Roberto Cadengue, gerente do Projeto Tabuleiros de Russas, mostra ao ministro Fernando Bezerra e ao governador Cid Gomes, detalhes do Perímetro Irrigado Tabuleiro de Russas KID JÚNIOR |
Em ação de parceria, Governo Federal pretende transferir a gestão dos perímetros irrigados para empresas
Russas. Os projetos de irrigação vão ter um novo reforço federal, especialmente para resolver os principais entraves dos perímetros irrigados brasileiros: falta de financiamento e ociosidade de terras e de infraestrutura. Na visita de ontem aos perímetro irrigados Tabuleiros de Russas e Jaguaribe-Apodi, no Vale do Jaguaribe, o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, ouviu e viu as demandas dos produtores rurais e anunciou mudanças ainda para este ano. Até o fim do mês a presidente Dilma Roussef vai anunciar um "programa de irrigação do semiárido brasileiro". Será uma espécie de "PAC da Irrigação". O Governo pretende, em parceria, transferir a gestão dos perímetros irrigados para empresas. Ontem, em Fortaleza, o ministro assinou com o governador Cid Gomes o protocolo de intenção de construção do cinturão das águas, que vai ampliar a irrigação, considerando também o abastecimento humano e, de forma ambiciosa, estender as fronteiras agrícolas. Quando decidiu criar a Secretaria Nacional de Irrigação, o ministro Fernando Bezerra deu um importante passo para o que ele próprio define como a bandeira de seu ministério: a universalização dos recursos hídricos. "É dessa forma que vamos resolver o abastecimento humano e, ao mesmo tempo, ampliar o recurso hídrico para novos perímetros, mas isso associado a uma estratégia de redução do consumo de água nos distritos irrigados existentes", afirma. Dessa forma, os perímetros antigos deverão receber um novo sistema de irrigação, como ocorreu no perímetro irrigado Mandacaru, na Bahia, cujo sistema de gotejamento reduziu em 40% o consumo de energia e 50% no consumo de água. A energia, conforme aponta o ministro, é o principal gargalo dos produtores irrigados.
Potencial agrícola
Mas a visita ao Projeto Irrigado Tabuleiros de Russas, que abrange os Municípios de Russas, Limoeiro do Norte e Morada Nova, foi para entender o potencial agrícola da área que se propõe a ser o maior polo fruticultor do Nordeste Setentrional (Ceará e Estados vizinhos). "O nosso grande problema é a falta de crédito, de linha de financiamento dos bancos junto ao pequeno produtor, porque o grande produtor tem como dar garantias e fazer empréstimos milionários", afirma Roberto Cadengue, gerente administrativo do Tabuleiros de Russas. Na prática, o projeto irrigado é feito para pequenos, médios e grandes produtores, mas principalmente estes conseguem usufruir mais rapidamente as terras que compram.
A cada ano aumenta a uma média de 20% o tamanho das áreas irrigadas no Tabuleiros de Russas. Mas ainda falta muito para que se alcance os 14.600ha de área produzida (só na primeira etapa) - hoje são pouco mais de três mil hectares irrigando e produzindo. São 584 produtores cadastrados, a quase totalidade tem suas escrituras de terra (nos perímetros antigos isso demora décadas), mas somente metade está efetivamente produzindo. "O que falta para quem tem terra, mas não está trabalhando passar a atuar ou então sair da área?", indagou o ministro, que já sabia da resposta: "falta linha de crédito, ministro", apontou o gerente Roberto Cadengue. O produtor sabe a diferença que faz o financiamento. O Perímetro Irrigado Tabuleiros de Russas saltou de 678 hectares produzidos, em 2006, para 4.143, na estimativa de dezembro deste ano. A expectativa de 2011 é bater o recorde de 46 mil toneladas de frutas produzidas e abastecendo mercados interno e externo.
Outro entrave do perímetro é a falta de assistência técnica para "os pequenos". Ao ouvir dos produtores que a Ematerce (que tem um programa de assistência rural) não está no perímetro, o governador Cid Gomes se comprometeu a analisar a possibilidade de oferecer bolsas de assistência técnica rural para o Tabuleiros de Russas. "Mas veja bem, vamos analisar, eu só me comprometo com uma coisa após saber quanto custa", alertou aos produtores.
O ministro Fernando Bezerra, na sua quarta visita ao Ceará nos dez primeiros meses do Governo Dilma, diz que o erro dos projetos antigos não serão repetidos. "Ou seja, vamos facilitar a linha de crédito, ampliar a assistência rural, mas será uma nova política de irrigação, mas não posso me antecipar à presidenta Dilma", afirmou. De acordo com o próprio Ministério, o Brasil tem cerca de 340 mil hectares de perímetro irrigado, dos quais somente 200 mil são efetivamente produzidos. "Nos outros 140 mil a estratégia é que seja administrado por parceria público-privada. Empresas agrícolas substituiriam a gerencia estatal". Enquanto isso, serão definidas as "ancoras agrícolas", ver que cultura cada perímetro pode melhor produzir e dar uma prioridade. O ministro discorda do livre arbítrio agrícola do perímetro Tabuleiros de Russas. "Não basta produzir qualquer coisa, deve haver uma estratégia coletiva", afirmou.
Melhoramento
340 mil hectares, aproximadamente, compreendem as áreas de perímetros irrigados existentes no Brasil. Porém, só 200 mil produzem. Governo busca nas parcerias melhorar quadro
MAIS INFORMAÇÕES
governo do Estado do Ceará
http://www.ceara.gov.br
Ministério da Integração
http://www.integracao.gov.br/
Melquíades JúniorRepórter
CINTURÃO DAS ÁGUAS
Construção é estratégica para a demanda por água
O Canal da Integração é o projeto que se encontra mais avançado no atendimento da demanda por água
Fortaleza. "O Cinturão das Águas é uma das estratégias de abastecimento de comunidades. É uma das ferramentas de integração do Rio São Francisco, principalmente no Sul do Ceará, onde sabemos que há deficiência na recarga de água subterrânea", afirmou Ramon Rodrigues, secretário Nacional de Irrigação.
O projeto envolverá todo o Estado, por meio de um conjunto de canais e adutoras, com extensão de três mil quilômetros, para dar segurança hídrica à 92% da população cearense.
Recursos
O investimento total da obra previsto é de R$ 7 bilhões, sendo que os recursos para o primeiro trecho (estimado em R$ 1,3 bilhão) estão assegurados no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
O Cinturão será formado por um canal principal que margeará a Chapada do Cariri, aproximadamente no sentido leste-oeste, para depois, com diretriz sul-norte, atravessar as bacias do Alto Jaguaribe e Poti-Parnaíba, atingindo a Bacia do Acaraú, totalizando cerca de 545 quilômetros.
Enquanto isso, até o começo de 2012, o Governo do Estado espera concluir as cinco fases do Canal da Integração. O projeto, que já tem quatro fases já concluídas, sendo três inauguradas, visa a abastecimento Fortaleza e Região Metropolitana.
A quarta etapa deverá ser inaugurada pela presidente Dilma Rousseff, em data ainda a ser marcada. Já a quinta etapa, está com mais de 60% das obras concluídas.
Segundo informou o titular da Secretaria de Recursos Hídricos (SRH), César Augusto Pinheiro, esse é o projeto mais avançado no atendimento das demandas de abastecimento de água para o Ceará, voltadas para Fortaleza e Municípios da Região Metropolitana.
Ao todo, o projeto está orçado em R$ 1,1 bilhão, com recursos dos governos Federal e do Estado e do Banco Mundial. A primeira fase consistiu em ligar o Açude do Castanhão até o Açude Sítios Novos; a segunda liga o Açude Sítios Novos à Serra do Félix; a terceira, da Serra do Félix até o Açude Pacajus; a quarta, do Açude Pacajus até o Gavião, e a quinta, do Gavião até o Complexo Portuário do Pecém, perfazendo um total de 255 quilômetros.
De acordo com César Augusto, o principal impacto dessa obra é que atuará não apenas no abastecimento humano, como ainda favorecerá a irrigação e a indústria, particularmente instalada no complexo do Pecém, no litoral Oeste do Ceará.
Reforço
"É um canal que escorre em boa parte de seu percurso a céu aberto, à exceção de alguns sifões e alguns canais sob o solo. Mesmo assim, o índice de evaporação será mínimo", assegurou o titular da SRH. Ele acredita que será um instrumento auxiliar valioso para a implementação do Cinturão das Águas.
MARCUS PEIXOTORepórter
Russas. Os projetos de irrigação vão ter um novo reforço federal, especialmente para resolver os principais entraves dos perímetros irrigados brasileiros: falta de financiamento e ociosidade de terras e de infraestrutura. Na visita de ontem aos perímetro irrigados Tabuleiros de Russas e Jaguaribe-Apodi, no Vale do Jaguaribe, o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, ouviu e viu as demandas dos produtores rurais e anunciou mudanças ainda para este ano. Até o fim do mês a presidente Dilma Roussef vai anunciar um "programa de irrigação do semiárido brasileiro". Será uma espécie de "PAC da Irrigação". O Governo pretende, em parceria, transferir a gestão dos perímetros irrigados para empresas. Ontem, em Fortaleza, o ministro assinou com o governador Cid Gomes o protocolo de intenção de construção do cinturão das águas, que vai ampliar a irrigação, considerando também o abastecimento humano e, de forma ambiciosa, estender as fronteiras agrícolas. Quando decidiu criar a Secretaria Nacional de Irrigação, o ministro Fernando Bezerra deu um importante passo para o que ele próprio define como a bandeira de seu ministério: a universalização dos recursos hídricos. "É dessa forma que vamos resolver o abastecimento humano e, ao mesmo tempo, ampliar o recurso hídrico para novos perímetros, mas isso associado a uma estratégia de redução do consumo de água nos distritos irrigados existentes", afirma. Dessa forma, os perímetros antigos deverão receber um novo sistema de irrigação, como ocorreu no perímetro irrigado Mandacaru, na Bahia, cujo sistema de gotejamento reduziu em 40% o consumo de energia e 50% no consumo de água. A energia, conforme aponta o ministro, é o principal gargalo dos produtores irrigados.
Potencial agrícola
Mas a visita ao Projeto Irrigado Tabuleiros de Russas, que abrange os Municípios de Russas, Limoeiro do Norte e Morada Nova, foi para entender o potencial agrícola da área que se propõe a ser o maior polo fruticultor do Nordeste Setentrional (Ceará e Estados vizinhos). "O nosso grande problema é a falta de crédito, de linha de financiamento dos bancos junto ao pequeno produtor, porque o grande produtor tem como dar garantias e fazer empréstimos milionários", afirma Roberto Cadengue, gerente administrativo do Tabuleiros de Russas. Na prática, o projeto irrigado é feito para pequenos, médios e grandes produtores, mas principalmente estes conseguem usufruir mais rapidamente as terras que compram.
A cada ano aumenta a uma média de 20% o tamanho das áreas irrigadas no Tabuleiros de Russas. Mas ainda falta muito para que se alcance os 14.600ha de área produzida (só na primeira etapa) - hoje são pouco mais de três mil hectares irrigando e produzindo. São 584 produtores cadastrados, a quase totalidade tem suas escrituras de terra (nos perímetros antigos isso demora décadas), mas somente metade está efetivamente produzindo. "O que falta para quem tem terra, mas não está trabalhando passar a atuar ou então sair da área?", indagou o ministro, que já sabia da resposta: "falta linha de crédito, ministro", apontou o gerente Roberto Cadengue. O produtor sabe a diferença que faz o financiamento. O Perímetro Irrigado Tabuleiros de Russas saltou de 678 hectares produzidos, em 2006, para 4.143, na estimativa de dezembro deste ano. A expectativa de 2011 é bater o recorde de 46 mil toneladas de frutas produzidas e abastecendo mercados interno e externo.
Outro entrave do perímetro é a falta de assistência técnica para "os pequenos". Ao ouvir dos produtores que a Ematerce (que tem um programa de assistência rural) não está no perímetro, o governador Cid Gomes se comprometeu a analisar a possibilidade de oferecer bolsas de assistência técnica rural para o Tabuleiros de Russas. "Mas veja bem, vamos analisar, eu só me comprometo com uma coisa após saber quanto custa", alertou aos produtores.
O ministro Fernando Bezerra, na sua quarta visita ao Ceará nos dez primeiros meses do Governo Dilma, diz que o erro dos projetos antigos não serão repetidos. "Ou seja, vamos facilitar a linha de crédito, ampliar a assistência rural, mas será uma nova política de irrigação, mas não posso me antecipar à presidenta Dilma", afirmou. De acordo com o próprio Ministério, o Brasil tem cerca de 340 mil hectares de perímetro irrigado, dos quais somente 200 mil são efetivamente produzidos. "Nos outros 140 mil a estratégia é que seja administrado por parceria público-privada. Empresas agrícolas substituiriam a gerencia estatal". Enquanto isso, serão definidas as "ancoras agrícolas", ver que cultura cada perímetro pode melhor produzir e dar uma prioridade. O ministro discorda do livre arbítrio agrícola do perímetro Tabuleiros de Russas. "Não basta produzir qualquer coisa, deve haver uma estratégia coletiva", afirmou.
Melhoramento
340 mil hectares, aproximadamente, compreendem as áreas de perímetros irrigados existentes no Brasil. Porém, só 200 mil produzem. Governo busca nas parcerias melhorar quadro
MAIS INFORMAÇÕES
governo do Estado do Ceará
http://www.ceara.gov.br
Ministério da Integração
http://www.integracao.gov.br/
Melquíades JúniorRepórter
CINTURÃO DAS ÁGUAS
Construção é estratégica para a demanda por água
O Canal da Integração é o projeto que se encontra mais avançado no atendimento da demanda por água
Fortaleza. "O Cinturão das Águas é uma das estratégias de abastecimento de comunidades. É uma das ferramentas de integração do Rio São Francisco, principalmente no Sul do Ceará, onde sabemos que há deficiência na recarga de água subterrânea", afirmou Ramon Rodrigues, secretário Nacional de Irrigação.
O projeto envolverá todo o Estado, por meio de um conjunto de canais e adutoras, com extensão de três mil quilômetros, para dar segurança hídrica à 92% da população cearense.
Recursos
O investimento total da obra previsto é de R$ 7 bilhões, sendo que os recursos para o primeiro trecho (estimado em R$ 1,3 bilhão) estão assegurados no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
O Cinturão será formado por um canal principal que margeará a Chapada do Cariri, aproximadamente no sentido leste-oeste, para depois, com diretriz sul-norte, atravessar as bacias do Alto Jaguaribe e Poti-Parnaíba, atingindo a Bacia do Acaraú, totalizando cerca de 545 quilômetros.
Enquanto isso, até o começo de 2012, o Governo do Estado espera concluir as cinco fases do Canal da Integração. O projeto, que já tem quatro fases já concluídas, sendo três inauguradas, visa a abastecimento Fortaleza e Região Metropolitana.
A quarta etapa deverá ser inaugurada pela presidente Dilma Rousseff, em data ainda a ser marcada. Já a quinta etapa, está com mais de 60% das obras concluídas.
Segundo informou o titular da Secretaria de Recursos Hídricos (SRH), César Augusto Pinheiro, esse é o projeto mais avançado no atendimento das demandas de abastecimento de água para o Ceará, voltadas para Fortaleza e Municípios da Região Metropolitana.
Ao todo, o projeto está orçado em R$ 1,1 bilhão, com recursos dos governos Federal e do Estado e do Banco Mundial. A primeira fase consistiu em ligar o Açude do Castanhão até o Açude Sítios Novos; a segunda liga o Açude Sítios Novos à Serra do Félix; a terceira, da Serra do Félix até o Açude Pacajus; a quarta, do Açude Pacajus até o Gavião, e a quinta, do Gavião até o Complexo Portuário do Pecém, perfazendo um total de 255 quilômetros.
De acordo com César Augusto, o principal impacto dessa obra é que atuará não apenas no abastecimento humano, como ainda favorecerá a irrigação e a indústria, particularmente instalada no complexo do Pecém, no litoral Oeste do Ceará.
Reforço
"É um canal que escorre em boa parte de seu percurso a céu aberto, à exceção de alguns sifões e alguns canais sob o solo. Mesmo assim, o índice de evaporação será mínimo", assegurou o titular da SRH. Ele acredita que será um instrumento auxiliar valioso para a implementação do Cinturão das Águas.
MARCUS PEIXOTORepórter
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