua saída do Ministério do Esporte, o presidente do partido, Renato Rabelo, declarou que a presidente Dilma Rousseff vai "resolver logo" a indicação do novo titular da Pasta.

"Quem vai decidir a substituição do ministro é a presidenta da República", disse o comunista, que não falou em nomes.

Rabelo também voltou a defender o partido, lembrando que faz parte da aliança petista desde a disputa presidencial de 1989, quando Luiz Inácio Lula da Silva perdeu a eleição para Fernando Collor. "O PCdoB é um partido que mantém uma relação de grande intimidade e grande identificado com a presidente e com os rumos desse governo. Não é um partido conjuntural, que caiu de paraquedas", disse.

O dirigente defendeu Orlando Silva. "O nosso ministro foi bombardeado com calúnias em uma montagem sórdida", disse.

Comemoração

Já a oposição comemorou a queda do ministro, defendeu a continuidade das investigações e criticou a postura de Dilma diante da crise na Pasta.

"O governo da presidente Dilma Rousseff já soma seis ministros que precisaram abandonar o cargo após suspeita de uso indevido dos recursos públicos. Um recorde, sem dúvida. Em nenhum dos episódios, entretanto, a limpeza nos ministérios foi de iniciativa da presidente. As acusações, primeiramente, saíram na imprensa. Apenas quando a situação política do titular da pasta ficou insustentável, o cargo era abandonado", diz nota do DEM.

Os democratas afirmam ainda que a saída do ministro não resolve a crise. "É preciso investigar até o fim, desmontar estruturas que estão corroídas há quase uma década e punir todos os envolvidos".

Já o deputado Roberto Freire (SP), presidente nacional do PPS, disse que Dilma paga por ser subalterna ao ex-presidente Lula. "A queda do ministro Orlando Silva é a demonstração cabal de dois aspectos profundamente negativos do governo Dilma: primeiro, é um Ministério feito à imagem e semelhança de Lula - e que ela subalternamente aceitou- e segundo, sua incapacidade de intervir para coibir malfeitorias". Freire destacou que Orlando caiu por causa do inquérito aberto contra ele e Agnelo Queiroz, governador do Distrito Federal e ex-ministro do Esporte, no STF. "O ministro não saiu por decisão da presidente; por ela, ele ainda continuaria lá, até porque recebeu dela total solidariedade, apoio e sustentação", concluiu.

Repercussão
"Quem vai decidir a substituição do ministro é a presidente da República"
Renato Rabelo
Presidente nacional do PC do B

"O ministro não saiu por decisão da presidente; por ela, ele continuaria lá"
Roberto Freire Presidente nacional do PPS
ANÁLISE DE CEARENSES
Queda de ministro não é surpreendente

Brasília.
A queda de Orlando Silva não surpreendeu e nem agradou a maioria dos políticos cearenses ouvidos pelo Diário do Nordeste. Já o governador Cid Gomes (PSB), que esteve ontem em Brasília para receber a Medalha Grande Oficial da Ordem ao Mérito Aeronáutico lamentou a saída de Silva do Esporte e disse esperar que o afastamento não prejudique os projetos da Copa do Mundo.

Pela manhã, antes da confirmação da saída do ministro, Cid Gomes disse estar extremamente satisfeito com o fato de Fortaleza ser a sede de três jogos da Copa das Confederações.

Para o senador Inácio Arruda (PCdoB), a demissão do ministro foi uma decisão correta articulada entre o partido e a própria presidente Dilma. "O ministro saiu de cabeça erguida para defender sua honra, que estava sendo ofendida de forma caluniosa", afirmou Inácio, que destacou a importância de Silva na articulação para a conquista da Copa do Mundo no Brasil.

O senador também elogiou a atitude de Dilma de decidir manter o comando do Esporte com o PCdoB. Segundo ele, o nome do novo titular da Pasta será decidido hoje de manhã em reunião do partido.

A deputada Gorete Pereira (PR) lamentou o julgamento de Orlando Silva sem prova. "Hoje quem bota e tira ministro é a ´Veja´. Eu acho um absurdo um ministro sair apenas com base em suspeitas", afirmou.

Para Danilo Forte (PMDB), a continuidade de Silva na Pasta, poderia prejudicar a Lei Geral da Copa e as diretrizes dos programas. "No fundo, mais esta saída demonstra a fraqueza da representação política junto ao Poder Executivo", afirmou o peemedebista.

O coordenador da bancada Cearense no Congresso, deputado Arnon Bezerra (PTB), avaliou que a demissão de Orlando foi uma atitude certa. Ele disse ter apreço pessoal pelo ex-ministro e espera que sua saída não atrase os projetos da Copa.

Para o deputado Domingos Neto (PSB), a decisão do PCdoB teve como principal objetivo deixar a presidente Dilma confortável. "Sua permanência poderia criar um mal estar para todo o governo", avaliou.

ANE FURTADOSUCURSAL

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