sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Campanha pede fim de esmolas

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O vício dos pais em álcool e drogas e a violência doméstica são alguns motivos que levam crianças a saírem de casa
KIKO SILVA
Ministério Público realiza ação que pede para as pessoas não darem dinheiro a crianças e adolescentes
Sustentar a família, alimentar o vício dos pais ou mesmo "bater a meta" de R$ 5 para fumar uma pedra de crack. São situações perversas que pesam sobre a vida de crianças e adolescentes que pedem esmola nas ruas. Pessoas que, ao invés de protegidas dos perigos, são expostas desde cedo aos riscos de um meio urbano insensível à sua existência. Para romper o ciclo que alimenta esta situação, o Ministério Público do Estado realiza mais uma etapa da campanha "Não dê esmola à criança em situação de rua". A ação acontece no próximo dia 5, na Escola Delma Hermínia da Silva Pereira, no bairro Jangurussu.

Dados da I Pesquisa Censitária Nacional sobre Crianças e Adolescentes em Situação de Rua revelam que, no Brasil, 29,5% dos entrevistados têm a esmola como principal fonte de obtenção de dinheiro. Perde apenas para a venda de produtos de baixo custo, praticada por 39,4% deles.

Quem pede esmola afirma que alcoolismo e drogas (60%), brigas com a família (56,4%), conflitos com vizinhos (55,5%) e violência doméstica (54,8%) são os principais fatores que os levam a sair de casa.

Mas apenas a recusa da esmola é suficiente para combater o problema? Para o coordenador executivo da ONG O Pequeno Nazareno, Manoel Torquato, a situação das crianças e adolescentes em situação de mendicância deve ser tratada pelas políticas públicas levando em conta a grande complexidade.

Perfis
Segundo ele, as pesquisas apontam três perfis principais da criança e adolescente nessa situação. O primeiro tipo é a criança que vai para a rua com os pais ou outro adulto, em que a esmola é destinada ao sustento da família. "Eles conhecem o apelo que a fragilidade de uma criança provoca e aproveitam isso", analisa Torquato.

O segundo perfil é o da criança que vai às ruas sozinha e é obrigada a mendigar, ou para ajudar na renda familiar ou para manter o vício em álcool e drogas dos pais. Para o coordenador, esta é uma situação mais perversa. "Porque quando a criança não consegue o dinheiro, acabam sofrendo todo tipo de violência".

Já a terceira situação envolve o adolescente, que acaba se tornando vendedor ambulante ou oferecendo pequenos serviços na rua. Para eles, a esmola deixa de ser uma alternativa viável, já que não contam mais com a empatia que tinham dos transeuntes na primeira infância.

Na etapa da campanha a ser realizada no Jangurussu, haverá emissão de documentos, serviços de saúde, assistência social, orientação jurídica, além de atividades de lazer para as crianças e suas famílias.

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